15 outubro 2010/Agência de Informação de Moçambique (AIM)
Por Gustavo Mavie, em Macau
A China é, de há uns anos a esta parte, o primeiro caso em toda a história da humanidade, uma verdadeira tábua de salvação de vários países e, por mais incrível que pareça, daqueles que até há bem pouco tempo eram os seus piores detractores ou mesmo inimigos.
Aliás, são os mesmos países que, num passado recente, a tratavam com desdém e desprezo total, rotulando-a de Reino do Mal, de China Comunista ou Vermelha e outros epítetos pouco abonatórios.
O apoio da China aos seus antigos detractores, que durante mais de 50 anos tudo fizeram para afundar este país asiático de mais de 1,3 biliões de habitantes, tal como aconteceu com vários outros, incluindo a extinta-URSS outros que também seguiam o comunismo e o socialismo como sua filosofia político-económica, só prova que Beijing guia-se com os sábios ensinamentos do seu Grande Mestre, Confúcio que viveu entre os anos 551-479 AC, e que sempre defendeu a necessidade de se evitar as vinganças a todo o custo, porque só eternizam os ódios.
Ao invés de se vingar, Beijing, agora que é todo poderoso e detentor de uma reserva de dólares americanos superior a dos próprios EUA, opta por acudir financeiramente muitos países que ontem a tratavam com o referido desdém e repugnância, quando ainda estavam financeira e economicamente estáveis.
Para muitos custa acreditar que seja esta mesma China, que concede apoios aos seus antigos delatores, que incluem quase todos os países ocidentais encabeçados pelos EUA e a Grã-Bretanha, este último cujo primeiro-ministro, o jovem David Cameron, encontra-se agora aqui na China de visita a busca salvação.
Até Domingo da semana corrente, 14 de Novembro, a China já havia garantido apoios financeiros na ordem de um bilião de libras esterlinas, isto segundo a “BBC”.
Este montante surge de um país, que ontem a Grã-bretanha rogava pragas. Não existem duvidas que Cameron deve estar agora a sentir-se assombrado pelas palavras dos seus antecessores nesta sua visita à China.
Avizinha-se a era em que Cameron e todo o Ocidente terão de se ajoelhar perante à China, porque as projecções dos peritos da Wall Street e não só, sustentam que este país asiático deverá destronar os EUA em 2012 do título de super potência mundial, uma posição detém há mais de 50 anos.
Para que isso aconteça faltam apenas pouco mais de 13 meses!!!
Eles sustentam que se não ocorrer um “tsunami” na economia chinesa, o século XXI será seguramente da China, a semelhança daquilo que o século XX foi para os EUA.
Aliás, a profecia de que a China será a maior potencia mundial neste século, já vem sendo anunciada por peritos insuspeitos, incluindo os próprios americanos, como o académico e político Henry Kissinger que foi um dos ministros dos estrangeiros mais iluminados dos EUA nos últimos decénios.
Esta profecia é melhor explicada e sustentada num célebre livro, intitulado “O Século Chinês”, de autoria do jornalista italiano Federico Rampini, que viveu na China durante 25 anos, e que recomendo a todos que queiram compreender a metamorfose da China de noite para dia, da pobreza abismal para a abundância e elevar o seu país para a posição de virtual super potência mundial.
A China é uma grande lição para os povos que ainda se debatem com a fome e pobreza, como o povo moçambicano, que quando ouve os apelos dos seus líderes, como o Presidente Armando Guebuza, para um maior empenho na luta contra estes males, algumas pessoas escutam com um acentuado cepticismo ou mesmo descrédito total.
Graças a sua entrega abnegada ao estudo sério e trabalho árduo, a China tornou-se desde 2008 no país que comprou a maior dívida pública do Governo norte-americano. Actualmente, a China é a segunda maior economia mundial, e como já foi referido com enormes possibilidades de se catapultar para o primeiro lugar.
Há também indicações de que a China detém uma reserva em dólares superior a dois triliões de dólares, enquanto que os EUA têm um deficit acumulado de igual montante no corrente ano.
