29 julho 2014, ODiario.info http://www.odiario.info
(Portugal)
Este texto data de Março deste ano. Não só não perdeu
actualidade, como ganhou acrescida importância face à evolução dos graves
acontecimentos na Ucrânia, para cuja análise é indispensável a compreensão da
natureza do poder que o imperialismo instalou em Kiev. Que figuras de proa do
imperialismo (Merkel, Kerry) se façam fotografar lado a lado com os fascistas
ucranianos já é de registar. Mas é igualmente de registar que figuras da
“esquerda” francesa (nomeadamente Mélenchon) tudo façam para ignorar o carácter
fascista desses fascistas.
Regresso à insurreição de Maidan e seus resultados
A questão do “fascismo ucraniano”, com ou sem
aspas, não é primordial, e não faço disso uma obsessão.
O que é essencial é principalmente o risco de
guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma possibilidade terrível, impensável há
poucos meses. É depois o desastre social que se seguirá, para o povo ucraniano,
à eventual adopção, pelo poder resultante da insurreição de «Maidan», dos
planos europeus de comércio livre e de «reformas» sob a égide do FMI. Mas
acontece que, para lá chegar, a UE e os EUA, numa manobra deliberadamente
aventureira e provocadora, puseram no poder em Kiev os partidos da oposição
minoritários no país (não representativos do leste e do sul da Ucrânia) e
encorajaram as suas facções extremas, os partidos e grupos neonazis e
ultranacionalistas. Acontece também que este aspecto da realidade ucraniana é
ocultado nos média, desde longa data.
A partir do momento em que se viram
impossibilitados de continuar a dissimular esse facto, recentemente, voltaram a
referir-se-lhe, mas para lhe minimizar a importância («uma minoria de
extremistas») e pôr em dúvida as suas filiações fascista e nazi. Devemos então
falar do assunto, e tentar explicar este fenómeno que não tem equivalente na
Europa.
A expressão choca, escandaliza: «É a
propaganda russa que faz passar os insurgentes de Maidan por fascistas e
neonazis».
E é verdade. O cartaz a favor da anexação da
Crimeia à Rússia mostrava um mapa da Ucrânia com uma cruz suástica, o que é
grosseiro. Esta propaganda faz uma caricatura dos factos.
Exactamente como a nossa, ela apresenta os
acontecimentos duma maneira ocidental. Connosco, são os ucranianos bons
pró-europeus contra os bandidos pró-russos. Entre os russos, os bandidos
fascistas ucranianos contra os bons ucranianos amigos da Rússia, sendo os
primeiros pagos pelo Ocidente. Dum lado e doutro agitam-se velhos fantasmas.
Guerra fria? Não é só isso. Há a ideologia colonialista dos ocidentais, que
querem exportar o seu modelo para todo o lado e não apoiam nem compreendem
aqueles que lhes resistem. As ideologias das nações reprimidas e humilhadas, a
Rússia pelo Ocidente, a Ucrânia pela Rússia. Ideologias messiânicas, de todos
os lados, projectam sobre outros as suas esperanças actuais ou os seus
projectos “revolucionários”. Cada um tem o seu Maidan!
Revolução popular, golpe de estado fascista, um “grande xadrez” onde os manifestantes não passam de peões das grandes potências, cada qual tem a sua opinião. E, de acordo com o partido que se toma, cada um reunirá as informações que lhe convêm.
Sou da opinião que não temos tanto de “tomar
partido” como de procurar informar-nos e compreender. O que não implica deixar
de chamar as coisas pelos seus nomes quando é preciso. Mas como fazê-lo?
E, para começar, quem são os manifestantes de Maidan? Baseio-me aqui em testemunhos, em parte contraditórios.
Começando pelos habitantes de Kiev (falantes
de Russo, estudantes e membros da “classe média” na maioria), eles foram
mobilizados pela ideia europeia (liberdade, democracia, prosperidade), uma
ideia que as ONG financiadas pelo Ocidente (as famosas “fundações” dos EUA)
procuram desde há muito disseminar. Depois vêm as populações geralmente rurais
e pobres das regiões do Oeste, trazidas em carros pelo Partido Svoboda
(ex-social-nacional) de Oleg Tiagnibog, que pensa que a Ucrânia é dirigida por
uma “máfia judia-moscovita”. Um partido que perfaz 10% no conjunto da Ucrânia e
mais de 30% em muitas regiões do Oeste, nesse bastião do nacionalismo radical
que é a Galícia.
