31 outubro 2010/Vermelho EDITORIAL http://www.vermelho.org.br
A alma brasileira está desperta e vigilante – esta é uma das conclusões que se impõem hoje com a vitória de Dillma Rousseff para a Presidência da República. Dando a ela mais de 55,5 milhões de votos (mais de 56% do total), os brasileiros reafirmaram, nas urnas, a opção pela mudança e pelo avanço que haviam feito em 2002 e 2006 ao eleger Lula para o mais alto cargo da nação.
Dilma representa a continuidade do projeto que, nas duas eleições anteriores, foi aprovado e confirmado pelo eleitorado, que rejeitou o conservadorismo neoliberal dos tucanos. É um passo novo, e firme, rumo à consolidação das mudanças e do avanço. Se, em 2002, a vitória de Lula foi a escolha da esperança contra o medo, a de Dilma é a afirmação da verdade contra a mentira, a fraude, a truculência. É a derrota do obscurantismo, do atraso, da arrogância antidemocrática, da campanha que, sem poder confessar o programa antipopular e antinacional da direita neoliberal, baseou-se em infâmias e calúnias,
Se a eleição de Lula, em 2002, virou uma página da história e iniciou uma nova etapa na vida brasileira, a de Dilma Rousseff vira outra e confirma a vigência de uma época de consolidação democrática. É preciso avançar, e a derrota da direita em todas as instâncias eletivas do poder político – no Senado, na Câmara dos Deputados e, agora, na Presidência da República – é uma chance histórica que não pode ser desperdiçada, sendo o fundamento para o avanço rápido e consistente nas mudanças.
A democracia brasileira incorporou, de forma ativa, enormes contingentes da população que, até recentemente, estavam na periferia das decisões nacionais e do protagonismo político, de onde respondiam passivamente aos apelos interesseiros da elite constituída pelos chamados formadores de opinião. Isso mudou, apesar dos inescrupulosos esforços feitos pela direita e pelo conservadorismo neoliberal e midiático, cuja insana pregação encontrou resposta limitada entre o eleitorado brasileiro.
São ganhos democráticos que precisam ser consolidados e fortalecidos. Neste domingo, 31 de outubro de 2010, o eleitorado depositou nas mãos de Dilma Rousseff a responsabilidade histórica de levar adiante as reformas que darão consistência e modernidade à democracia em nosso país.
Entre os avanços que o Brasil espera da nova presidenta estão a reforma política democrática que para fortalecer a participação popular na vida política; a reforma agrária contra o latifúndio improdutivo; a reforma urbana, para garantir moradias dignas, segurança e saneamento; a reforma educacional para acabar de vez com o analfabetismo e projetar os brasileiros para novos avanços civilizacionais; a universalização do SUS, garantindo saúde para todos; a reforma tributária, desonerando a renda dos trabalhadores, os investimentos e a produção, e fazendo com que os ricos paguem mais impostos do que o povo. Na área externa, manter e e reforçar a integração continental, a solidariedade entre os povos, a soberania nacional e as relações multilaterais do Brasil com todas as nações. Por fim, principalmente depois da campanha eleitoral em que a mídia monopolista teve um papel iníquo, os brasileiros esperam de Dilma a disposição política de enfrentar o poder das famílias que controlam jornais, revistas e televisão e assegure a democratização da mídia que o país reclama.
A luta contra o atraso, contra a oligarquia, contra a genuflexão perante as potências estrangeiras, atravessou todo o período republicano, até a eleição de Lula em 2002. Agora, com uma mulher na Presidência, vai avançar mais. É o que todos esperam de Dilma Presidente!
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Brasil/Rousseff acompañará a Lula en su última gira internacional
1 noviembre 2010/TeleSUR http://www.telesurtv.net
La nueva líder brasileña acompañará a Lula en su gira internacional que iniciará en Mozambique, donde inaugurarán una empresa fábrica farmacéutica, y continuará en Corea del Sur. El actual mandatario brasileño hará un mayor énfasis en integrar a Rousseff con los países latinoamericanos.
La primera presidenta electa de la historia de Brasil, Dilma Rousseff, integrará la comisión del actual mandatario Luiz Inácio Lula da Silva, que lo acompañará en su última gira internacional por países africanos, asiáticos y latinoamericanos antes de que entregue su mando el próximo 1 de enero.
La gira iniciará este sábado por Mozambique y pasará por Corea del Sur donde ambos participarán en la Cumbre de los países del G-20, según informó el ministro de Planificación, Paulo Bernardo Silva.
