27 março 2012/Correio do Brasil http://correiodobrasil.com.br
Estudantes fazem resgates históricos do período da ditadura para mostrar a importância da comissão da verdade |
Organizado pelo Levante Popular da Juventude, o apoio à Comissão da Verdade se transformou em um ato que mobiliza centenas de manifestantes, nas últimas 24 horas, nas principais capitais do país. A onda de protestos tem o intuito de expor, publicamente, participantes diretos da violência repressiva, com atos próximos aos locais onde vivem os acusados durante a ditadura militar.
A Comissão da Verdade, aprovada e sancionada no ano passado, ficará a cargo de investigar, com acesso livre a documentos, casos de violação aos direitos humanos durante o período de 1946 a 1988. Para sair do papel, a comissão precisa agora que seus integrantes sejam escolhidos pela presidenta Dilma Rousseff.
— Foi justamente por conta do processo que está se formando em torno da Comissão da Verdade que a gente decidiu fazer esse ato. Primeiro por conta de crimes pelos quais alguns militares são acusados e processados e que não são de conhecimento da população. Também queremos fazer com que a sociedade se posicione a esse respeito, por ser uma passagem sombria da nossa história e que precisa ser resgatado – ressaltou a estudante.
Para Lira Alli, estudante paulista, o importante do ato, conhecido como “escracho” e realizado originalmente na Argentina, é levantar questões do passado que não são discutidas e abordadas em sala de aula.
— A gente já vinha há algum tempo pensando em realizar ações deste tipo, inspirados, especialmente, no que a juventude de outros países da América Latina já vem fazendo, explicou Alli.
Jovens reuniram-se na manhã de segunda-feira em Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre para protestar contra torturadores que participaram de ações de repressão durante a ditadura no Brasil (1964-1985).
Em São Paulo, com a participação de 200 estudantes, o alvo dos protestos foi o delegado aposentado do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), David dos Santos Araujo, que hoje tem uma empresa de segurança privada. “Capitão Lisboa”, como era conhecido à época, é acusado, por uma ação civil pública do Ministério Público Federal, de envolvimento na tortura e morte de Joaquim Alencar de Seixas.
Levante da Juventude
Depois do ‘esculacho’ organizado pelo Levante Popular da Juventude no torturador da ditadura militar David dos Santos Araújo, o Capitão “Lisboa”, os nomes das empresas que se utilizam dos serviços da sua empresa de segurança privada, a Dacala, desapareceram do site da empresa.
Em São Paulo o ato aconteceu em frente à sede da empresa na Av. Vereador José Diniz, na zona sul. No Rio de Janeiro, um grupo do Levante fez um protesto na sede da filial da empresa.
O Blog oficial do Levante publicou uma lista de alguns dos clientes da Dacala:
Anhanguera Educacional, Banco Itaú, Ford, Jac Motors, Banco Safra, Volkswagen, Banco Santander, Audi Tech, DHl, CSU, Exata Logística, Fuji, Galvão, Gattaz, Jaguar, JWT e Kia
O Levante da Juventude está animado e avalia que o sumiço das clientes da Dacala mostra a tortura ainda envergonha muitas pessoas e que a tentativa de apagar o passado, como querem os torturadores, será frustrada. “David dos Santos Araújo, o Capitão Lisboa, é torturador, assassino e responsável por abuso sexual, em Ação Civil Pública do Ministério Público Federal”, conclui o documento distribuído pelo grupo.
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Brasil/Viúva e filhas buscam na Justiça retificação da certidão de óbito de vítima da ditadura
30 março 2012/Correio do Brasil http://correiodobrasil.com.br
Por Redação, com Rede Atual Brasil - de São Paulo
Após a manifestação do Ministério Público, o processo ue pede a retificação da certidão de óbito do militante comunista João Batista Drumond, será apreciado pelo juiz Guilherme Madeira Dezem
Foram ouvidas na quinta-feira, no fórum da Praça João Mendes, em São Paulo, as testemunhas no processo que pede a retificação da certidão de óbito do militante comunista João Batista Drumond.
A morte do militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi registrada como consequência de um atropelamento na esquina da Avenida 9 de Julho com a Rua Paim, na região central da capital paulista, em 1976.
Na ação movida pela viúva Maria Ester Cristelli Drumond e as filhas, Rosamaria e Silvia, para corrigir a certidão de óbito, ela sustenta que Drumond foi morto sob tortura dentro do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), para onde foi levado após ser preso durante operação policial que desarticulou uma reunião do PCdoB em uma casa no bairro da Lapa, na zona oeste da capital paulista. Na ação militar, dois militantes foram mortos.
Segundo o relato de Aldo Arantes, uma das testemunhas ouvidas hoje, ele e outros companheiros capturados logo depois de deixarem a casa souberam da morte de Drumond, no DOI-Codi, por um carcereiro que disse que um prisioneiro morto sob tortura carregava um exemplar do jornal Classe Operária escondido em um pacote de biscoito. Segundo Arantes, pouco antes de ser preso, Drumond tinha em seu poder uma edição do jornal do partido.
Também foram ouvidos hoje o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência Nilmário Miranda, o presidente da Comissão de Anistia e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, e o ex-militante Wladimir Pomar. Após a manifestação do Ministério Público, o processo será apreciado pelo juiz Guilherme Madeira Dezem.
Depois da audiência, Abrão ressaltou que o Judiciário, devido ao poder de investigação, tem um papel fundamental no resgate da memória e da verdade sobre o regime militar. “Esse caso é um bom exemplo de como, independentemente de sanções penais, o Poder Judiciário, ao lado dos poderes Executivo e Legislativo, também tem responsabilidade no reconhecimento e na construção do direito à verdade”.
Para ele, a Justiça tem um papel complementar ao que será exercido pela Comissão da Verdade em fazer um relato histórico sobre o período da ditadura. “É uma verdade individualizada, para cada situação, para satisfação do direito fundamental do cidadão naquilo que lhe compete exigir em termos do direito de saber”, destacou Abrão.
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