Tudo isto leva vários peritos a afirmar, com muita segurança, que a China vai destronar os EUA do título de super potência em 2012, por que a sua economia continua a registar um crescimento acelerado anual de nove por cento, contra 1,5 por cento dos EUA.
Segundo a “BBC”, os EUA enfrentam muitas dificuldades para manter alguma liquidez, uma situação que forçou a Reserva Federal dos EUA, Banco Central, a colocar no mercado mundial mais 600 biliões de dólares.
Esta decisão levou alguns analistas a rotular esta operação de ‘’tsunami monetária’’.
Outro dado é que os EUA são o maior importador de produtos chineses, tendo em 2008 registado um défice comercial favorável a Beijing de 266,3 biliões de dólares. Durante a Cimeira do G20, que teve lugar semana passada em Seul, capital sul coreana, a China deixou claro que está pronta e capaz de lançar a sua tábua ou bóia de salvação para resgatar as economias dos outros países membros em apuros, incluindo os EUA, Grã-bretanha e Itália.
Repentinamente, e sem ter abandonado a sua filosofia comunista, a China já é namorada por aqueles que a vilipendiavam e diabolizavam.
Mas hoje, já se ajoelham perante Beijing pedindo encarecidamente que os acuda da chama financeira que os aflige, e que foi lhes ateada pela selvática globalização económica que, a partir dos finais dos anos 80, teimaram em aplicar não obstante as advertências feitas por peritos em questões financeiras, de que a liberalização total e desfasamento completo da economia mundial iriam arruinar os países que fossem adoptar cegamente essas práticas.
Uma das advertências está contida num célebre livro escrito por dois prestigiados jornalistas alemães, intitulado “The Global Trap”, (Armadilha Global, tradução em português), cujos autores, no meu parecer, deveriam ganhar retroactivamente o Prémio Nobel de literatura ou mesmo de economia.
Nos anos da vilipendiarização da China, quando os líderes ocidentais visitavam este país era para pregarem aos seus dirigentes lições de democracia e direitos humanos. Agora, eles deslocam-se a China para pedir que esta mesma nação resgate os seus países do abismo em que se encontram mergulhados.
Beijing deseja provar ao mundo que é pela ascensão pacífica, razão pela qual a China tem estado a apoiar financeira e materialmente os países ocidentais, incluindo os EUA.
Consta mesmo que Beijing teve de comprar a dívida mal-parada de Washington, para que os cartões de crédito dos norte-americanos continuassem válidos. Isto mostra que a China guia-se com os ensinamentos do seu grande Mestre Confúcio.
Este filosofo chinês sempre pregou que apenas aquele que domina a sua ira, consegue dominar o seu pior inimigo, ao mesmo tempo vincava que deve-se manter sempre a cabeça fria, um coração sereno e uma mão larga para acudir todos os que querem o nosso apoio, porque segundo Confúcio, só pode ser sempre feliz aquele que procura ser feliz com todos.
LÍDERES E MEDIA OCIDENTAL TENTAM CONFUNDIR POVOS AFRICANOS
É curioso notar que enquanto o Ocidente tem estado a pedir apoio à China, e dela se vale para manter os seus países numa relativa estabilidade, os seus líderes e a sua media têm feito tudo para confundir os povos africanos, e levá-los a encarar Beijing como quem apenas tem como único interesse, isto e’, delapidar os seus recursos naturais.
Na verdade, esta é uma velha táctica usada no passado, quando a China apoiava a luta dos povos africanos pela sua independência contra o colonialismo ocidental no século passado.
Nessa altura, alegavam que a China estava a exportar o seu bizarro comunismo.
Agora que a China está apoiando o desenvolvimento dos países africanos, acusam-na de estar a delapidar os seus recursos naturais. Tudo isto visa travar a China de aumentar a sua musculatura económica, e dos seus amigos africanos, através de um intercâmbio económico baseado na tese de ganhos mútuos, ou “win-win” em inglês.