"Ella (Rousseff) comentó que va a descansar unos días para después comenzar a viajar con el presidente", afirmó Silva, quien es muy allegada la presidenta electa.
Según el ministro de Planificación, quien participó en una reunión efectuada este domingo en la residencia presidencial del Palacio Alvorado, Lula quiere que Rousseff lo acompañe en al menos ocho viajes que realizará hacia el exterior hasta el 1 de enero.
De acuerdo con Silva, el actual mandatario consideró que Rousseff debe acompañarlo prioritariamente a los encuentros que realizarán los presidentes de los países latinoamericanos como las reuniones del Mercado Común del Sur (Mercosur) y cumbre de la Unión Naciones Suramericanas (Unasur) que se realizará en Guyana.
Durante su viaje a Mozambique, ambos dignatarios inaugurarán una fábrica de medicinas que Brasil ayudó a montar en ese país.
Posteriormente viajarán rumbo a Corea del Sur para la Cumbre del G-20, el grupo que reúne a las economías más desarrolladas y a los países emergentes.
En este encuentro será ratificada la decisión de modificar la estructura del Fondo Monetario Internacional (FMI) para darle mayor participación y poder en el organismo a países emergentes como Brasil y China.
El actual líder brasileño ha anunciado que aprovechará el encuentro para solicitar un acuerdo que detenga la actual guerra de divisas, generada por varios países que han devaluado su moneda artificialmente para aumentar la competitividad de sus exportaciones.
En su primer discurso como presidenta electa, Rousseff sostuvo que Brasil trabajará arduamente dentro de las instancias internacionales para enfrentar las especulaciones financieras y proteger la moneda brasileña.
"Es necesario, en el plano multilateral, establecer reglas más claras y más cuidadosas" y "limitar la especulación desmedida que aumenta la volatilidad de los capitales y de las monedas", dijo.
Asimismo buscará "erradicar la miseria, la creación de oportunidades para todos los brasileños y todas las brasileñas, es nuestra ambiciosa meta, pero no es sólo la voluntad del Gobierno de Brasil, le hago un llamado a los empresarios, a la Iglesia, a las universidades, a las gobernaciones, a las alcaldías y demás personas del país porque no podemos seguir adelante mientras hayan brasileños con hambre, familias pobres y niños abandonados a su suerte", manifestó en la Sala de Prensa de su comando de campaña.
Agregó que "asumo humildemente mi misión pero, le pido el apoyo a todos para superar el abismo que nos separa de ser un país desarrollado".
La economista brasileña se convirtió este domingo en la primera mujer electa presidenta de ese país en 121 años de República, al vencer en la segunda vuelta de las elecciones con 56 por ciento de los votos a su rival de derecha, José Serra, que alcanzó 43 por ciento.
Con 99,99 por ciento de los votos escrutados, la candidata del Partido de los Trabajadores (PT) ganó la contienda al sumar 55 millones 752 mil 493 (56,05%) de sufragios, mientras que Serra obtuvo 43 millones 711 mil 299 (43,99%), según lo publicado por el Tribunal Supremo Electoral en su sitio en internet.
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Bulgaria-Descended Dilma Rousseff Becomes Brazil's New President
November 1, 2010/Novinite (Bulgaria) http://www.novinite.com
Dilma Vana Rousseff, a Brazilian politician of Bulgarian origin, is the new President of Brazil, according to the country's central electoral commission.
62-year-old Rousseff of the Workers' Party has defeated Social-Democratic Party candidate Jose Serra in the second round of Brazil's Presidential Elections.
Rousseff grabbed hold of the Brazilian Presidency with 55.39% of the valid votes in the runoff, vs. 44.61% for Serra.
Dilma has thus begun the first woman to be President of the fifth largest country in the world in terms of territory and population, and the eighth largest global economy.
On October 3, 2010, Bulgaria-descended Dilma Rousseff from the Workers' Party won the first round of Brazil's presidential elections but fell short of the 50% plus 1 vote needed to evade a runoff. Back then Rousseff won more than 46.6% in the first round of Brazil's presidential elections, while her main rival Serra received about 33% in the first round, and Marina Silva from the Green Party, who is believed to have “stolen” votes mostly from Rousseff, was third with about 20%.
Dilma Rousseff is believed to have won the second round of the presidential elections primarily thanks to the votes of the poorer and middle class layers of the Brazilian society.
Brazil's outgoing President Luiz Inacio Lula da Silva himself won both of his terms in the elections in 2002 and 2006 after second-round runoffs. Prior to that Lula ran in every presidential elections since democracy was restored in Brazil in 1985.
