terça-feira, 8 de outubro de 2019

Sínodo Pan-Amazônico/O Patriarca Bartolomeu e a Amazônia “fonte de vida”


Giada Aquilino – Cidade do Vaticano

Em 2006 o Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I realizou na Amazônia brasileira o 6º Simpósio do projeto “Religião, Ciência e Ambiente”. Por uma semana, ao longo do Rio Amazonas e do Rio Negro, 200 pessoas entre elas cientistas, ambientalistas, líderes religiosos e jornalistas se encontraram para falar do futuro da região à qual é dedicada o próximo Sínodo dos Bispos

No coração da Amazônia brasileira, treze anos trás, onde se encontram o Rio Amazonas e o Rio Negro, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla lançava um grito de alarme: a urgência de uma cooperação internacional para preservar toda a Amazônia, suas bacias hidrográficas e as suas riquezas, que têm um papel central, desde sempre, na manutenção da estabilidade climática, dos recursos hídricos e da biodiversidade.

Era o ano de 2006 e cerca de 200 pessoas entre elas cientistas, ambientalistas, líderes religiosos e jornalistas, também da Rádio Vaticano, encontraram-se de 13 a 20 de julho para o 6º simpósio do projeto “Religião, Ciência e Ambiente”: uma iniciativa idealizada e promovida pelo próprio Patriarca e dedicada
naquela edição ao tema “Rio Amazonas, fonte de vida”. Exatamente a Amazônia, “fonte de vida” caracteriza o Instrumentum Laboris do próximo Sínodo para a região, de 6 a 27 de outubro no Vaticano, porque a vida naquelas terras “identifica-se” com a água.

Os grupos étnicos
A viagem e o simpósio em conjunto foram desejados pelo Patriarca Bartolomeu e na ocasião fizeram a navegação de Santarém a Manaus. O objetivo era de analisar desde o impacto regional e global das atividades humanas na bacia do Rio Amazonas, à desflorestação, às plantações de soja, até as implicações para os cerca de 400 grupos étnicos presentes e profundamente ligados ao território.

Testemunhos comuns

Na época, o Papa Bento XVI enviou como seu representante o cardeal Roger Etchegaray, falecido recentemente, e os convidados foram recebidos pelo cardeal Geraldo Majella Agnelo, na época presidente da Conferência dos Bispos do Brasil. Na sua mensagem ao Patriarca, Bento XVI evidenciou o compromisso comum dos católicos e ortodoxos para a salvaguarda da criação e que o simpósio era um “exemplo da colaboração” que ambos “devem buscar com constância para responder ao apelo de um testemunho comum”. Na audiência geral daqueles dias, Bento XVI dirigiu seu pensamento aos participantes do simpósio, auspiciando que contribuísse a “promover cada vez mais respeito pela natureza, confiada por Deus – recordou – às mãos trabalhadoras e responsáveis do homem”.

As mãos do homem

Conceitos reiterados na Encíclica Laudato si do Papa Francisco e recentemente reforçados por Bartolomeu, que falou da criação como “dom de Deus a toda a humanidade”. Mesmo assim, notou Francisco na sua Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação de 1º de setembro, “colocados em perigo”, o ambiente que é coisa boa aos olhos de Deus torna-se algo a “ser explorado nas mãos do homem”. As consequências na Amazônia, na época e hoje são alterações ambientais, perda de territórios, doenças de exterminam populações autóctones, defendidas com grande risco de vida por ambientalistas e missionários que morreram por este motivo: Como por exemplo a religiosa americana Dorothy Stang: que em 2005 foi morta por defender os ribeirinhos.

Mas o rastro de sangue não se detém no Brasil, segue na Colômbia, Guatemala, México, Peru. Não é um caso que no Instrumentum laboris do Sínodo é sublinhado que as comunidades locais consideram que a vida na Amazônia esteja em perigo – além dos interesses econômicos, criminalidade, poluição, incêndios – principalmente pelo assassinato de líderes e defensores do território”.

A Igreja, diz o documento, “não pode ficar indiferente”, ao contrário deve “apoiar a proteção dos defensores dos direitos humanos e recordar os seus mártires”. Um compromisso que para todos os cristãos deriva justamente do testemunho que Francisco define “ecumenismo de sangue".

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