Enfim, Maidan juntou uma multidão de
descontentes, de pessoas revoltadas pelas condutas mafiosas do poder. Mesmo o
compromisso de 21 de Fevereiro, entre os partidos da oposição e o Presidente
Yanoukovitch, foi recusado por essa insurreição, que levou a um verdadeiro
golpe de estado, uma radicalização da situação na Ucrânia, que uma minoria
excepcionalmente activa impôs ao resto da Ucrânia, às populações do Leste e do
Sul que permaneceram passivas. Isto não é um preconceito, antes uma
constatação: “a outra Ucrânia” e a Crimeia foram ignoradas. Os partidos que
organizaram Maidan representam a Ucrânia ocidental e central. Os manifestantes
vinham essencialmente dessas regiões e de Kiev, ainda que tenha havido, no
Leste e no Sul, pequenas manifestações “pró-Maidan”. Mas também houve
manifestações “contra”. De qualquer maneira, os dirigentes ocidentais que
intervieram activamente nesta crise não falaram verdadeiramente senão com os de
Maidan, ignoraram os outros, excepto Yanoukovitch, cuja rendição era preciso
levar a efeito. Terão sido ingénuos ao ponto de imaginar que os pró-russos, os
russos da Crimeia e Vladimir Putin deixariam passar tudo? Ou procuravam
deliberadamente o conflito que agravasse as tensões no território ucraniano e
talvez o lançasse na guerra? Não ouso imaginar um tal cinismo, mas já o vimos
anteriormente!
Seguiu-se a secessão da Crimeia e um outro
capítulo da história. A “lei do mais forte” trocou de campo momentaneamente, o
que muito surpreendeu o Ocidente. Putin foi o responsável por este golpe!
Violação evidente do direito internacional, que abrange a Rússia, como fazem os
EUA ou a França quando lhes convém, acima das regras das Nações Unidas,
edifício frágil e indispensável, se não quisermos afundar-nos na selva! Putin,
aventureiro e talvez aprendiz de feiticeiro, abre um pouco mais a caixa de
Pandora, em proveito dos separatismos que possam desagregar a Rússia. “Ganha a
Crimeia, mas perde a Ucrânia”, considera um estratega norte-americano. Em todo
o caso, perde a amizade de um grande número de ucranianos pró-russos e reforça
as posições dos nacionalistas que estão contra a Rússia. Esta “vitória” a curto
prazo não é a da “amizade dos povos”!
A aventura de Maidan vira-se também contra os
ucranianos. Sejamos justos: não era essa a vontade dos ucranianos pró-russos,
nem mesmo de Putin, que aproveitou a oportunidade que lhe ofereceram os
aventureiros euro-atlânticos. Este confronto é também o resultado de longos
anos de propaganda do ódio à Rússia e aos pró-russos, obra de nacionalistas e
de “patrocinadores” ocidentais (as raízes do outro Atlântico) que queriam a
“sua Ucrânia” só para eles. O resultado está à vista: “têm-na”, mas não na
totalidade.
A Ucrânia está nas mãos de nacionalistas e de
pró-ocidentais (provisoriamente?), de oligarcas que nada perderam com esta
mudança, excepto certos membros do clã de Yanoukovitch. O governo pertence aos
banqueiros e aventureiros. A Ucrânia está diminuída, mas certamente mais
homogénea, etnicamente, os nacionalistas podem estar satisfeitos. Não se passa
o mesmo com a Crimeia, com a deserção de Russos que, na sua maioria, querem
voltar à Rússia. Resta esperar que o regime, apesar de tudo, encontre uma forma
de coexistir com as populações pró-russas do Leste, agora em minoria (dada a
partida dos habitantes da Crimeia), de tal modo que os habitantes do Dombas, de
Zaporíjia ou de Odessa não exigem, por sua vez, “a anexação à Rússia”. Na
melhor das hipóteses, estas relações serão envenenadas pelos nacionalismos. Na
pior, será a guerra civil. Ou a guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Mas também
podemos esperar que a Ucrânia, sem a Crimeia, mantenha a coesão. Para isso, é
indispensável um patriotismo de estado, político, liberto do nacionalismo
étnico, do ódio anti-russo cultivado pelos “radicais” na Galícia e em Maidan.
Da revolta espontânea ao “treino” paramilitar
A massa dos manifestantes de Maidan não era
composta nem “de fascistas” nem de adeptos do final violento dos dias 18-22 de
Fevereiro. Foi um indiscritível caos de boas intenções (a democracia), de
sonhos insensatos (o paraíso europeu) de estratégias camufladas (a
extrema-direita militarizada a fazer figura de “protectora” dos manifestantes
contra os poderosos Berkout, a polícia de choque).
Também havia anarquistas, trotskistas e outras
pessoas de esquerda: alguns agitavam a bandeira estrelada da União Europeia,
mas de cor vermelha! Têm esperança numa “Europa socialista”. O que dá uma
distância entre as realidades europeias e o sonho da “oposição de esquerda” de
Kiev. Esses militantes de esquerda foram de resto espancados pelas milícias
fascistas. O movimento radicalizou-se a partir do momento em que leis
repressivas foram adoptadas pela maioria parlamentar – Partido das Regiões e
Partido Comunista. Este último tinha criticado a política de Yanoukovitch e
reunido milhões de assinaturas por um referendo sobre a questão da “união”
económica, medida muito democrática, mas que não teve eco em Maidan, o que se
compreende: o objectivo dos dirigentes da oposição e dos seus apoiantes
ocidentais não era uma “consulta democrática”, mas conseguir pela violência a
adesão ao acordo de associação com a UE que o presidente Yanoukovitch, depois
de a ter encorajado, não quis assinar no tempo pretendido por Bruxelas e
Washington.
As regras do confronto dispensam comentários:
era uma revolução e, desta vez, ao contrário de 2004, com um compromisso, mas
indo até ao fim, até à mudança de regime. Isso fez-se com a ajuda de emissários
norte-americanos (a Sra. Nuland) e europeus, intelectuais com discursos
incendiários, como Bernard-Henri Levy, berrando na tribuna de Maidan: “Os
Ucranianos são uma grande civilização, a Rússia não é nada”. É mesmo o tipo de
discurso de incitação ao ódio nacional. É então que, montando barricadas,
tomando de assalto os edifícios institucionais, batendo-se frontalmente com a
polícia de choque, os Berkout, o movimento foi progressivamente integrando
grupos de combate, milícias para militares que os infiltrados (sou um deles)
reconheceram imediatamente. Entre outras, as milícias ultranacionalistas da
UNA-UNSO, que já combateram nas frentes de guerra na Chechénia, na Abecásia, na
Transnístria. Ou ainda os bandos da Patriot Ukrainy, autênticos nazis. Enfim,
juntando todos os grupos, o Pravyi Sektor, sector “direito” ou “de direita” (o
termo é polissémico), conduzido por Dmitro Yarosh, tornado “comandante de
Maidan”, de grande profissionalismo.
Sejamos exactos: no momento em que a situação
se acalmou, em que um compromisso (assinado a 21 de Fevereiro) estava em vias
de ser encontrado, as tropas de choque de Maidan, a 18 de Fevereiro, retomaram
a ofensiva, o assalto de edifícios do estado, as agressões à polícia de choque,
que responderam com balas reais.
Sobre este terrível desfecho, as coisas não
foram esclarecidas. O Sektor incitou os seus militantes a trazer armas a
Maidan. Atiradores não identificados dispararam sobre manifestantes e polícias.
Um “mistério” que está por esclarecer, quando se escrever a história verdadeira
desta tragédia. A insurreição e a repressão terão feito, no total, uma centena
de mortos. O presidente Yanoukovitch, que não tinha, manifestamente, qualquer
interesse neste desfecho sangrento, nada podia fazer senão fugir. Um novo
governo de partidos de direita e de extrema-direita podia então tomar lugar,
com a bênção dos seus protectores ocidentais, portanto adeptos do compromisso
do 21 de Fevereiro, rapidamente relegado ao esquecimento.
O Partido Svoboda, virado para a sua direita,
entrou no governo a 27 de Fevereiro. Dmitro Yarosh, “comandante de Maidan”,
situa-se nesse campo, tal como Andriy Paroubyi, secretário da Segurança e
Defesa do Estado. Isto não é “um governo fascista”, como diz a propaganda
russa, mas uma aliança entre os ultra-liberais, encarregados de pôr em marcha a
“terapia de choque” preconizada pelo FMI, e uma extrema-direita que serviu de
ponta de lança na operação “Derrube de Yanoukovitch”… Fascistas no poder, logo,
com o encorajamento dos EUA e da UE? É inacreditável. A mensagem não passa. Há
um problema. Que problema?
Um problema grave: uma mensagem “que não
passa”
Constato-o desde há 20 anos. Periodicamente
chamo a atenção sobre os feitos e atitudes desta extrema-direita. Ora, a
informação não passa. Há um verdadeiro black-out ocidental. Incluindo nos meios
de esquerda. Este tabu manteve-se sempre durante a insurreição de Maidan. E a
partir do momento em que o segredo não pode manter-se, os jornais falaram disso,
como o Le Monde, mas para minimizar o fenómeno, dar a impressão de que se trata
de uma minoria de extremistas, ocultar o facto de que estes detêm as alavancas
do poder central e numerosos poderes regionais, que fazem reinar o terror em
muitas regiões do Oeste, incendiando sedes de partidos não nacionalistas, etc.
Leia-se Jacques Julliard em Marianne,
resumindo uma visão muito conhecida: “Quando invoca o perigo fascista e nazi
representado pelas formações paramilitares na Ucrânia, ela retoma à letra o argumento
dos soviéticos para deter a sublevação de Berlim em 1953, de Budapeste em 1956,
de Praga em 1968 (eis-nos numa confusão e num anacronismo típicos da
guerra-fria!). Há de facto grupos paramilitares de extrema-direita fascizante
na Ucrânia, mas muito minoritários.” (Quantos anos foram precisos para os
descobrir e para os minimizar?) Mais além, o autor compara a eventual partição
da Ucrânia às divisões… da Alemanha e da Coreia [1]
Que surpreendente nulidade de argumentação!
Numa emissão da France Inter, muito pró-pensamento único sobre a questão, uma
ouvinte que colocou a questão da “extrema-direita” foi acusada, de forma
agitada, de “propaganda putinana”. O mesmo cenário com Jean-Luc Mélenchon.