A total of nine candidates ran for the presidency of Brazil, with other frontrunners including Marina Silva from the Green Party and Plinio de Arruda Sampaio from the Socialism and Freedom Party.
Rousseff, who has never held an elected office before, has herself acknowledged that her popularity is primarily the result of her promotion by extremely popular president Lula da Silva, whose two terms in office turned Brazil into a world-scale economic powerhouse.
Lula’s former cabinet chief Dilma Rousseff, who would be Brazil’s first female president, has vowed to maintain the social programs and the economic growth that has lifted 21 million people out of poverty since 2003, and has created 15 million new jobs. The Brazilian economy is expected to grow by 7.53% this year, the most since 1985, according to a recent central bank survey.
Until she was tapped by Lula da Silva, Rousseff was the president's little-known Energy Minister and, later, his Chief of Staff. She is also known for being a former Marxist guerrilla, surviving torture in the hands of the military dictatorship in Brazil more than three decades ago.
Rousseff's father, Petar Rusev, also know as Pedro Rousseff, was a Bulgarian leftist who emigrated to France in 1929, and then left for Latin America in the 1944.
Detailed profile of Dilma Rousseff READ HERE
Detailed information about the Bulgarian origin and family of Dilma Rousseff READ HERE
More exciting coverage about Dilma Rousseff's win of the Brazilian Presidential Elections and her connection with Bulgaria read in Monday's Special Edition of the Sofia Morning News, and in the World, Interview, and Features sections of the Novinite.com (Sofia News Agency) website.
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Brasil/QUEM É DILMA, A CARTA QUE LULA TIROU DA MANGA
1 novembro 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br
Dilma Vana Rousseff já teve muitas vidas, muitos nomes e muitos projetos de vida. O que ela nunca imaginou é que seria a primeira mulher brasileira a conquistar, pelo voto, o mais alto cargo da República, até agora ocupado só por homens. Ela foi eleita presidente com 55,5 milhões de votos, correspondentes a 56,01% dos votos válidos, derrotando José Serra, do PSDB, que teve 43,606 milhões de votos, ou 43,99% do total de votos válidos (com 99,56% das urnas apuradas).
Por Tereza Cruvinel, na EBC
Muita gente, dentro e fora do governo, também achava que isso seria impossível: embora a política tenha marcado toda a sua vida, Dilma nunca havia disputado antes uma eleição.
“Dilma não tem jogo de cintura eleitoral”, “Dilma é durona e carrancuda”, “Dilma é uma técnica sem carisma”. “Dilma não tem trânsito entre os partidos e os políticos”. Tudo isso e muito mais foi dito sobre a então ministra-chefe da Casa Civil, quando, ainda em 2008, começou a circular a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pensava nela como candidata a sua sucessão.
No segundo mandato, a aprovação do governo e a popularidade do presidente Lula alcançaram índices inéditos, e isso foi possível porque, depois de ajustar as contas públicas no primeiro mandato, a política econômica, combinada com a política de distribuição de renda e os programas sociais, começou a produzir excelentes resultados: a economia crescia, gerava mais empregos, a renda dos mais pobres aumentava, a desigualdade diminuía, o país se tornava melhor internamente e mais respeitado lá fora. Na era Lula, cerca de 28 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema e ascenderam socialmente.
Mas esse paraíso político foi precedido de um inferno zodiacal. No primeiro mandato esses resultados ainda não haviam aparecido. Além de ter feito um ajuste fiscal necessário, mas que atrasou a retomada do crescimento, o governo enfrentou escândalos que minaram a popularidade de Lula e do PT.
Os nomes fortes do partido, que poderiam ter sido alternativas sucessórias para 2011, foram todos queimados nas crises do primeiro mandato. José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, foi cassado no escândalo do mensalão, e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi alvejado pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo.
Na substituição de Dirceu, Lula surpreendeu a todos ao descartar quadros políticos do PT e dos partidos aliados e convidar Dilma, então ministra de Minas e Energia, de perfil eminentemente técnico. Lula pediu-lhe um choque de gestão na Casa Civil e uma atuação mais gerencial e menos política. Era exatamente o que ela sabia fazer.
Mas esta não foi a primeira vez que Lula surpreendeu com o nome de Dilma. Ele a conhecera no Rio Grande do Sul, como secretária de Minas e Energia do governo do petista Olívio Dutra. Na montagem do primeiro ministério, em 2002, ele desautorizou um acordo já fechado por seu coordenador político José Dirceu com o PMDB e entregou a ela a pasta de Minas e Energia.
