3
agosto 2013, Resistir.info http://www.resistir.info
(Portugal)
por Comité de cidadãos para a paz e contra a
ingerência*
Os tambores da guerra rufam mais
uma vez no Médio Oriente, desta vez com a possibilidade de um ataque iminente à
Síria, após a alegada utilização de armas químicas pelo seu governo. É
precisamente em tempos de crise como este que a defesa da paz pode ser feita da
maneira mais clara e mais óbvia.
Em primeiro lugar, não temos qualquer prova sólida de que o governo sírio tenha utilizado armas químicas. Mesmo se tal prova fosse apresentada por governos ocidentais teríamos de permanecer cépticos, recordando os muitos incidentes dúbios ou falsificados utilizados para justificar corridas à guerra: o incidente do Golfo de Tonquim, o massacre de bebés na incubadora do Kuwait, o massacre Racak no Kosovo, as armas de destruição maciça no Iraque e a ameaça de um massacre em Bengazi. Vale a pena notar que a evidência que aponta a utilização de armas química pelo governo sírio foi proporcionada aos Estados Unidos pela inteligência israelense, a qual não é exactamente um actor neutro.
Mesmo que desta vez as provas fossem autênticas, isso não legitimaria acção unilateral por parte de ninguém. A acção militar ainda precisa de uma autorização do Conselho de Segurança. Aqueles que se queixam da sua "inacção" deveriam ter em mente que a oposição russa e chinesa à intervenção na Síria é motivada em parte pelo abuso das potências ocidentais da resolução do Conselho de Segurança a fim de executar "mudança de regime" naquele país. Aquilo que no Ocidente é chamado de uma "comunidade internacional" desejosa de atacar a Síria está reduzido essencialmente a dois países importantes (Estados Unidos, e França), dentre as quase duas centenas de países do mundo. Não é possível qualquer respeito pelo direito internacional sem o respeito pela opinião decente do resto da humanidade.
Mesmo se uma acção militar fosse permitida e executada, o que podia ela conseguir? Ninguém pode controlar armas química seriamente sem por "botas sobre o terreno", o que não é considerado uma opção realista após os desastres do Iraque e do Afeganistão. O Ocidente não tem aliado verdadeiro e confiável na Síria. Os jihadistas a combaterem o governo não tem mais amor ao Ocidente do que aqueles que assassinaram o embaixador dos EUA na Líbia. Uma coisa é receber dinheiro e armas de um país, mas outra muito diferente é ser um aliado genuíno.
Tem havido ofertas de negociação provenientes dos governos sírio, iraniano e russo, as quais têm sido tratadas com arrogância pelo Ocidente. Aqueles que dizem "não podemos conversar ou negociar com Assad" esquecem que isto foi dito acerca da Frente de Libertação Nacional na Argélia, de Ho Chi Minh, Mao, a União Soviética, a OLP, o IRA, a ETA, Mandela e o ANC e muitas guerrilhas na América Latina. A questão não é se alguém fala com o outro lado, mas após quantas mortes desnecessárias se aceita fazê-lo.
O temor que os EUA e seus poucos aliados remanescentes actuassem como polícia global está realmente ultrapassado. O mundo está a tornar-se mais multipolar e os povos do mundo querem mais soberania, não menos. A maior transformação social do século XX foi a descolonização e o Ocidente deveria adaptar-se ao facto de que não tem nem o direito, nem a competência, nem os meios para dominar o mundo.
Em parte alguma a estratégia de guerras sem fim fracassou mais miseravelmente do que no Médio Oriente. No longo prazo, o derrube de Mossadeg no Irão, a aventura do Canal de Suez, as muitas guerras israelenses, as duas guerras do Golfo, as ameaças constantes e sanções assassinas primeiro contra o Iraque e agora contra o Irão, a intervenção líbia, não conseguiram nada mais do que novos banhos de sangue, ódio e caos. A Síria só pode ser mais um fracasso para o Ocidente sem uma mudança radical na política.
A verdadeira coragem não consiste em lançar mísseis de cruzeiro meramente para exibir um poder militar que se está a tornar mais ineficaz. A verdadeira coragem jaz e romper radicalmente com essa lógica mortal. Em obrigar, ao invés, Israel a negociar de boa fé com os palestinos, convocar a conferência Genebra II sobre a Síria e discutir com os iranianos o seu programa nuclear, levando em conta honestamente os legítimos interesses económicos e de segurança do Irão.
