3 setembro 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)
Paulo Victor Chagas
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (3) que não se sustentam as respostas
que os Estados Unidos deram, até o momento, ao Brasil sobre as denúncias de espionagem,
incluindo de dados pessoais da presidenta da República, Dilma Rousseff, e de
assessores diretos. “Todas as explicações dadas, desde o início desses
episódios, revelaram-se falsas, tanto as que recebemos da embaixada
norte-americana e que as nossas equipes receberam na visita aos EUA”, disse o
ministro.
Na avaliação de Bernardo, a
denúncia de espionagem é um “embaraço que eles [EUA] nos causam, assim como
estão causando para outros países, como México, Alemanha, França”. Ele disse
também que o governo brasileiro não tem a “ilusão” de achar que os
norte-americanos iriam espionar dados nacionais por achar que “tem alguém
tramando ataques”.
“Isso é espionagem de caráter
comercial, industrial, é interesse [dos EUA] em saber questões sobre o pré-sal
e outras de peso econômico e comercial. Portanto, é mais grave do que parecia à
primeira vista”, disse, ao participar do lançamento do livro Segredos do
Conclave, do jornalista Gerson Camarotti.
Para o ministro, a situação
pode
ser solucionada de forma diplomática. “O que o governo fez, pedir explicações,
é adequado. Nós somos amigos, temos relações diplomáticas há 200 anos, e a
diplomacia é o caminho para resolver isso”.
O presidente da República em
exercício, Michel Temer, que também esteve no evento, concorda com a avaliação
do ministro. “Acredito que em brevíssimo tempo, diplomaticamente, se resolverá
essa questão mantendo, em primeiro lugar, a soberania do Estado brasileiro e da
figura da presidenta da República.”
Para Temer, a situação pode ser
resolvida “a tempo de a presidenta poder ir aos Estados Unidos, se houver essa
solução harmonizadora”. A presidenta Dilma Rousseff tem uma visita marcada para
os Estados Unidos no dia 23 de outubro, primeira ocasião em que viajará ao país
com honras de chefe de Estado. Em meio às denúncias, a presidenta
examina a possibilidade de adiar ou até mesmo cancelar a visita. Em
entrevista coletiva ontem (2), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo Machado, evitou comentar o tema.
A ministra-chefe da Casa Civil,
Gleisi Hoffmann, disse que o governo já demonstrou repúdio ao caso. Sobre a
possibilidade de um cancelamento da viagem da presidenta aos Estados Unidos, a
ministra respondeu que "vai ter posicionamento de governo e quem está
tratando são os ministérios da Justiça, das Comunicações e das Relações
Exteriores”.
O Senado instalou hoje (3) a
comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará
as denúncias de espionagem. Segundo o presidente da Casa, Renan
Calheiros (PMDB-AL), a CPI "tem limitações do ponto de vista de
convocações, mas o fundamental é que estas coisas sejam esclarecidas e não se
repitam mais".
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Brasil/CPI da Espionagem pede proteção policial para jornalista britânico
3 setembro 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Senado instalou hoje
(3) a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará as denúncias de
espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional americana (NSA) às
comunicações brasileiras via internet. No escândalo mais recente, reportagem
veiculada pela Rede Globo denuncia que até a presidenta Dilma Rousseff e seus
assessores próximos tiveram as correspondências rastreadas e monitoradas pela
agência.
Preocupados com a segurança do
jornalista Glenn Greenwald, que recebeu e divulgou os documentos do ex-agente
da NSA, Edward Snowden, os membros da CPI aprovaram requerimento para que ele
receba proteção policial. A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM) lembrou que Greenwald teve o apartamento invadido no Brasil, quando
foi roubado um laptop.
Além disso, foi aprovado
requerimento para que a Polícia Federal disponibilize profissionais para
assessorar a CPI. A presidenta da comissão também comunicou que entrará em
contato com os ministros da Justiça e da Defesa, além da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin).
Na primeira reunião da CPI, o
senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que foi indicado relator, sugeriu que a
presidenta se manifeste sobre o assunto durante a próxima reunião da Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e durante visita da
presidenta aos Estados Unidos.
“Em setembro, teremos a reunião
anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em que o Brasil tradicionalmente
faz a abertura. Julgo ser uma oportunidade excepcional para que a presidenta
Dilma possa abordar o tema e possa criar todo tipo de constrangimento. Em
outubro, temos a previsão de uma visita que a presidenta Dilma fará ao presidente
Barack Obama. Creio que esse tipo de agenda [espionagem] terá que constar, por
conta de explicações que, julgo, o governo americano deve ao povo brasileiro”,
disse Ferraço. Ele disse que pretende convidar o embaixador americano para dar
explicações na CPI.
Também membro da comissão, o
senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu medidas mais duras. Na opinião de
Requião, o objetivo do governo americano era obter ilegalmente dados que
pudessem favorecer suas empresas em disputas comerciais. Por isso, o senador
defendeu que o governo brasileiro deixe as empresas de fora de disputas, como a
venda de caças ao Brasil e a concorrência pela exploração do Campo de Libra, do
pré-sal.
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