Ali, Dilma trabalhou duro para evitar um novo apagão elétrico, como o que houvera no governo de Fernando Henrique, desenvolveu o Programa Luz para Todos, planejou a construção de novas hidrelétricas e a diversificação da matriz energética brasileira. Essa dinâmica é que Lula queria na Casa Civil. E Dilma não o decepcionou. Passou a coordenar as ações de todo o governo e ganhou fama de durona. “Até parece que vivemos cercadas por homens meigos e delicados”, ironizou Dilma na época.
A ministra havia brigado pela redução do superávit fiscal para que sobrassem mais recursos para investimentos em obras de infraestrutura, que criam as bases para o crescimento de longo prazo, aquecem a economia e geram empregos. No final do primeiro mandato, já havia dinheiro para isso e ela elaborou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pedido por Lula.
O programa foi lançado em janeiro de 2007, nos primeiros dias do segundo mandato. O PAC previa investimentos de R$ 500 bilhões em quatro anos, em grandes obras de infraestrutura, como portos, ferrovias e hidrelétricas, gastos com obras em favelas e o financiamento habitacional maciço, como o programa Minha Casa, Minha Vida.
Foi na inauguração de obras de saneamento e habitação numa favela do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão, no dia 7 de março de 2008, que Lula começou a escolher sua sucessora. "A Dilma é uma espécie de mãe do PAC. É ela que cobra, junto com o Marcio Fortes [ministro das Cidades], se as obras estão andando. e agora vocês também vão ver o que é ser cobrado pela Dilma."
Em recente entrevista à TV Brasil Internacional, Lula nos contou, no intervalo da gravação, que naquele dia começou a amadurecer a ideia de que Dilma poderia ser a candidata que ele não tinha para a sucessão que se aproximava. A oposição tinha dois nomes fortes, Aécio Neves e José Serra, ambos já provados nas urnas.
Dilma não tinha experiência eleitoral, mas representava uma novidade. Era mulher, pensava o presidente. Se conseguisse transferir para ela uma parte de sua imensa popularidade, poderia elegê-la.
Ela surpreendeu-se com a confidência, mas não recusou a ideia. Dilma sabia de todas as dificuldades que seu nome enfrentaria, inclusive dentro do PT. Lula tratou disso com os dirigentes do partido. Dilma não era mesmo um quadro histórico, mas o partido também não tinha outro nome. Quem tinha a força era Lula e sua indicação foi prontamente aceita. O PT a escolheu oficialmente em fevereiro deste ano. Dilma deixou o governo, juntamente com dez ministros, em 31 de março para enfrentar a aventura eleitoral.
Muitos nomes, muitas Dilmas
Mas quem é esta mulher que, tendo pensando em ser bombeira ou trapezista, tendo enfrentado a prisão e a tortura por causa de suas ideias políticas, mas nunca tendo disputado uma eleição, torna-se a primeira presidente do Brasil?
Embora não tivesse mesmo disputado qualquer eleição antes, a política sempre foi o motor da vida de Dilma. Sua atuação começou no movimento estudantil, no segundo grau e depois na universidade, combatendo a ditadura militar. A militância a levará para a clandestinidade e para a prisão. Enfrentará a tortura nos porões do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e três anos de reclusão no Presídio Tiradentes.
Tudo começou em Belo Horizonte, onde ela nasceu em 14 de dezembro de 1947. Seu pai, Pedro Rousseff, foi um imigrante búlgaro. Chegou ao Brasil nos anos 30, casou-se com uma professora chamada Dilma e tiveram três filhos, formando uma típica família de classe média.
Dilma, a mais velha, estudou primeiro num colégio de freiras tradicional, o Sion, onde tomou gosto pelos livros, principalmente os de literatura. Há pouco tempo, ficou sabendo que só ela e mais três colegas do Sion seguiram carreiras profissionais. As outras tornaram-se donas de casa, como era o costume.
No ano de 1964, em que os militares derrubaram o presidente João Goulart, dando início à ditadura, Dilma entrou para o Colégio Estadual Central, foco da agitação estudantil secundarista da capital mineira. Três anos depois passa no vestibular para economia, na UFMG, e ingressa na organização esquerdista Polop, tornando-se uma líder estudantil importante, culta e combativa.
Nesse tempo aconteceram coisas importantes na vida de Dilma. Conquistou amigos que tem até hoje, como o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, e o hoje deputado José Aníbal, do PSDB. Namorou com Cláudio Galeno e com ele teve um casamento que durou pouco. A vida agitada e o mergulho que foi obrigada a dar na clandestinidade não ajudaram.