Tendo relevado o aventureirismo ocidental na crise ucraniana, Daniel
Cohn-Bendit dirigiu-lhe uma torrente de imprecações. Isto torna-se cada vez
mais frequente, e surge quando são colocadas certas questões: “eles” nada têm a
dizer, sentem-se culpados, logo insultam. Aí está o establishment ocidental no
seu esplendor!
A própria utilização, pelo Ocidente, de forças
fascistas em Kiev não pode deixar de agravar o problema: como justificá-la? Na
medida do possível, negamos, fingimos não saber. Ouvimos mesmo vozes de judeus
contestar a realidade de agressões anti-semitas que outras fontes judias
assinalaram. Porquê este silêncio, ou esta discrição, haverá uma intimidação,
um medo de falar na Ucrânia onde “estas pessoas” de extrema-direita ditam a lei
e, no nosso caso, uma espécie de auto-censura? É necessário abordar aqui outro
debate, recorrente: a “fabricação das opiniões públicas”, de que o caso
ucraniano é um novo caso de estudo.
Mais do que responder aqui e agora a estas
questões, é preciso responder a uma outra: quando é que devemos falar de
“fascistas” ou “neonazis”? Estes termos são problemáticos, visto que são
injúrias, mais que conceitos rigorosos. E estes movimentos e partidos não são,
evidentemente, a reprodução dos nacionais-fascistas e dos nazis dos anos trinta
e quarenta. A sua “matriz” comum, a Organização dos Nacionalistas Ucranianos
(OUN), nas suas diversas tendências, evoluiu mais ou menos no sentido da
adopção da ideologia ocidental dos novos patrocínios norte-americanos. Serão
eles então “pós-fascistas”, ou “pós-nazis”? Estas definições parecem insultuosas
para os seus militantes, mas também para os analistas ucranianos. Nos média
fala-se deles de forma prudente como “nacionalistas”. A mesma palavra designa,
na Bélgica, a N-VA (Partido Nacionalista e Liberal Flamengo). Não é suficiente
para qualificar o Svoboda ou o Pravyi Sektor? Não creio. E mesmo a analogia com
a Frente Nacional da França seria insuficiente. Comparemos com uma situação
belga: que se diria, na Bélgica, se um partido flamengo reclamasse as tradições
do VNV e do Verdinasso, movimentos de colaboração e de mobilização dos SS sob
ocupação nazi, ou se um partido francófono se reivindicasse de Léon Degrelle,
antigo chefe da Legião Wallonie (brigada e divisão SS) e célebre antigo
combatente na frente da Ucrânia? Comparação escandalosa? Para a apoiar,
deparo-me com outros obstáculos. A falta de informação. E, por vezes, a
desinformação. Existe falta, sim, mas de quê?
1920-1939: Ucrânia Soviética, Ucrânia Polaca,
dois destinos
Falo de falta de conhecimento da história do
nacionalismo ucraniano, e mais especialmente ucraniano da Galícia, essa região
do ocidente que fez parte da Polónia até 1939. O movimento nacional ucraniano,
no século XIX e no princípio do século XX, vestido contra os impérios czarista
e austro-húngaro, comportou tendências socialistas, democráticas, etnicistas.
Reencontramo-las no momento da revolução russa e dos primeiros poderes
nacionalistas, anti-bolchevistas, durante a guerra civil. O seu líder na época,
Simon Petlioura, mistura ideias socialistas e nacionalistas. As suas tropas
livram-se no entanto de vastos pogroms anti-judaicos, os maiores massacres
anteriores ao nazismo.
É neste clima de “brutalização” da I Guerra
Mundial e da Guerra Civil e, mais ainda, dos ressentimentos da derrota, que se
radicaliza o movimento. Em 1920, o território ucraniano é vítima de tratados
que o repartem entre a Polónia, a Roménia e Checoslováquia, enquanto uma
república soviética da Ucrânia, co-fundadora da URSS em 1922, vê a luz do dia
nas partes central e oriental da actual Ucrânia. É aí, na URSS, que a jovem
nação ucraniana pode desenvolver-se como nunca antes ou noutro lugar: A língua,
a alfabetização, o ensino permitem uma “ucranização”. Por consequência, o
centralismo estalinista, a formação das indústrias e o afluxo de imigrantes de
outras regiões da URSS até essa zona de desenvolvimento (as bacias industriais
do Leste da Ucrânia) contribuíram para uma nova russificação. Nesse mesmo
período, a Ucrânia central e oriental conhece, como todas as regiões
cerealíferas da URSS, a terrível fome de 1932-1933.
Sublinhemos então este facto: entre 1920 e
1939, os ucranianos do Ocidente e do Leste conhecem caminhos muito diferentes.
Nasce um povo ucraniano soviético, em esforço e desenvolvimento, entre diversas
nacionalidades, e vê-lo-emos bastante solidário com a causa soviética face à
invasão hitleriana em 1941.
