segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Angola/África condena ingerências

7 dezembro 2015, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Os países de África e a China apelaram sábado, no fim da cimeira conjunta em Joanesburgo, à resolução dos conflitos no continente pelos próprios africanos e denunciaram abertamente as ingerências externas.

Na declaração final da II Cimeira África-China, que terminou sábado em Joanesburgo, as duas partes afirmaram-se “determinadas” em procurar formas pacíficas para resolver os conflitos no continente, que passarão sobretudo pela base de “soluções africanas para problemas africanos”.

O Presidente da África do Sul e anfitrião da Cimeira, Jacob Zuma, saudou o “apoio forte e sem ambiguidade” do homólogo chinês, Xi Jinping, em relação à posição da União Africana (UA) sobre a questão da segurança, que
passa por soluções africanas.

Na sexta-feira, na abertura da cimeira, Xi Jinping prometeu uma ajuda sem contrapartidas de 60 milhões de dólares à UA, verba destinada sobretudo às operações de manutenção de paz.

No mesmo dia, o Presidente chinês defendeu o reforço da cooperação entre os dois blocos e anunciou o empenhamento de Pequim em conceder 60 mil milhões de dólares em empréstimos e ajuda ao continente para os próximos três anos.

O facto de a cimeira se realizar pela primeira vez em África - a primeira decorreu em 2006 em Pequim - foi destacado durante os trabalhos, que juntaram 48 chefes de Estado e de Governo em Joanesburgo, entre os quais o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que um dia antes do encontro alargado reuniu com o seu homólogo chinês para analisar a cooperação bilateral.

“A relação entre África e China não é nova, é uma relação de longa data, baseada numa história de solidariedade desde que combatemos o colonialismo e o apartheid”, salientou o Presidente sul-africano.

A parceria sino-africana, realçou, beneficia as duas partes, acentuou, por seu lado, o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, que resumiu desta forma uma posição largamente partilhada pela maioria dos chefes de Estado africanos.”Há essa retórica errada segundo a qual a China está unicamente interessada nos recursos naturais” de África, acrescentou Kenyatta à cadeia de televisão sul-africana SABC.

“Que fizeram os colonizadores? Eles pilharam. E temos agora aqui a China, que está a trabalhar em conjunto connosco, para ajudar os países a saírem da pobreza. Isso não é ser colonizador, isso é parceria”, sustentou. Mais longe foi o seu homólogo zimbabweano, Robert Mugabe, também presente na cimeira, ao considerar  “uma tolice” as acusações de que a China explora África.

“A China jamais colonizou África ou qualquer outra parte do mundo. São eles (os do Ocidente) que pilharam África e que continuam a fazê-lo”, afirmou Mugabe, realçando tratar-se de uma relação em que as duas partes ganham. “A China propôs uma parceria ‘win-win’ a África”, concluiu Mugabe.

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