Nessa época, a Polop se transforma em Colina (Comando de Libertação Nacional), que irá se fundir com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), formando a VAR-Palmares. A VAR-Palmares fez algumas ações armadas contra a ditadura, mas Dilma, que atuava em estratégia e planejamento, não participou de nenhuma delas. Na campanha, entretanto, essa passagem de sua vida foi muito explorada.
Na clandestinidade, como mandavam os manuais de segurança, Dilma usou vários codinomes. Chamou-se Luiza, Wanda, Marina, Estela, Maria e Lúcia. Separa-se de Galeno, que vai para o exílio, e conhece Carlos Franklin de Araújo, que vem a ser seu segundo marido e pai de sua filha Paula.
Em 1970, Dilma é presa e brutalmente torturada durante várias semanas. Depois é condenada a três anos de reclusão, tempo em que passou sobretudo no Presídio Tiradentes, onde o marido Carlos Araújo também cumpria pena em outra ala. Três anos depois, após serem libertados, constroem uma vida juntos no Rio Grande do Sul, onde nasce Paula, que no final do primeiro turno, dará a Dilma seu primeiro neto, Gabriel.
Em Porto Alegre, já em liberdade, Dilma consegue terminar o curso de economia e a seguir cursa o mestrado. Atua, com o marido, nos movimentos pela anistia e pela redemocratização. Ajudam a fundar no estado o PDT de Leonel Brizola.
Em 1986, o pedetista Alceu Collares elege-se prefeito de Porto Alegre e convida Dilma para ocupar a Secretaria Municipal de Fazenda. Collares elege-se governador em 1990 e ela se torna secretária estadual de Minas, Energia e Comunicação.
O governo de Collares era fruto de uma aliança entre o PDT e o PT, que se romperá em 1994. Dilma faz então a opção pelo PT, filiando-se ao partido. Outra aliança que se rompe nessa época é a matrimonial. Separa-se do marido Carlos Araújo, embora preservem grande amizade e cumplicidade até hoje. Foi como secretária de Minas e Energia que Dilma conheceu Lula e despertou seu interesse, valendo-lhe, mais tarde, a nomeação para a pasta de Minas e Energia.
Um câncer no caminho
A caminhada para a Presidência não foi fácil. Com a candidatura já definida por Lula e aceita pelo PT, Dilma descobre, no inicio de 2009, que tinha um câncer linfático. O anúncio da doença, no dia 25 de abril, foi uma decisão corajosa.
No primeiro momento, a candidatura foi dada como inviável. Ela poderia não vencer a doença e, mesmo que vencesse, o eleitorado poderia rejeitar seu nome, temendo o pior. Os médicos garantem chances de cura superiores a 90%. Dilma faz sessões de quimioterapia, perde o cabelo e usa peruca por uns tempos, sem interromper a rotina de trabalho na Casa Civil. No final do ano, os médicos a declaram curada.
No final de 2009, a sua saúde vai bem e a popularidade do presidente, melhor ainda. Dilma volta a um hospital, mas agora para cuidar da imagem. O conselho fora de Lula. Ela faz uma plástica e reaparece em público, em 2010, com a fisionomia mais jovem e descansada. Está começando a batalha eleitoral.
Mas ela começa em desvantagem. Em fevereiro deste ano, tinha uma média de 28% de preferência e José Serra, do PSDB, sempre mais de 40%. O primeiro empate acontece em maio deste ano, mas surge um fator inesperado – o crescimento da candidatura de Marina Silva, que trocara o PT pelo PV.
A campanha começa para valer em agosto e o presidente Lula entra em campo, garantindo a transferência de votos de que muita gente duvidava. Em 15 de maio deste ano, o instituto Vox Populi divulga a primeira pesquisa em que Dilma, com 38%, ultrapassa José Serra, com 35%.
Diferentes institutos apontam a vitória de Dilma no primeiro turno de 3 de outubro por mais de 50% dos votos, mas ela obtém apenas 47% dos votos. Os analistas apontam duas causas para o segundo turno. O crescimento da candidata Marina Silva, do PV, e uma forte onda de boatos, inclusive pela internet, acusando Dilma de ser a favor do aborto e do casamento entre homossexuais. Ela perde milhões de eleitores entre católicos e evangélicos.
No segundo turno, a campanha é agressiva, os candidatos sobem o tom nos debates e o presidente Lula volta à arena eleitoral. Mas desta vez ela alcança a maioria necessária e torna-se a primeira presidente eleita do Brasil.
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