quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Angola/Política de quadros valoriza os nacionais

10 dezembro 2015,Jornalde Angola  http://jornaldeangola.sapo.ao(Angola)

Josina de Carvalho, Victorino Joaquim , Ana Paulo e Cláudia Muhatili

O MPLA defende uma política de quadros orientada para o fim da discriminação de salários entre cidadãos nacionais e estrangeiros com o mesmo nível de qualificação e de responsabilidade, afirmou ontem em Luanda o vice-presidente do partido, Roberto de Almeida.

Roberto de Almeida disse que a política de quadros do MPLA tem como base a defesa e valorização dos quadros nacionais, com vista a garantir que a colocação, remuneração e formação se processe de acordo com as capacidades técnico-profissionais e por mérito.

O político presidia à abertura do primeiro Encontro Nacional de Quadros do MPLA depois da Independência, sob o lema “Gestão de quadros no contexto do desenvolvimento social e económico”.
 
Para que este objectivo seja concretizado,
referiu, o MPLA estimula a implementação de um sistema de avaliação periódica de quadros como instrumento de gestão indispensável à apreciação do desempenho na função exercida, tendo por base critérios objectivos.
 
Na implementação da política de quadros, Roberto de Almeida considera que o partido deve promover a nível do aparelho do Estado a igualdade de direitos e obrigações e a equidade de oportunidades para todos os quadros nacionais, independentemente da sua condição política, crença religiosa ou opção ideológica, combatendo todas as formas de discriminação.
  
Além disso, o MPLA deve dispor de militantes dotados de competências para o trabalho político junto das comunidades, contribuir para a resolução dos múltiplos e complexos problemas económicos, sociais e culturais, e aumentar a sua capacidade de relacionação e interacção com o povo, adoptando sempre posições proactivas.
 
“Podemos concluir que os quadros constituem um recurso crucial para o bom desempenho do partido, tendo como linha de conta que, no actual contexto, o factor diferenciador entre os partidos políticos já não reside unicamente nos seus programas, nos seus militantes e na forma como desempenham o seu trabalho político”, declarou.

O vice-presidente do MPLA explicou que o partido necessita de quadros qualificados, dotados de capacidade de criação, inovação e aprendizagem constante, para fazer a diferença em relação aos seus adversários e melhor servir o povo. 

Castigo aos quadros
O vice-presidente do MPLA disse que os quadros cuja conduta tenha sido danosa ou prejudicado o bom nome do partido não devem ser nomeados para novas funções. Roberto de Almeida acrescentou que quadros que não tenham tido bom desempenho em funções anteriores devem merecer a mesma sanção.

Roberto de Almeida defendeu o acompanhamento dos quadros, dando condições de trabalho, formação, superação, equidade, igualdade de oportunidades e tratamento. Esses quadros devem ainda merecer prioridade absoluta na selecção, colocação e promoção.
 
Na cerimónia de abertura, o segundo-secretário da JMPLA, Francisco Chitapa, defendeu o reforço do investimento na formação de quadros, particularmente da juventude, para que possam contribuir no processo de desenvolvimento socioeconómico do país.

“A JMPLA continua a apoiar iniciativas do partido e do Executivo que visam o acesso dos jovens ao emprego produtivo, qualificado e remunerado e ocupar os jovens em actividades socialmente úteis para a paz, o desenvolvimento e o progresso social”, disse Francisco Chitapa.

No Encontro Nacional de Quadros do MPLA, que termina hoje com a participação de cerca de 1.600 delegados,  são abordados  temas como “A estratégia do MPLA sobre a política de quadros”, “Planeamento estratégico de quadros”, “Gestão dos quadros na Administração Pública”, “Plano Nacional de Formação de Quadros (PNFQ) como instrumento de desenvolvimento do capital humano” e “Promoção da empregabilidade das vocações”.

Trajectória do MPLA
Na terça-feira, o secretário-geral do MPLA apelou à JMPLA, como líder das organizações juvenis, a assumir a responsabilidade de continuar e garantir a vitória do MPLA nos desafios do futuro, de modo a permitir que o partido continue na vanguarda do povo angolano.

Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, que discursou na abertura de um colóquio sobre a trajectória política do MPLA, em saudação ao 59.º aniversário da fundação do partido no poder, promovido pelo Secretariado Nacional da JMPLA, disse que em toda a trajectória de luta do MPLA a juventude angolana sempre desempenhou um papel relevante.

“No contexto actual, a juventude é a força motriz para o desenvolvimento sustentável do nosso país”, acrescentou. Falar da trajectória política do MPLA, frisou, é estabelecer uma relação com a história recente de Angola, sobretudo a partir da Luta de Libertação e autodeterminação, marcada pelo surgimento do nacionalismo angolano na década de 40 e 50 do século XX.
Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” lembrou que o MPLA foi fundado em 1956 como um movimento amplo, fruto da necessidade de uma melhor organização e aglutinação dos angolanos na luta pela Independência Nacional.

Novos desafios

Durante o Colóquio foram apresentados o tema “Novos desafios para a construção da identidade nacional”, dissertado pelo secretário de Estado da Cultura, Cornélio Caley, e o docente universitário Alberto Cafussa falou sobre o tema “MPLA, da democracia multipartidária à consolidação da paz”.

Cornélio Caley explicou que a identidade surge quando o homem nasce, começa na sua casa, na rua, no seio dos seus amigos, na escola, no grupo étnico a que pertence, a língua materna que fala, a religião que professa, a posição social que vai assumindo. “Mas estas identidades são imutáveis e podem servir para afastar, como podem servir para unir o homem”.

O secretário de Estado destacou que a identidade nacional são todos os traços que no geral identificam o país e “o primeiro factor de unidade da identidade foi a resistência à repressão colonial”.

Cornélio Caley apelou aos jovens a não aderirem, sob influência de países europeus, à prática de actos que põem em causa a paz, a democracia e a tranquilidade pública e argumentou que “muitos  países levaram longos anos para se  organizarem como hoje estão”.
O docente universitário Alberto Cafussa, que falou sobre o tema “MPLA, da democracia multipartidária à consolidação da paz”, afirmou que os jovens devem colocar os interesses da Pátria acima dos interesses pessoais  e deu ênfase também à capacidade do MPLA em promover a reconciliação nacional.

No  entender de Alberto Cafussa, o preceito “Um só povo, uma só nação”, eternizado no Hino Nacional, constituiu, ao longo dos 40 anos, a matriz para a construção de uma sociedade inclusiva, onde não haja distinção entre negros, brancos ou mestiços, ou outras raças. “Este ideal impera ainda hoje nas Forças Armadas , na Administração Pública e no ensino”, concluiu.

Mulher na luta de libertação 
A  participação activa  das mulheres angolanas na luta de libertação nacional, conquista da independência e consolidação da paz foi ontem destacada  pelo membro do bureau político do MPLA António dos Santos França “Ndalu”.

Ao discursar na conferência sobre o papel da mulher na história do MPLA, que decorreu em alusão ao 59.º aniversário da fundação desta organização política, França Ndalu indicou que o exemplo de luta das mulheres angolanas deve ser seguido pela juventude. Em relação às guerrilheiras que participaram de forma activa na luta de libertação nacional, França Ndalu apontou os nomes de Deolinda Rodrigues, Irene Cohen, Engrácia dos Santos, Teresa Afonso e Lucrécia Paím. “A coragem e bravura demonstrada por estas heroínas vai estar sempre gravada nas nossas memórias”, afirmou França Ndalu.

A secretária nacional da Organização da Mulher Angolana, Luzia Inglês, disse que Angola deve dignificar e homenagear sempre as “mulheres revolucionárias” que lutaram para que o país fosse hoje livre e independente. “O colóquio, que visa tornar mais dinâmicas as estruturas da OMA, assume particular significado porque decorre no quadro do processo orgânico em curso”, disse.

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