segunda-feira, 23 de julho de 2007

Sem Brasil, Banco do Sul vira "banquinho", avalia economista

Mylena Fiori / Repórter da Agência Brasil

Brasília, 22 Julho 2007 - A adesão do Brasil à proposta de criação de um banco regional – o Banco do Sul - fortaleceria a instituição. Além de ser a maior economia da região, o Brasil tem também as maiores reservas entre os países sul-americanos – cerca de US$ 100 bilhões. “O Brasil poderia dar uma escala muito maior para o banco. Sem o país, corre o risco de ficar mais um banquinho sem grande capacidade de alavancar recursos e sem grandes vôos”, avalia Marcos Antonio Cintra, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
A criação do banco estava prevista para ocorrer na Cúpula de Chefes de Estado, em junho. Mas foi adiada para até o final do ano. A proposta, defendida principalmente por Venezuela e Argentina, é vista com algumas ressalvas pelo Brasil.
O professor da Unicamp destaca que um dos maiores entraves para a integração física sul-americana é a carência de mecanismos de financiamento. O Banco do Sul poderia cumprir esse papel. "A questão na integração, hoje, é como se financia os investimentos. "Uma instituição especializada em desenhar grandes projetos e atrair financiamento para estes projetos, em viabilizar estes projetos de desenvolvimento e integração seria muito interessante. Uma instituição multilateral regional que cumpra este papel seria espetacular para a América do Sul”, avalia.
Marcos Cintra lembra o papel fundamental do Banco Europeu na estratégia européia de desenvolvimento. O banco foi instituído em 1949, para a reconstrução da Europa. "Hoje é o maior banco de investimento do mundo. O Banco Mundial tem ativos em torno de US$ 250 milhões, o Banco Europeu tem US$ 600 milhões. Continua ativo, operando e é crucial no desenvolvimento europeu”, ressalta.
No caso do Banco do Sul a idéia, de acordo com Marcos Cintra, é utilizar em torno de 10% das reservas de cada país da região para montar uma instituição financiaria a integração da infra-estrutura física da região e projetos de desenvolvimento que podem gerar integração econômica, social, riqueza e renda. Somadas, as reservas latino-americanas estão em torno de US$ 220 bilhões. “Refutar a idéia é muito difícil dado que estamos todos com excesso de reservas internacionais”, avalia. “Estes recursos ficam aplicados em títulos do governo americano, em títulos do governo dos países centrais, como Alemanha, França e Japão, que rendem taxas muito baixas”, ressalta o economista.

http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/16/materia.2007-07-16.3141014735/view

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