30 julho 2014, Jornal
de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
O presidente do Banco
Africano de Desenvolvimento (BAD) esteve em Angola para assinar um acordo com o
Ministério das Finanças que permite injectar na economia 100 mil milhões de
kwanzas, nas áreas dos transportes, energia e construção.
Este é um passo importante para estabelecer uma
"parceria estratégica" entre o BAD e o Executivo, que vai permitir
ampliar e reforçar as infra-estruturas que criam riqueza no nosso país mas
também na região, particularmente nos países que não têm acesso ao mar.
O “Tratado de Loanda", de 1927, assinado entre Portugal e a Bélgica, traçou definitivamente as fronteiras Leste e Norte de Angola mas além disso garantiu
O Caminho-de-Ferro de Benguela, cujas obras começaram em 1899 sob a gestão do magnata Cecil Rhodes, é particularmente referido no “Tratado de Loanda", porque o canal ferroviário tinha um papel vital na economia transfronteiriça. Já sob gestão de Robert Williams, a via-férrea ficou parada alguns anos à espera da definição da fronteira. Só quando a “Bota do Dilolo" (inclui o saliente do Cazombo) foi integrada em Angola as obras recomeçaram e o comboio chegou ao Luau. Em 1931, o Porto do Lobito recebeu o primeiro carregamento de cobre das minas do Catanga. Estava aberto o “Corredor do Lobito". Estes acontecimentos ocorreram há 87 anos, menos de um século. O "Corredor do Lobito" tem hoje grande valor estratégico para o desenvolvimento nacional e regional, sobretudo a República Democrática do Congo e a Zâmbia. Numa perspectiva mais ousada, toda a África Austral ganha com nós de amarração às infra-estruturas de Angola, particularmente ao CFB e ao Porto do Lobito, que tem um protagonismo cada vez maior na economia nacional e continental.
Donald Kaberruka, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, quer a instituição envolvida nesta parceria estratégica que tem potencial para desenvolver as economias continentais, mesmo para além da primeira circular que inclui a RDC e a Zâmbia. A sua estada em Luanda e o acordo assinado com o Ministério das Finanças são os primeiros passos para a promoção e concretização de políticas transfronteiriças, regionais e continentais.
A economia angolana tem nestas circunstâncias um novo espaço de crescimento, através de actividades empresariais que criam muitos postos de trabalho especializados e indiferenciados. Zonas desertificadas e deprimidas economicamente podem ganhar um grande impulso com o desenvolvimento de actividades transfronteiriças nas áreas de influência do “Corredor do Lobito".
A assinatura do acordo entre o ministro Armando Manuel e o presidente do BAD representa muito mais do que a libertação de 100 mil milhões de kwanzas para os transportes, energia e construção. É o primeiro passo no sentido de uma globalização em que todos ganham. Há muito que especialistas defendem a criação de uma rede de distribuição regional de combustíveis, liderada pela Sonangol. Os países que fazem fronteira com Angola, sobretudo as áreas fronteiriças, ganham com essa infra-estrutura o acesso à energia a preços competitivos. As trocas comerciais, as actividades industriais e os transportes transfronteiriços ganham uma expressão económica elevada que vai ter repercussão na criação de empregos e na melhoria de vida das populações. Esta é uma forma positiva de combater a imigração ilegal. Ninguém sai da sua terra se lá tiver condições de vida.
O ministro Armando Manuel e o presidente do BAD, Donald Kaberruka, deram um grande impulso para Angola melhorar e ampliar as suas infra-estruturas no sentido de catapultar toda a região para elevados patamares de crescimento económico e criação de empregos. Investir no “Corredor do Lobito" é garantir às gerações vindouras mais trabalho e mais riqueza. Num mundo deprimido e a braços com a crise financeira, este quadro representa a certeza de uma vida melhor, a curto prazo, para milhões de angolanos mas também para os povos dos países com quem Angola faz fronteira.
A relação estratégica que está a ser desenhada entre o BAD e Angola tem contornos nacionais e internacionais e os seus frutos vão ultrapassar largamente as nossas fronteiras. Assim haja capacidade para reforçar as relações económicas e políticas com os nossos vizinhos. Juntos e no respeito pelas diferenças, vamos ser seguramente mais fortes. Neste contexto, a diplomacia económica tem também uma importante palavra a dizer. A Reconstrução Nacional começa a ter cada vez mais impacto regional e continental.
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