Mais de 40 mil pessoas representando vários extractos da sociedade moçambicana juntaram-se ontem em Nwadjahane, aldeia natal do fundador e primeiro Presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), para o homenagear por ocasião da passagem do 40º aniversário do seu assassinato a 3 de Fevereiro de 1969, em Dar-es-Salaam. Entre cânticos, dança, poesia e outras manifestações políticas e culturais a homenagem prolongou-se por todo o dia, com a participação do Presidente da República, Armando Guebuza.
4 de Fevereiro de 2009/Notícias
Falando na ocasião, o Chefe do Estado destacou que os ensinamentos de Eduardo Mondlane continuam a ser o farol da luta dos moçambicanos pela construção de um Moçambique cada vez mais próspero, unido e em paz. Guebuza disse que a cerimónia ontem realizada constituiu uma justa homenagem ao "grande filho de Moçambique" na terra que o viu nascer. Afirmou que Eduardo Mondlane esteve sempre atento aos fenómenos políticos e sociais da sua época e identificou como fundamental a necessidade de se gerar, entre os moçambicanos, a consciência de que estavam todos sob o mesmo jugo colonial.
"Ele ensinou-nos que a exploração e a dor sentidas pelo contratado do chibalo não eram diferentes da discriminação de que o assimilado era vítima no seu dia-a-dia. Ensinou-nos ainda que os salários de miséria pagos aos estivadores na então Lourenço Marques conduziam às mesmas frustrações por que passavam os cooperativistas do Planalto de Mueda. Numa palavra: Eduardo Chivambo Mondlane ensinou-nos que o colonizador poderia variar as suas tácticas aqui e acolá, mas a sua estratégia era a mesma, isto é, manter os moçambicanos sob o seu jugo e os nossos recursos sob o seu controlo", disse Armando Guebuza, segundo quem para Mondlane a unidade nacional era a arma mais poderosa e imbatível ao dispor dos moçambicanos para a realização do seu sonho de liberdade e independência.
Por isso, afirmou Guebuza, Mondlane encorajou os moçambicanos a se orgulharem da diversidade das suas origens e das suas manifestações culturais. Ao mesmo tempo, liderou o combate a quaisquer manifestações de tribalismo, regionalismo, racismo, elitismo e outras formas de divisão. "Ele ensinou-nos a valorizar a contribuição de cada um para o projecto comum que era a libertação da pátria moçambicana. Mondlane não nos ensinou estas lições apenas através das suas intervenções, mas também do contacto directo com os guerrilheiros, alunos e professores nas nossas escolas, com as mulheres e com os mais velhos, no interior e no estrangeiro", afirmou.
Para ilustrar a paixão e dedicação que tinha pelos estudos, Armando Guebuza disse que apesar da sua situação de órfão e das dificuldades por que passava, quer na família, quer na escola, Eduardo Mondlane guiou-se pelos conselhos da sua mãe de que deveria estudar e sempre. Foi a partir desses conselhos que explorou as oportunidades que a sua igreja lhe abria e se aplicou nos estudos, superando, em cada etapa, os obstáculos que o sistema colonial colocava à sua frente.
Os principais momentos da homenagem consistiram na visita ao cemitério familiar, onde o Chefe do Estado depôs uma coroa de flores. Também plantou uma árvore e visitou as casas 1920, onde Eduardo Mondlane nasceu, e 1961, mandada por ele construir quando visitou Moçambique vindo das Nações Unidas. Inaugurou depois um monumento alusivo e dirigiu um comício popular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário