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Maputo, 1 novembro 2010 (AIM) - O Primeiro-Ministro moçambicano, Aires Ali, defendeu hoje em Maputo que, apesar da pobreza ser geograficamente localizada, as suas múltiplas consequências ultrapassam as fronteiras nacionais.
O governante moçambicano fez esta constatação esta tarde falando na abertura da Conferência dos Ministros da Energia da União Africana (CEMA) que iniciou hoje na capital moçambicana sob o lema “Promoção do Investimento para o Desenvolvimento de Infra-estruturas energéticas em África no contexto de desafios climáticos”.
“A prevalência da actual situação de escassez de energia, numa fase em que testemunhamos grandes avanços no desenvolvimento tecnológico de construção de infra-estruturas energéticas amigas do ambiente, não é defensável e nem justificável. Hoje todos necessitamos de todos para a sobrevivência de todos” disse Ali.
Segundo o Primeiro-Ministro, a prevalente escassez de energia em África constitui fundamento a conjugação de esforços na busca de soluções para este problema.
“É precisamente o rápido crescimento da procura de energia decorrente do desenvolvimento socioeconómico dos nossos países, sem o devido acompanhamento em termos dos fluxos de investimento nas últimas duas décadas, a causa principal da actual crise, afectando essencialmente a segurança no fornecimento de energia”, salientou ele.
Aires Ali disse que a aposta de África deve ser de continuar a intensificar o desenvolvimento e aproveitamento racional dos recursos em benefício do povo, privilegiando soluções baseadas em fontes de energia limpa e amiga do ambiente.
Para o governante moçambicano, os principais desafios desta área são a insuficiente capacidade de produção de electricidade para satisfazer a crescente procura deste recurso, o baixo nível de acesso de energia tanto para actividades de geração de rendimento, serviços básicos e uso doméstico, bem como a dependência da população por fontes de energia de baixa qualidade.
Falando na mesma ocasião, a Comissária da União Africana para Infra-estruturas e Energia, Elham Ibrahim, considerou económica e socialmente inaceitável a contradição de apenas dois terços da população africana ter acesso a electricidade, apesar do continente possuir altas potencialidades hídricas.
Ibrahim considerou ainda o reforço de infra-estruturas de electricidade como uma prioridade na agenda de desenvolvimento do continente. Esta conferência dos Ministros, a decorrer até a próxima Sexta-feira, coincide com o lançamento da primeira Semana Africana de Energia e o Fórum Pan-Africano de Investimentos (na área de energia).
A reunião dos Ministros só irá acontecer na Sexta-feira, depois de uma série de eventos e apresentações de temas sobre financiamento, investimentos, infra-estruturas regionais, promoção de investimentos entre outros.
Na sua intervenção durante a abertura do encontro, o representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), um dos maiores financiadores de projectos de energia em África, disse que, nos últimos 10 anos, esta instituição financeira desembolsou mais de 20 biliões de dólares americanos para projectos de electrificação rural, desenvolvimento de energia eléctrica e ligações regionais.
“Nos países de renda baixa, de 2006 a 2009, o Banco financiou projectos que instalaram ou reabilitaram 5.811 quilómetros de linhas de transmissão, construiu ou reabilitou 658 subestações e transformadores, com 42.500 linhas de serviço e instrumentos de energia que providenciaram electricidade para os africanos”, disse ele.
O representante do BAD recordou que as economias africanas estão novamente a recuperar, depois das crises energética e financeira, sendo por isso necessário sustentar essa tendência. “Se o continente quiser sustentar esse crescimento, os países precisam de ter acesso a serviços de energia adequados e acessíveis e através de visões e planos de longo prazo, integrando a energia nos planos de desenvolvimento, forjando parcerias para mobilizar recursos e tornando a integração regional numa realidade”, referiu ele.
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