terça-feira, 30 de agosto de 2011

Construção e indústria ganham peso na economia de Moçambique

Lisboa, Portugal, 29 agosto 2011 (macauhub) – Moçambique vai continuar a crescer acima da média da África subsaariana nos próximos anos, com a construção, produção de cimento e indústria extractiva a ganharem peso na economia, de acordo com o banco português BPI.

As perspectivas para a economia moçambicana, afirma o BPI no seu mais recente relatório sobre Moçambique, continuam favoráveis, esperando-se que o crescimento do PIB real acelere de 7,2% este ano para quase 8% a médio prazo.

Este impulso no crescimento, refere, reflecte o “reforço da actividade relacionada com os grandes projectos e por um aumento do investimento público”.

“As perspectivas de crescimento para Moçambique apresentam-se bastante mais favoráveis do que para o conjunto dos países da África subsariana”, com o PIB para 2011 a crescer 7,2 por cento, 1,7 pontos percentuais acima da média regional.

“Nos próximos anos, é esperado que o sector da construção aumente significativamente o seu peso no PIB, depois de o governo moçambicano ter anunciado que poderá introduzir legislação para a renegociação de contratos para grandes projectos de investimento no país, com o objectivo de aumentar a sua contribuição para a actividade económica”, refere o BPI.

Actualmente, os chamados grandes projectos contribuem com cerca de 4% do total de receitas do Estado e são responsáveis directamente por 10% do PIB do país.

“Dado o crescente interesse de investidores estrangeiros por Moçambique, particularmente pelos seus recursos minerais, não será surpreendente que novos acordos sejam menos generosos para com os investidores”, refere o relatório.

Outra actividade de que se espera um maior contributo nos próximos anos é a da produção de cimento, que poderá triplicar até 2013, devido ao investimento de cimenteiras chinesas e de uma sul-africana.

Com perspectivas altamente favoráveis apresenta-se também o sector das indústrias extractivas, que beneficia da crescente produção de carvão no país, particularmente nas minas de Moatize e Benga, província de Tete.

Em 2010, o sector agrícola foi o principal dinamizador da economia, contribuindo com 1,6 pontos percentuais, apesar de continuar a apresentar baixos níveis de produtividade, e a praticar-se sobretudo culturas de subsistência.

Os principais contributos vieram ainda dos Transportes e Comunicações e Comércio, “reflectindo a elevada expansão de ambos os sectores e o crescente dinamismo da procura interna”.

O BPI salienta alguns riscos para o panorama económico favorável em Moçambique, como as políticas monetárias restritivas, com consequências na actividade do sector privado e solidez do sector bancário.

Desfavorável deverá ser também o aumento dos preços da alimentação e dos combustíveis, de cuja importação o país depende, e também a diminuição da ajuda humanitária, que poderá não ser suficientemente compensada por um aumento de receitas públicas, gerando constrangimentos orçamentais.

Ao nível dos preços, o BPI prevê que a inflação desça para um dígito e atinja a objectivo de 5/6% nos próximos dois anos.

O défice da balança corrente moçambicana deverá aumentar apenas ligeiramente para 11% do PIB, “compensado pelas fortes exportações dos grandes projectos de exploração de minas de carvão”, refere o relatório.

Estes projectos, adianta, “irão possibilitar a constituição de reservas internacionais suficientes para cobrir cinco meses de importações até 2016”.

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