Estas criticas surgem porque a China estendeu uma mão larga ao próprio Ocidente, nesta hora em que as suas economias estão em crise. O certo é que esta ascensão económica deste tigre asiático, está causando insónias aos ocidentais, como já previa Napoleão, quando disse há mais de 200 anos, “no dia em que a China acordar do longo sono em irá abalar o mundo”.
De facto, esta rápida ascensão da China está preocupando as lideranças das nações ocidentais que, como dissemos, passaram a falar mal deste pais asiático, desde que Mao Zedong a proclamou como uma Republica Popular, e adoptou a filosofia comunista como seu sistema político.
Contudo, esta sua falácia de que a China só quer abocanhar os recursos naturais da Africa, está caindo em buraco sem fundo, porque é desmentida com os massivos apoios que Beijing tem estado a canalizar aos países africanos e que são tão visíveis mesmo aos leigos em matéria de cooperação que, na definição mais simples, significa dar o que se tem, para receber o que não se tem.
Na verdade, isto é o que a China tem estado a fazer, isto é, a dá o que tem, que são as finanças, conhecimento e tecnologia de ponta, em troca do que não tem, que são as matérias primas para alimentar a sua cada vez mais poderosa indústria.
No Domingo, da semana corrente, a China atribuiu pouco mais de três biliões de dólares para os países de língua portuguesa financiarem os seus projectos de desenvolvimento nos próximos três anos.
Além de dinheiro, a China tem estado a construir infra-estruturas em vários países africanos, incluindo em Moçambique, onde são quase incontáveis as obras de grande envergadura que foram construídas por engenheiros e operários chineses, juntamente com os seus colegas moçambicanos, e tudo com o financiamento chinês.
Todo este apoio da China a Moçambique e a outros países africanos, levaram o primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, a dizer aqui em Macau, onde esteve a participar no III Fórum Macau, que os que ainda teimam em falar mal da China estão a perder o seu rico tempo, e que o melhor que podem fazer e’ aprender deste país, para saberem como é que o seu povo conseguiu alcançar o desenvolvimento em tão curto espaço de tempo, ou seja 15 anos, tempo necessário para construírem todas estas maravilhas que vemos em Macau, como em toda a China.
Esta asserção de Aires Ali vai de encontro com um outro ensinamento de Confúcio, quando dizia “quando vês um homem bom, trata logo de o imitar, mas que quando vês um homem mau, trata de se examinar a si próprio, para que não incorra no mesmo erro”.
De facto, persistir em maldizer a China, é o mesmo que negar que não é o Sol que irradia luz sobre o Mundo. O que a China tem estado a fazer, são obras que calam bem fundo a falácia ou retórica ocidental e da sua imprensa, porque os factos provam que está sendo de facto uma verdadeira tábua de salvação, tanto para os seus velhos amigos, como os moçambicanos, bem como para os seus delatores, o que também confirma que os seus dirigentes e povo são homens superiores, porque segundo o mesmo Confúcio, a característica dos grandes homens, é serem modestos nas palavras, mas abundantes em obras.
Os homens que lideram a China fizeram e estão fazendo obras abundantes neste país que são um verdadeiro fascínio para quem a vista, como bem o diz Rampini, no seu épico “O Século Chinês”, e estão ajudando outros povos a fazer o mesmo nos seus países também, como diria Aires Ali, pouco antes de deixar Macau, de regresso ao seu país, todo feliz, por ter recebido mais um apoio financeiro chinês.
“Guardem-me bem esse dinheiro aí nessa pasta. Não a deixem cair nem mesmo no Oceano Índico”, disse Aires Ali, em tom irónico mas muito feliz, referindo-se a pasta que continha o acordo assinado entre Moçambique e a China, em Macau, com base no qual formalizou-se a atribuição, por Beijing, de mais 64 milhões de dólares que irão financiar a segunda e última fase da reabilitação e modernização do Aeroporto Internacional da capital moçambicana.
São apoios como estes e outros igualmente visíveis, que levam muitos moçambicanos a morrer de amores pela China, um país que se impregnou nos seus corações, porque os ajudou a se libertarem do terrível colonialismo português, e agora os está ajudando no difícil e oneroso processo do desenvolvimento do seu país.
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