A recente votação contra a guerra no Parlamento Britânico, bem como reacções nos media sociais, reflectem uma alteração maciça de opinião pública. Nós no Ocidente estamos cansados de guerras e estamos prontos para juntarmo-nos à comunidade internacional real exigindo um mundo baseado na Carta das Nações Unidas, desmilitarização, respeito pela soberania nacional e igualdade de todas as nações.
O povo do Ocidente também pede para exercer seu direito à auto-determinação: se tiverem de ser travadas guerras, elas devem tem como base debates abertos e a preocupação pela nossa segurança nacional e não sobre alguma mal definida noção de um "direito a intervir", o qual pode ser facilmente manipulado e abusado.
Cabe a nós obrigar nossos políticos a respeito esse direito.
PELA PAZ E CONTRA A INTERVENÇÃO
Em primeiro lugar, não temos qualquer prova sólida de que o governo sírio tenha utilizado armas químicas. Mesmo se tal prova fosse apresentada por governos ocidentais teríamos de permanecer cépticos, recordando os muitos incidentes dúbios ou falsificados utilizados para justificar corridas à guerra: o incidente do Golfo de Tonquim, o massacre de bebés na incubadora do Kuwait, o massacre Racak no Kosovo, as armas de destruição maciça no Iraque e a ameaça de um massacre em Bengazi. Vale a pena notar que a evidência que aponta a utilização de armas química pelo governo sírio foi proporcionada aos Estados Unidos pela inteligência israelense, a qual não é exactamente um actor neutro.
Mesmo que desta vez as provas fossem autênticas, isso não legitimaria acção unilateral por parte de ninguém. A acção militar ainda precisa de uma autorização do Conselho de Segurança. Aqueles que se queixam da sua "inacção" deveriam ter em mente que a oposição russa e chinesa à intervenção na Síria é motivada em parte pelo abuso das potências ocidentais da resolução do Conselho de Segurança a fim de executar "mudança de regime" naquele país. Aquilo que no Ocidente é chamado de uma "comunidade internacional" desejosa de atacar a Síria está reduzido essencialmente a dois países importantes (Estados Unidos, e França), dentre as quase duas centenas de países do mundo. Não é possível qualquer respeito pelo direito internacional sem o respeito pela opinião decente do resto da humanidade.
Mesmo se uma acção militar fosse permitida e executada, o que podia ela conseguir? Ninguém pode controlar armas química seriamente sem por "botas sobre o terreno", o que não é considerado uma opção realista após os desastres do Iraque e do Afeganistão. O Ocidente não tem aliado verdadeiro e confiável na Síria. Os jihadistas a combaterem o governo não tem mais amor ao Ocidente do que aqueles que assassinaram o embaixador dos EUA na Líbia. Uma coisa é receber dinheiro e armas de um país, mas outra muito diferente é ser um aliado genuíno.
Tem havido ofertas de negociação provenientes dos governos sírio, iraniano e russo, as quais têm sido tratadas com arrogância pelo Ocidente. Aqueles que dizem "não podemos conversar ou negociar com Assad" esquecem que isto foi dito acerca da Frente de Libertação Nacional na Argélia, de Ho Chi Minh, Mao, a União Soviética, a OLP, o IRA, a ETA, Mandela e o ANC e muitas guerrilhas na América Latina. A questão não é se alguém fala com o outro lado, mas após quantas mortes desnecessárias se aceita fazê-lo.
O temor que os EUA e seus poucos aliados remanescentes actuassem como polícia global está realmente ultrapassado. O mundo está a tornar-se mais multipolar e os povos do mundo querem mais soberania, não menos. A maior transformação social do século XX foi a descolonização e o Ocidente deveria adaptar-se ao facto de que não tem nem o direito, nem a competência, nem os meios para dominar o mundo.
Em parte alguma a estratégia de guerras sem fim fracassou mais miseravelmente do que no Médio Oriente. No longo prazo, o derrube de Mossadeg no Irão, a aventura do Canal de Suez, as muitas guerras israelenses, as duas guerras do Golfo, as ameaças constantes e sanções assassinas primeiro contra o Iraque e agora contra o Irão, a intervenção líbia, não conseguiram nada mais do que novos banhos de sangue, ódio e caos. A Síria só pode ser mais um fracasso para o Ocidente sem uma mudança radical na política.
A verdadeira coragem não consiste em lançar mísseis de cruzeiro meramente para exibir um poder militar que se está a tornar mais ineficaz. A verdadeira coragem jaz e romper radicalmente com essa lógica mortal. Em obrigar, ao invés, Israel a negociar de boa fé com os palestinos, convocar a conferência Genebra II sobre a Síria e discutir com os iranianos o seu programa nuclear, levando em conta honestamente os legítimos interesses económicos e de segurança do Irão.
