As causas do aumento de mortes que se vem verificando relativamente a 2011- em particular entre os mais idosos - radicam nas «medidas de austeridade» e na «pobreza» por elas provocada. Ou seja: parte grande destas mortes tem a ver com «alimentação má que deixa as pessoas mais vulneráveis ao vírus da gripe». Para a actual política o que se passa está “dentro do que fora previsto”. A política que liquida Portugal vai liquidando os portugueses.
Diz a notícia que «morreram 6110 pessoas nas duas primeiras semanas de Fevereiro, mais 1400 do que em igual período de 2011». E diz ainda que «o grupo etário acima dos 75 anos foi o mais afectado pelo acréscimo de mortalidade».
Se a estes dados dramáticos acrescentarmos os que decorrem do crescente número de idosos que, vivendo sozinhos, sozinhos morrem, por vezes sem que alguém se aperceba da sua morte durante dias, semanas ou meses, ficamos com uma ideia mais aproximada da gravidade da situação – uma situação que espelha bem o estado a que chegou o País após quase trinta e seis anos de política de direita perpetrada por sucessivos governos PS/PSD/CDS e agora complementada pela acção mortífera da troika ocupante.
As causas deste aumento de mortes – dizem vários especialistas – radicam nas «medidas de austeridade» e na «pobreza» por elas provocada, ou seja: parte grande destas mortes tem a ver com «alimentação má que deixa as pessoas mais vulneráveis ao vírus da gripe»; com a impossibilidade de «pagar a electricidade e os transportes»; com as «dificuldades de acesso aos cuidados de saúde e aos medicamentos», havendo «quem vá à farmácia e só avie parte da receita»… – e mais todo o vasto conjunto de males que, afectando impiedosamente a imensa maioria dos portugueses, incidem de forma agravada sobre essa camada mais frágil da população que são os idosos, sistematicamente humilhados e ofendidos por governantes desprovidos da mais elementar sensibilidade humana.
Estamos, então, perante uma autêntica acção de extermínio de idosos levada a cabo por um governo que, tendo como preocupação exclusiva a defesa dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, se está nas tintas para Portugal e para os portugueses.
Comentando os trágicos números acima referidos, um responsável minimizou a situação afirmando que «não está a acontecer nada fora do previsto».
Se é assim, se tudo isto e o mais que aí vem estava e está previsto, então é mais do que certo que tratar-nos da saúde, a todos, está nas previsões macabras do Governo e da troika.
E assim sendo, só nos resta, em legítima defesa, tratar-lhes da saúde, correndo definitivamente com eles.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 1998, 15.03.2012
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