Luanda, Angola, 10 março 2008 - Angola está a apoiar iniciativas da China para que as relações bilaterais com o arquipélago de São Tomé e Príncipe sejam retomadas, após dez anos de corte devido ao reconhecimento diplomático de Taiwan por parte das autoridades são-tomenses.
A informação é avançada pela "newsletter" Africa Monitor, que afirma que o "forcing discreto" das autoridades chinesas conta ainda com o apoio do maior partido da oposição são-tomense, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social-Democrata (MLSTP/PSD).
Este partido, que com a nova coligação tripartida que sustenta o governo de Patrice Trovoada ficou praticamente sozinho na oposição, é conhecido por uma postura de maior abertura à China.
Em Fevereiro de 2005, deu brado a presença de uma representação do Partido Comunista da China no IV congresso do MLSTP, então chefiado por Guilherme Posser da Costa.
“O MLSTP-PSD tem com o Partido Comunista da China uma relação histórica e de longa data”, e "nunca se esquecerá dos amigos que ajudaram São Tomé e Príncipe a conquistar a sua independência", respondeu então Posser da Costa a críticas da oposição, negando estar contudo a preparar uma ruptura com Taiwan.
Durante o congresso, um dirigente do Partido Comunista da China manifestou a disposição do seu partido de “promover a concretização da normalização das relações sino-são-tomenses o mais brevemente possível”.
A República Popular da China decidiu em Maio de 1997 suspender relações diplomáticas de mais de 20 anos com São Tomé e Príncipe devido ao estabelecimento de relações oficiais com Taiwan.A China popular nunca reconheceu Taiwan como um Estado soberano, considerando-a parte do seu território.
Numa recente entrevista à agência noticiosa portuguesa Lusa, o presidente são-tomense defendeu que a relação com Taiwan tem sido proveitosa para São Tomé, mas assumiu-se como um "realista" nesta questão.
"Não tenho um oráculo qualquer para adivinhar que amanhã vamos terminar (relações) com este e começar com outro. Vamos ver" o futuro das relações com a China e com Taiwan, disse.
Os contactos bilaterais entre São Tomé e Príncipe e Pequim são raros, mas a China tem vindo a aproximar-se de São Tomé, no âmbito da sua política de reforço das ligações económicas e comerciais com os países africanos de língua oficial portuguesa.
Exemplo desta aproximação são os recentes convites feitos a São Tomé, no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, para participar nos jogos olímpicos lusófonos ou, como observador, no fórum de cooperação económica China-África.
Simultaneamente, está em vias de arrancar a exploração de petróleo nos blocos da zona de exploração conjunta entre São Tomé e Príncipe e Nigéria participados pela chinesa Sinopec.
Juntamente com a Addax Petroleum, a Sinopec deverá investir perto de 73,8 milhões de dólares nos trabalhos de prospecção dos blocos 2 e 4, que prevêem a abertura de quatro furos entre 2008 e 2013, nos dois blocos, situados nesta região do Golfo da Guiné.
É também pela via do petróleo que é crescente a interligação entre as economias de São Tomé e de Angola, país que tem actualmente um peso importante na política do arquipélago, e que como tal pode dar um apoio fundamental à "causa chinesa" no arquipélago.
São Tomé anunciou no final do ano passado que pretende reforçar a cooperação com a petrolífera estatal angolana, Sonangol, tendo em vista o desenvolvimento da do sector petrolífero na zona económica exclusiva são-tomense. (macauhub)
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