A recente votação contra a guerra no Parlamento Britânico, bem como reacções nos media sociais, reflectem uma alteração maciça de opinião pública. Nós no Ocidente estamos cansados de guerras e estamos prontos para juntarmo-nos à comunidade internacional real exigindo um mundo baseado na Carta das Nações Unidas, desmilitarização, respeito pela soberania nacional e igualdade de todas as nações.
O povo do Ocidente também pede para exercer seu direito à auto-determinação: se tiverem de ser travadas guerras, elas devem tem como base debates abertos e a preocupação pela nossa segurança nacional e não sobre alguma mal definida noção de um "direito a intervir", o qual pode ser facilmente manipulado e abusado.
Cabe a nós obrigar nossos políticos a respeito esse direito.
PELA PAZ E CONTRA A INTERVENÇÃO
Signatários:
·
Denis J.
Halliday, Secretário-Geral Adjunto da ONU, 1994-98
·
Cornelio
Sommaruga, antigo Presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV),
Suíça
·
Dick Marty,
antigo membro do Conselho Suíço de Estado e da Assembleia Parlamentar do
Conselho da Europa, Suíça
·
Hans Christof Graf
von Sponeck, secretário-geral adjunto das Nações Unidas, foi Coordenador
Humanitário da ONU para o Iraque, Alemanha
·
Saïd Zulficar,
antigo funcionário da UNESCO, Director da Divisão do Património Cultural,
Egipto
·
Véronique de
Keyser, deputada ao Parlamento Europeu, Bélgica
·
Samir Basta,
director do gabinete regional da UNICEF para a Europa, 1990-1995
·
Samir Radwan,
antigo ministro das Finanças do Egipto, Janeiro-Julho de 2011
"PLAIDOER POUR LA PAIX EN SYRIE"
Le Monde.fr |
02.09.2013 à 16h12 • Mis à jour le 03.09.2013 à 16h23
Par Dr. Samir Basta (
directeur du bureau régional pour l'Europe de l'Unicef de 1990 à 1995.),
Hans-Christof Von Sponeck (secrétaire général adjoint des Nations Unies,
1998-2000), Denis Halliday (secrétaire général adjoint des Nations Unies,
1994-1998), Saïd Zulficar (directeur adjoint chargé de la liste du patrimoine
mondial à l'Unesco), Samir Radwan (ancien ministre des finances égyptien,
janvier-juillet 2011) et Miguel Miguel d'Escoto Brockmann (Président de
l'Assemblée générale (2008-2009) et ministre des affaires étrangères du
Nicaragua (1979-1990).)
Les bruits de bottes se font entendre une nouvelle fois au Moyen Orient, avec la possibilité d'une attaque imminente sur la Syrie, suite aux allégations d'usage d'armes chimiques par son gouvernement. C'est précisément dans des temps de crise comme ceux-ci que les arguments en faveur de la paix sont les plus clairs et les plus évidents.
Tout d'abord, nous n'avons pas de
véritables preuves de l'usage des armes chimiques par le gouvernement syrien.
Et même si des preuves étaient fournies par des gouvernements occidentaux, il y
a lieu de rester sceptiques, en
se souvenant de tous les prétextes discutables ou fabriqués utilisés pour justifier les guerres
antérieures; l'incident du Golfe du Tonkin et la guerre du Vietnam,
les couveuses koweitiennes et la première guerre du Golfe, le massacre de Racak
et la guerre du Kosovo, les armes de destruction massive irakiennes et
la deuxième guerre du Golfe, les menaces sur Benghazi et la guerre de Libye.
Notons aussi que d'après le journal britannique, The Guardian, certaines
preuves de l'usage d'armes chimiques sont fournies aux Etats-Unis par les services
de renseignement israéliens, qui ne sont pas une source tout-à-fait neutre.
Même si, cette fois-ci, les preuves
sont authentiques, cela ne légitimerait en aucune façon une quelconque action
unilatérale. Toute action militaire nécessite l'aval du Conseil de sécurité de
l'ONU. Ceux qui se plaignent de "l'inaction" de ce Conseil
devraient se rappeler que
l'opposition de la Chine et de la Russie
à une intervention en Syrie est en partie motivée par l'abus par les puissances
occidentales des résolutions sur la Libye, de façon à opérer un "changement
de régime" dans ce pays. Ce qu'on appelle en Occident la "communauté
internationale", prête à attaquer la Syrie,
est réduite à essentiellement à deux pays importants (Etats-Unis et France),
sur les presque deux cents pays au monde. Aucun respect du droit international n'est possible sans un minimum de respect pour
ce qu'il y a de décent dans les opinions du reste du monde.
