15 novembro 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br
Em suas mais recentes reflexões, publicadas neste domingo (14) à noite, e entituladas "El G-20, la APEC y la extremaunción de la credibilidad" (O G-20, a Apec e a extrema unção da credibilidade), Fidel Castro denuncia política estadunidense que não consegue sustentar suas promessas e perspectivas anunciadas.
Fidel Castro fala sobre o crescimento populacional do mundo (e as consequências da defesa de um sistema social incompatível com a vida da humanidade) e analisa o fato curioso de uma país como Papua Nova Guiné fazer parte da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla e inglês).
Em seguida, descreve o processo de colonização e independência deste país (apenas em 1975), as suas riquezas naturais e a exploração que sofreu, primeiro por colonização europeia e depois norte-americana, deixando claro que, embora tenha sido um povo que lutou por muito tempo pela sua independência, trata-se de um país de frágil economia e até mesmo frágil integração enquanto nação, ou seja, de fácil manipulação pelos EUA. Em seguida conclui, sobre a Apec:
"Não preciso explicar os estreitos vínculos históricos que existem entre nosso país e as antigas colônias portuguesas; nossos combates contra as tropas do apartheid - a quem o governo de Reagan subsidiou armas nucleares estratégicas - concedem ao nosso país autoridade moral para opinar sobre as decisões da Apec, quando o Governo dos Estados Unidos impõe medidas que golpeiam os intereses de todos os países, inclusive os outros membros dessa instituição".
Desvalorização do Yuan
Fidel refere-se à decisão do fórum de valorização forçada do yuan, a moeda chinesa. O primeiro-ministro chinês explica que a moeda já está sendo valorizada, em uma política administrada: em 2005, a relação era de 8,28 yuans por um dólar, e hoje é de 6,70 yuans por um dólar; mas não se comprometeu com garantias quanto à velocidade deste processo. O primeiro ministro disse que não aceitará pressões e que uma decisão precipitada poderia quebrar diversas empresas chinesas que produzem para exportação. "Se a China experimentar uma turbulência econômica e social, isto seria um desastre para o mundo", concluiu o representante chinês.
Concordando com o primeiro ministro chinês, Fidel considera que a América Latina, que tem mercado de quase 1 bilhão de consumidores e perspectivas de crescimento promissoras, importa muitos produtos da China, ao passo que cerca de 80% da exportação dos EUA se baseia em serviços e entretenimento, produtos que não satisfazem as necessidades básicas do povo.
Conselho de Segurança da ONU
O líder cubano cita ainda artigo de André Vltchek sobre métodos utilizados pelos EUA para atacar países não alinhados e considera que a Apec tem carcterística exclusivamente mercadológica. Contundente, Fidel Castro denuncia que Obama negocia cargos no Conselho de Segurança da ONU como se este fosse de sua propriedade, embora sequer deixe claro se essas tais vagas são com ou sem direito a veto: já prometeu ao Japão, à Índia, ao Paquistão, entre outros. Apoiando o pleito brasileiro, embora ainda denunciando a política dúbia de Obama, Fidel declara:
"Igualmente se ignora se tão generoso oferecimiento foi feito também a Lula, apesar de mais de 500 milhões de latinoamericanos e quase um bilhão de africanos não terem representação permanente nesse Conselho. Quanto tempo acredita-se que é possível manipular o mundo dessa forma? Mas talvez eu me equivoque e subestime Obama, se este, em sua euforia, decide oferecer a todos os aspirantes o apoio dos Estados Unidos", conclui o pensamento, de forma irônica, Fidel Castro.
Para o comandante da revolução cubana, as duas reuniões tiveram finais felizes, "como filmes de faroeste hollywwodianos que assistíamos quando éramos colegiais", satiriza. Ele salienta que esta não é, entretanto, a opinião do presidente chinês, Hu Jintao, que demonstrou preocupação quanto ao desemprego nos países desenvolvidos e quanto à inflação e outras possíveis conseqüências em países em desenvolvimento, além de afirmar que não cederá a pressões para mudar sua política econômica.
Fidel Castro informa que Obama terminou sua visita à Ásia com uma visita à estátua de Buda e em seguida relata que o chefe das forças armadas britânicas, general David Richards, disse que a Al-Qaeda não pode ser derrotada e que o Reino Unido será alvo de atentados islamitas ao menos nos próximos 30 anos. Em seguida, o general defendeu que a Inglaterra preocupe-se mais em defender seus próprios cidadãos do que em tentar derrotar forças islamitas, defendendo ainda que as armas reais na guerra contra a Al-Qaeda são a educação e a democracia.
Novo realismo
As declarações do general Richards começam a ser encaradas como um “novo realismo” nos ciclos antiterroristas dos EUA e Reino Unido, como definido por repórter da BBC.
Diante do quadro por si mesmo descrito, Fidel conclui:
"Razões de sobra tem Obama para visitar a estátua do Grande Buda de Kamakura, agora que a direita fascista ganha terreno rapidamente na Europa das correntes reformistas - inclusive a Suécia - e na sociedade de consumo yanki muitas pessoas ignoram quase tudo, e acreditam que justicia social, saúde, educação, solidaridade e paz são coisas de comunistas. Einstein, que desejava que os Estados Unidos antifascistas de Franklin D. Roosevelt tivessem a bomba atômica antes que esta fosse desenvolvida pela Alemanha nazista, jamais pôde sequer imaginar que várias dezenas de anos depois o perigro consistiria em uma extrema direita fascista se apoderar do Governo dos Estados Unidos".
Por Luana Bonone, com Prensa Latina
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