28 julho 2014, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil Edição: Luana Lourenço
São Paulo -- Um manifesto com mais de 80 assinaturas de
organizações da sociedade civil e de ativistas políticos pede ao governo
brasileiro medidas mais enérgicas em relação a Israel como forma de sanção
pelos ataques à Faixa de Gaza. O documento, protocolado no escritório da
Presidência da República em São Paulo no dia 25, é encabeçado pelo movimento
Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) e pede o rompimento imediato das
relações militares, comerciais e diplomáticas com Israel. As entidades cobram
também o fim do Acordo de Livre Comércio do Mercosul com o país e de contratos
com empresas israelenses.
No texto, as entidades lembram que os ataques iniciados por Israel
no início deste mês já
resultaram na morte de mais de 600 palestinos (o número
já passa de mil), sendo a maioria civis, 3 mil feridos e 40 mil desabrigados.
“É imperativo, nesse sentido, isolar militar, econômica e politicamente Israel.
Não se trata apenas de um dever moral do Estado brasileiro, mas também de uma obrigação
jurídica”, assinala o manifesto.
As organizações que assinam o documento destacam que a Corte
Internacional de Justiça (CIJ) considerou ilegal a construção de um muro por
Israel na Cisjordânia. O manifesto lembra ainda o apelo internacional de ganhadores
do Nobel da Paz e acadêmicos para que os países assumam um embargo militar a
Israel.
“Na contramão disto, lamentavelmente, o Brasil permanece o quarto
maior importador de tecnologia militar israelense no mundo”, criticam os
signatários. Um dos contratos, segundo o manifesto, é mantido com a Elbit
Systems, através de subsidiárias. A empresa israelense é responsável pela
construção de veículos aéreos não tripulados que são usados nos ataques a Gaza.
Além disso, é uma das 12 companhias envolvidas na construção do “muro
do apartheid”, de acordo com o manifesto. Para as entidades, os palestinos
se tornaram “verdadeiros laboratórios humanos das armas vendidas depois para o
Brasil e o mundo”.
Em relação ao Acordo de Livre Comércio entre o Mercosul e Israel,
as organizações lembram que ele já foi suspenso temporariamente em julho de
2006, quando ocorreu o ataque israelense ao Líbano e a Gaza. Elas pedem,
portanto, a suspensão do acordo por tempo indeterminado ou até que o país
cumpra as leis internacionais. Por fim, as entidades pedem a condenação pública
das prisões políticas, do tratamento desumano aos prisioneiros e a libertação
imediata de todos os presos políticos palestinos.
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