Luanda, Angola, 9 fevereiro 2009 – Angola deverá receber da China pelo menos mil milhões de dólares adicionais de crédito para apoiar a reconstrução do país, a braços com uma abrupta quebra de receitas em 2009 devido à baixa do preço do barril de petróleo.
O apoio à extensão do crédito concedido a Angola, actualmente próximo de cinco mil milhões de dólares, através do Eximbank, foi dado em Dezembro de 2008, durante a segunda visita à China do presidente angolano José Eduardo dos Santos em menos de cinco meses.
A Economist Intelligence Unit (EIU) já havia informado em Janeiro que o montante adicional rondava mil milhões de dólares e na semana passada fonte ligada ao Ministério das Finanças angolano confirmou aquele valor à agência Reuters.
O ministro das Finanças, Severim de Morais, deslocou-se à China na semana passada para acertar “os últimos pormenores do empréstimo”.
O Ministério das Finanças angolano assinou com o Eximbank três acordos de crédito, no valor de 2.000 milhões de dólares (Março de 2004), 500 milhões (Julho de 2007) e mais 2.000 milhões (Setembro de 2007), que têm permitido apoiar os projectos de reconstrução do país, nos domínios de transportes, educação ou saúde.
Ao abrigo da segunda fase da linha de crédito, Luanda já viu aprovados financiamentos de mais de 1,6 mil milhões de dólares, de acordo com dados oficiais recentemente divulgados.
Acresce o apoio através do Fundo Internacional da China (CIF, na sigla inglesa), que tem um montante máximo previsto de 2,9 mil milhões de dólares.
A EIU refere que “está praticamente esgotada” a linha de crédito oficial disponível, que estima em cinco mil milhões de dólares.
Foi este factor, conjugado com uma “crise de financiamento” interna, resultante de uma “redução para metade das receitas petrolíferas em 2009”, que levou o presidente angolano a deslocar-se a Pequim no fim do ano passado, refere no seu mais recente relatório sobre Angola o gabinete de estudos britânico.
“O impacto da crise de financiamento já se reflecte no nível de reservas de divisas; depois de atingir um máximo de 19,8 mil milhões de dólares em Outubro, recuou para 18,9 mil milhões em Novembro, a primeira descida em quase dois anos”, afirma.
Esta descida, adianta, reflecte o esforço do Banco Nacional de Angola para sustentar o valor do kwanza, cuja cotação na prática está indexada ao dólar norte-americano, divisa de denominação das importações – uma política que ajuda a conter o custo das importações e a controlar a inflação, que está acima dos dois dígitos, mas que parece insustentável no actual cenário.
“Depois de cinco anos de crescimento económico sustentado, alimentado pela subida da produção petrolífera, preços recorde a nível internacional e afluxo de investimento estrangeiro em grande escala, a expansão angolana está agora ameaçada. Ironicamente, a raiz da queda é a fonte da riqueza angolana: as suas substanciais exportações petrolíferas”, diz a EIU.
O governo angolano já fez saber que será revisto em baixa o plano de investimentos para este ano – estimado em 42 mil milhões de dólares – e presidente e primeiro-ministro têm vindo a sublinhar publicamente a necessidade de maior “austeridade” e “selectividade” nos projectos a realizar. (macauhub)
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