Entretanto, a Ocidente, o regime polaco
reprime a língua, a cultura, as actividades políticas ucranianas. Passa-se o
mesmo em Bucóvina e Bessarábia romenas, onde os ucranianos são tratados como escravos.
Melhor sorte lhes é reservada na Ruténia, que é chamada, à época, “Ucrânia
subcarpática” ou “Rússia subcarpática”, a actual Transcarpácia integrada na
Checoslováquia, que esta cederá à URSS em 1946.
A Organização dos Nacionalistas Ucranianos
(OUN) aliados dos Nazis
É neste contexto, na Galícia, que nasce a
Organização dos Nacionalistas Ucranianos, a OUN, de que os nacionalistas
ucranianos actuais se dizem herdeiros. Anti-polaca, anti-soviética,
anti-semita, a OUN diz ser “contra todos os ocupantes” polacos, russos, judeus,
de terras ucranianas.
A ideologia da OUN, do seu principal teórico, Dmitro Dontsov, era inegavelmente de família fascista. “Nacionalismo integral”, etnicista e xenófobo, associando “nação” e “raça”, darwinismo social e culto do “povo dos senhores”. Estava mesmo próximo do nacional-socialismo Völkisch (a ideia do povo raça), tirando o facto de que Dontsov, elitista e conservador, estava de certa forma mais próximo de Salazar, Horthy ou Franco. O dirigente mais conhecido da OUN foi Stepan Bandera. O seu retrato estava por todo o lado em Maidan, mas os jornalistas ocidentais ignoram esta personagem emblemática do nacionalismo ucraniano. Ora, todas as organizações actuais reivindicam o legado da OUN e de Bandera e, parte deles, como Svoboda, da Waffen-SS Galitchina (da Galícia).
A ideologia da OUN, do seu principal teórico, Dmitro Dontsov, era inegavelmente de família fascista. “Nacionalismo integral”, etnicista e xenófobo, associando “nação” e “raça”, darwinismo social e culto do “povo dos senhores”. Estava mesmo próximo do nacional-socialismo Völkisch (a ideia do povo raça), tirando o facto de que Dontsov, elitista e conservador, estava de certa forma mais próximo de Salazar, Horthy ou Franco. O dirigente mais conhecido da OUN foi Stepan Bandera. O seu retrato estava por todo o lado em Maidan, mas os jornalistas ocidentais ignoram esta personagem emblemática do nacionalismo ucraniano. Ora, todas as organizações actuais reivindicam o legado da OUN e de Bandera e, parte deles, como Svoboda, da Waffen-SS Galitchina (da Galícia).
Bandera, li em jornais bastante sérios de
esquerda, “não pode ser qualificado de fascista”. Vejamos. Foi dirigente do OUN
ou não? Alguma vez renegou a ideologia? Isso saber-se-ia. Em todo o caso, desde
que esteve aos comandos, em 1940-1941. Até lá, é verdade, certas instâncias
nazis (os serviços secretos de Abwehr, o teórico racista de origem balta Alfred
Rosenberg) fizeram a falsa promessa, aos olhos de diversos nacionalismos
anti-russos na URSS, duma perspectiva de estados independentes sob protectorado
alemão; não seriam tratados como untermenschen(1) judeus ou russos. Era uma
forma de mascarar a natureza da guerra hitleriana: aniquilação, extermínio,
colonização, Lebensraum(2) a leste.
Bandera, de ideologia fascista, mas também
independentista ucraniano, fez aliança com a Alemanha nazi e fundou os
batalhões ucranianos da Wehrmacht. O seu companheiro de armas, chefe de um dos
batalhões, Roman Choukhevitch comandou de seguida a Schutzmannshaft 201,
batalhão da polícia nazi encarregado da repressão aos partisans soviéticos na
Bielorrússia. Em seguida, fundou a Armada dos Insurgentes Ucranianos (UPA ou
OUN-UPA), a armada dos banderistas que participou no genocídio de judeus e
ciganos, conduziu um massacre e genocídio dos civis polacos na Volínia. É
verdade que Bandera, Choukhevitch, a OUN-UPA, teve divergências e conflitos
armados com o ocupante alemão, por causa da promessa de independência ucraniana
que não foi mantida [2]. Os banderistas fizeram então o golpe de fogo contra o
ocupante e foram reprimidos pelos seus amigos alemães lutando contra o inimigo
comum, “o judaísmo-bolchevismo”. Mas o facto de terem estado em conflito com o
ocupante vale-lhes serem hoje qualificados de “resistentes”. Isso permite aos
seus defensores actuais apresentarem-nos como tendo combatido contra “todos os
ocupantes” ou ainda “contra os dois totalitarismos”. Esta última etiqueta está
muito na moda no Ocidente. Assim, os “totalitários” dos anos 1930-1940 são
rebaptizados de “anti-totalitários”, o que fica sempre bem.
O papel da OUN durante a guerra foi tratado
pelos historiadores, nomeadamente alemães, norte-americanos, canadianos,
ucranianos. Tenho pena se o leitor francófono não tiver disso nenhum
conhecimento. Os nossos editores não se preocupam com esses “detalhes” da
história. Existe, de todo o modo, uma caricatura, que encontramos no filme
Apocalipse, segundo a qual “os ucranianos” teriam acolhido os alemães como
libertadores e “a” Ucrânia teria estado “do lado da Alemanha”. Isso é falso.
Uma parte dos ucranianos, sobretudo a ocidente, onde tinham sido reprimidos,
deportados, aquando da anexação soviética em 1939, tiveram simpatia pelos
alemães. Foi nas suas regiões (a antiga Galícia oriental sob o regime polaco
até 1939) que foram constituídos os exércitos da OUN. Foi em Cracóvia (“governo
geral” alemão na Polónia ocupada) que foi instalado o Comité Central ucraniano
que organiza sistematicamente a colaboração, transmitida por diversos “comités
nacionais” na Ucrânia ocupada. Mas a grande maioria dos ucranianos combatentes
foram-no no seio do Exército Vermelho e dos partisans soviéticos. São
especialmente os seus túmulos que hoje os “radicais” profanam.
Um outro braço do OUN, conduzido por Andry
Melnik, rival dos banderistas, e apoiado pela Igreja Greco-católica (Uniate)
fundou a divisão Waffen-SS da Galícia, a Galitchina. Hoje é evocado ocultando a
menção “Waffen-SS”. Que subtil.
Assim começa a desinformação, especialmente
praticada nos nossos dias por jornalistas e historiadores ucranianos,
norte-americanos ou canadianos, geralmente oriundos da Galícia, que tomam a
palavra em Paris e noutras partes, no Ocidente. Estão muito presentes no
Canadá. Outro aspecto desconhecido desta história: o papel da diáspora. Os
colaboradores nazis ucranianos, os militantes da OUN, os SS, fugiram da Ucrânia
(por causa do Exército Vermelho) em 1944 e foram transferidos secretamente para
os EUA e para as Ilhas Britânicas através das Américas. E reciclados, por
muitos, nas oficinas da Guerra Fria, incluindo a Alemanha, para Munique, para a
Europa liberta. Tornaram-se os “baluartes do mundo livre”.
De lá, afluíram (eles ou os seus herdeiros) em
direcção à Ucrânia depois do fim da URSS. Tendo a “fronte ideológica” sido
abandonada pelos comunistas em 1991, foram eles que a ocuparam. E ei-los
reescrevendo a história, os manuais escolares na Ucrânia… entre nós, escrevem
“sobre a Ucrânia”, redigem as enciclopédias populares.
Revisionismo ocidental
O Courrier Internationale atingiu agora o
cúmulo. Passo a citar: os banderistas eram “partisans nacionalistas ucranianos
de Stephan Bandera, que combateram os nazis, depois o Exército Vermelho de 1942
a 1950, apresentados pela historiografia soviética, depois russa, como
colaboradores e fascistas [3]”. Trata-se duma nota da redacção, em que a
responsabilidade da rubrica “Ucrânia” é de uma certa Larissa Kotelevets. Será
ela por acaso uma militante nacionalista ucraniana? Encontramos este género de
“revisionismo” inspirado nos artigos da Wikipédia. Como dizia uma jornalista
russa, ainda veremos Himmler ser descrito como “defensor dos direitos do
homem”.
Mas, onde encontramos este non-sense? A
ideologia fascista está nas fontes do banderismo, a colaboração nazi começa no
fim dos anos 30. Em 1941-42, os banderistas estão na Wehrmacht e nas polícias
nazis. Em 1943, no seio da UPA, massacram polacos, judeus, ciganos. Depois,
sim, até 1950, combatem exclusivamente o Exército Vermelho e, sobretudo, o
NKVD, como “resistência anti-soviética” ou “anti-estalinista” muito apreciada
no Ocidente, e integrada na esquerda anticomunista, o que explica, por outro
lado, as complacências actuais face a esta UPA, em que também se salienta o
papel muito combativo e corajoso nas revoltas do Gulag no principio dos anos
50. Depois da desestalinização operada por Khrutschov, os antigos membros da
UPA, libertados e regressados ao país, ligaram-se aos meios dissidentes, que
asseguraram a sua propaganda por parte do Ocidente, a sua reabilitação nos
meios de contestação aos regimes do Leste.
Fóruns mediáticos, cadeiras de universidades,
são ocupados, no Ocidente, por “uma certa Ucrânia”, a dos banderistas
convertidos ao liberalismo, mas sempre fieis “à tradição”, profundamente hostis
à “outra Ucrânia”… que os nossos média ignoram arrogantemente, ou apenas descobriram
agora, com todos os clichés e preconceitos esperados, desde logo que é questão
de “pró-russos” ou “saudosos da URSS”. Esta pequena história, muito sumaria, do
nacionalismo ucraniano radical e das relações com o “Ocidente”, desde logo, o
fascista dos anos 30-40, depois anticomunista americanizado nas últimas
décadas, ajuda sem dúvida a clarificar as complacências de que beneficia a
gente do Svoboda, “nossa aliada” na batalha da Ucrânia.