Même si une action militaire était autorisée et menée, que pourrait-elle
accomplir ?
Personne ne peut sérieusement contrôler des armes chimiques sans troupes au
sol, option que nul ne considère comme réaliste après les désastres en Irak et en Afghanistan. L'Occident n'a pas réellement d'allié fiable
en Syrie. Les djihadistes qui combattent le gouvernement n'ont pas plus d'amour
pour l'Occident que ceux qui ont assassiné l'ambassadeur américain en Libye.
C'est une chose d'accepter de
l'argent et des armes venant d'un pays donné, une toute autre d'être son
véritable allié.
Les gouvernements syriens, iraniens et russes ont fait des offres de
négociations qui ont été traitées par le mépris en Occident. Ceux qui
disent "nous ne pouvons pas parler ou
négocier avec Assad" oublient qu'on a dit la même chose du FLN
algérien, d'Ho chi Minh, de Mao, de l'URSS, de l'OLP, de l'IRA, de l'ETA, de
Mandela et de l'ANC, ainsi que de plusieurs guérillas en Amérique Latine. La
question n'est pas de savoir si on va parler à
l'adversaire, mais après combien de morts inutiles on va accepter de le faire. L'époque où
les Etats-Unis et les quelques alliés qui leur restent agissaient comme
gendarme du monde est révolue. Le monde devient plus multipolaire, et les
peuples du monde veulent plus de souveraineté, pas moins.
La plus grande transformation
sociale du vingtième siècle a été la décolonisation et l'Occident doit s'adapter face au fait
qu'il n'a ni le droit ni les compétences ni les moyens pour gouverner le monde.
Il n'y a pas d'endroit où la
stratégie de guerre permanente a échoué plus misérablement qu'au Moyen-Orient.
A long terme, le renversement de Mossadegh en Iran, l'aventure du canal de
Suez, les nombreuses guerres israéliennes, les deux guerres du Golfe, les
menaces et sanctions d'abord contre l'Irak, ensuite contre l'Iran,
n'ont rien accompli d'autre qu'augmenter le sang
versé, la haine et le chaos. La Syrie ne peut être qu'un nouvel échec occidental
sans un changement radical de politique.
Le véritable courage ne consiste
pas à envoyer des missiles
de croisière pour exhiber une puissance
militaire qui devient de plus en plus inefficace. Le véritable courage consiste
à rompre radicalement
avec cette logique mortifère: obliger Israel à
négocier de bonne foi avec les Palestiniens, convoquer la
conférence Genève II sur la Syrie, et discuter avec les
Iraniens de leur programme nucléaire, en prenant honnêtement en compte
les intérêts légitimes de l'Iran en matière de sécurité et d'économie.
Le vote récent contre la guerre au
Parlement britannique, ainsi que les réactions sur les médias
sociaux, reflètent un changement massif de l'opinion publique. Nous,
Occidentaux, sommes fatigués des guerres et nous sommes prêts à rejoindre la
véritable communauté internationale, en exigeant un monde fondé sur la Charte
de l'ONU, la démilitarisation, le respect de la souveraineté nationale et
l'égalité de toutes les nations.
Les peuples en Occident veulent
aussi exercer leur droit à
l'auto-détermination: si des guerres doivent être menées, elles doivent l'être
après un débat ouvert et en tenant compte de préoccupations affectant
directement notre sécurité, et non sur une notion mal définie de "droit
d'ingérence", qui peut être aisément manipulée et qui est ouverte à
tous les abus.
Dr. Samir Basta (
directeur du bureau régional pour l'Europe de l'Unicef de 1990 à 1995.),
Hans-Christof Von Sponeck (secrétaire général adjoint des Nations Unies,
1998-2000), Denis Halliday (secrétaire général adjoint des Nations Unies,
1994-1998), Saïd Zulficar (directeur adjoint chargé de la liste du patrimoine
mondial à l'Unesco), Samir Radwan (ancien ministre des finances égyptien,
janvier-juillet 2011) et Miguel Miguel d'Escoto Brockmann (Président de
l'Assemblée générale (2008-2009) et ministre des affaires étrangères du
Nicaragua (1979-1990).
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