Então, porque falar de “fascistas” e de
“nazis”? A minha resposta situa-se na filiação histórica reivindicada: os
herdeiros actuais do OUN, da UPA, de Bandera, celebram as suas glórias passadas
(Bandera e Choukhevitch foram consagrados “heróis nacionais” em 2010 pelo
presidente Viktor Iouchtchenko) e reencontram-se a cada ano, a 28 de Abril,
para comemorar o nascimento, em 1943, da divisão “Galitchina” (Waffen-SS). Isso
não é novo, quem conhece o assunto sabe bem… mas não os leitores da imprensa
ocidental, não os nossos telespectadores, de quem esses acontecimentos “perturbadores”
são cuidadosamente escondidos. As razões de uma mentira por omissão tão
duradoura e sistemática deveriam ser um dia clarificadas. Mas devemos admitir
que os termos “fascista” e “nazi” estão conspurcados pela emoção ou propaganda.
Então, como dizer? Nacionalistas, radicais, extrema-direita? Em todo o caso,
nacionalistas radicais de filiação nazi.
Retorno à actualidade: de Svoboda ao Pravyi
Sektor
Regressemos à actualidade. O Svoboda será um
simples partido “mais à direita”, como disse Laurent Fabius?
Convidemos pois Fabius (e outros: BHL,
Cohn-Bendit, Julliard) à próxima celebração das SS em Lviv, sob o auto
patrocínio do Svoboda, partido do governo. É a 28 de Abril. Haverá então
equipas de televisão, ao contrário do que tem acontecido de há tantos anos a
esta parte?
Mas não quero deter-me num antifascismo
primário, que se contentaria a estigmatizar todos aqueles que, na Ucrânia,
alinham nessa extrema-direita e com a figura emblemática de Stephan Bandera.
Situação estranha, mas real: autênticos militantes das liberdades democráticas,
e mesmo do anti-capitalismo, da auto-gestão, estão misturados com esses
militantes nacionalistas e fascistas não menos devotados à “causa do povo” e da
“revolução” dirigida contra os oligarcas, as repressões e… “os bolcheviques”.
Neste país traumatizado pela guerra civil de
1918-20, a fome de 1932-33, o genocídio nazi, as deportações estalinistas, a
“guerra das memória” (símbolos, monumentos) tem um lugar importante na vida
política. O fenómeno Maidan foi acompanhado de destruição, por iniciativa do
Svoboda, de umas quarenta estátuas de Lenine. Vejam-se os ajustes de contas com
“o bolchevismo”.
Às vezes temos a impressão de assistir a uma
vingança dos nacionalismos por causa das derrotas que lhes infligiu o Exército
Vermelho em 1920 e em 1945. Isso é um “detalhe” que escapa sem dúvida aos
observadores estrangeiros, de nariz colado à actualidade. O peso da história.
Não se trata apenas de condenar aqui “os
fascistas”. É preciso compreender, e isso é toda uma outra tarefa, os prós e os
contras desse nacionalismo radical ucraniano, em confronto com os não menos
radicais bolchevismo, estalinismo e nacionalismo polaco. Compreender porquê e
como os confrontos se prolongam numa “guerra de memórias” virulenta, em que a
reabilitação de Bandera responde à de Estaline e vice-versa…
Uma profunda crise identitária opõe, depois de
20 anos, as populações do Ocidente (sobretudo da Galícia) que se identificam
com os banderistas e rejeitam o passado soviético, e aquelas do Leste que
conservam uma melhor lembrança da URSS, apesar de todas as dificuldades, e
preferem celebrar a vitória sobre o Fascismo a 9 de Maio do que a Waffen-SS a
28 de Abril, ou a OUN-UPA, a 14 de Outubro.
Entre as representações diametralmente opostas
do passado, os historiadores conscienciosos (que os há) têm enorme dificuldade
em se situar. O desequilíbrio provocado pela insurreição de Maidan, que
radicaliza os esquemas binários, ao mesmo tempo que coloca a Ucrânia quase numa
guerra civil, não irá certamente favorecer a “reconciliação ucraniana” que
precisa de “patriotas” esclarecidos, que recusem a peste emocional dos
nacionalismos.
Em oposição, os svobodistas parecem inaugurar
um pós-nazismo, os temas mais reaccionários do seu programa coexistem com uma
respeitabilidade liberal adquirida com o reconhecimento oficial de Svoboda e do
seu líder, Oleg Tiagnibog, pelos emissários dos EUA e da UE. Uma espécie de
liberal-fascismo, como já conhecemos no Chile, associando, na Ucrânia, os
símbolos arcaicos do nacional-socialismo local e as exigências duma gestão da
economia conforme aos cânones neoliberais. O Svoboda irá consenti-lo? Isso não
foi dito e pode prever-se que o partido, se aprovar “medidas dolorosas”
anunciadas por Iatseniouk, terá dificuldades ao nível da base popular na Galícia
e também no Ocidente. Porque os pequenos agricultores do Ocidente serão, tal
como os operários do Leste, os principais sacrificados com a “liberalização”
musculada que se anuncia.
O (antigo?) partido neonazi tem à sua direita
um Pravy Sektor favorável aos “valores europeus”. Bruxelas depressa terá
problemas com estes pequenos camaradas que poderão não se contentar com o papel
de “idiotas de serviço”.
O “sector” de Iarosh pretende-se
anti-imperialista, anti-mundialista, partidário da neutralidade da Ucrânia e
hostil à NATO, bem menos obcecado que o Svoboda pelas questões étnicas, visto
que conta sempre com russos entre as suas fileiras. O que promete tensões no
seio da nova direcção “revolucionária”, especialmente, por parte do
primeiro-ministro Arseni Iatseniouk, próximo dos EUA, e do seu partido
Batkivchtchina (pátria) da “musa” Ioulia Timochenko. De qualquer modo, a
intervenção musculada dum comando do Svoboda para obrigar um director de
televisão a demitir-se suscitou reacções negativas por parte do partido da
anterior oposição, mas não governamental, Oudar, cujo líder Vitali Klitschko
parece mais próximo da UE, e o preferido de Angela Merkel. Esta violência do
Svoboda é pouca coisa comparada à que reina em diversas regiões por causa do
mesmo partido e os outros “ultras”, mas, desta vez, o acontecimento beneficiou
de publicidade nos média ocidentais, o que sugere que o comportamento do
partido de Oleg Tiagnibog começa a aborrecer, e que se decidiu, num posto de
poder em Kiev, “recorrer à televisão”.
Resumamos. A “revolução de Maidan” resultou
num banho de sangue, um golpe de estado que trouxe ao poder uma equipa
neoliberal aliada à extrema-direita, ao que o Kremlin replicou pela secessão da
Crimeia (pretendida pela maioria russa) e a sua anexação pela Rússia. Daí a
divisão entre dois povos “irmãos”, que sentiram durante a maior parte do tempo
enquanto tal, um grande desastre humano e social, uma situação muito difícil de
ameaças de guerra civil e internacional: são estes os factos que deveriam ser
respondidos por todos os actores desta aventura, incluindo nós próprios, a
começar pelos dirigentes ocidentais e seus “missionários”, políticos e
intelectuais, que, em Maidan, vieram pôr mais achas nafogueira.
21 de Março de 2014
*Jean-Marie Chauvier (chauvierjeanmarie@gmail.com) é jornalista,
especialista em assuntos da Rússia, Ucrânia e outros países que foram antigas
repúblicas soviéticas. De 1964 a1969foi correspondente em Moscovo do Drapeau
Rouge de 1975 a 1996 jornalista da RTBF. Colabora actualmente com o Le Monde
Diplomatique e com outros jornais e sítios da Internet.
Notas:
1 [N. do T.] Os untermenschen eram os
“sub-humanos”, conceito absurdo e criminoso da doutrina nazi, que incluía, como
se sabe, milhões de seres humanos que se afastavam do ideal da “raça perfeita”,
“ariana”, excluídos do III Reich e destinados a desaparecer; aqui encontramos
opositores políticos, nomeadamente comunistas, minorias étnicas, como os Roma,
pessoas com deficiências várias, homossexuais, para além, claro, dos judeus.
2 [N. do T.] O Lebensraum era o “espaço
vital”, outro conceito absurdo e criminoso dos nazis, para quem, nomeadamente,
o Leste Europeu deveria ser destinado ao III Reich. Com essas populações, e
isso marca uma grande diferença na forma de fazer a guerra dos alemães na
Frente de Leste, não deveria haver negociações ou contemplações, mas deveriam
ser pura e simplesmente eliminados; isto ajuda a explicar as chacinas de
populações inteiras nestas regiões, e a crueldade que assumiu o tratamento das
populações e o tratamento reservado aos prisioneiros de guerra soviéticos.
Notas do Autor:
[1] Marianne, 7-13, Março de 2014
[2] A 30 de Junho de 1941, os banderistas proclamaram, em Lvov (Lwow) um “Estado Independente” ucraniano devotado ao III Reich e a Hitler. Mas Berlim não quis. Bandera foi preso em Sachsenhausen, libertado em 1944. Numerosos militantes da OUN foram vítimas da repressão nazi. A Alemanha aceitou-os como aliados, na condição de se submeterem.
[2] Le Courrier International, nº 218, 6-12 Março de 2014, p. 10.
[1] Marianne, 7-13, Março de 2014
[2] A 30 de Junho de 1941, os banderistas proclamaram, em Lvov (Lwow) um “Estado Independente” ucraniano devotado ao III Reich e a Hitler. Mas Berlim não quis. Bandera foi preso em Sachsenhausen, libertado em 1944. Numerosos militantes da OUN foram vítimas da repressão nazi. A Alemanha aceitou-os como aliados, na condição de se submeterem.
[2] Le Courrier International, nº 218, 6-12 Março de 2014, p. 10.
Tradução de André Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário