quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Brasil/Explicações dos Estados Unidos sobre espionagem foram falsas, diz ministro



3 setembro 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)

Paulo Victor Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (3) que não se sustentam as respostas que os Estados Unidos deram, até o momento, ao Brasil sobre as denúncias de espionagem, incluindo de dados pessoais da presidenta da República, Dilma Rousseff, e de assessores diretos. “Todas as explicações dadas, desde o início desses episódios, revelaram-se falsas, tanto as que recebemos da embaixada norte-americana e que as nossas equipes receberam na visita aos EUA”, disse o ministro.

Na avaliação de Bernardo, a denúncia de espionagem é um “embaraço que eles [EUA] nos causam, assim como estão causando para outros países, como México, Alemanha, França”. Ele disse também que o governo brasileiro não tem a “ilusão” de achar que os norte-americanos iriam espionar dados nacionais por achar que “tem alguém tramando ataques”.

“Isso é espionagem de caráter comercial, industrial, é interesse [dos EUA] em saber questões sobre o pré-sal e outras de peso econômico e comercial. Portanto, é mais grave do que parecia à primeira vista”, disse, ao participar do lançamento do livro Segredos do Conclave, do jornalista Gerson Camarotti.

Para o ministro, a situação
pode ser solucionada de forma diplomática. “O que o governo fez, pedir explicações, é adequado. Nós somos amigos, temos relações diplomáticas há 200 anos, e a diplomacia é o caminho para resolver isso”.

O presidente da República em exercício, Michel Temer, que também esteve no evento, concorda com a avaliação do ministro. “Acredito que em brevíssimo tempo, diplomaticamente, se resolverá essa questão mantendo, em primeiro lugar, a soberania do Estado brasileiro e da figura da presidenta da República.”

Para Temer, a situação pode ser resolvida “a tempo de a presidenta poder ir aos Estados Unidos, se houver essa solução harmonizadora”. A presidenta Dilma Rousseff tem uma visita marcada para os Estados Unidos no dia 23 de outubro, primeira ocasião em que viajará ao país com honras de chefe de Estado. Em meio às denúncias, a presidenta examina a possibilidade de adiar ou até mesmo cancelar a visita. Em entrevista coletiva ontem (2), o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, evitou comentar o tema.

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que o governo já demonstrou repúdio ao caso. Sobre a possibilidade de um cancelamento da viagem da presidenta aos Estados Unidos, a ministra respondeu que "vai ter posicionamento de governo e quem está tratando são os ministérios da Justiça, das Comunicações e das Relações Exteriores”.

O Senado instalou hoje (3) a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará as denúncias de espionagem. Segundo o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a CPI "tem limitações do ponto de vista de convocações, mas o fundamental é que estas coisas sejam esclarecidas e não se repitam mais".

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Brasil/CPI da Espionagem pede proteção policial para jornalista britânico

3 setembro 2013, Agência Brasil http://agenciabrasil.ebc.com.br (Brasil)

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Senado instalou hoje (3) a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará as denúncias de espionagem feita pela  Agência de Segurança Nacional americana (NSA) às comunicações brasileiras via internet. No escândalo mais recente, reportagem veiculada pela Rede Globo denuncia que até a presidenta Dilma Rousseff e seus assessores próximos tiveram as correspondências rastreadas e monitoradas pela agência.

Preocupados com a segurança do jornalista Glenn Greenwald, que recebeu e divulgou os documentos do ex-agente da NSA, Edward Snowden, os membros da CPI aprovaram requerimento para que ele receba proteção policial. A presidente da comissão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) lembrou que Greenwald teve o apartamento invadido no Brasil, quando foi roubado um laptop.

Além disso, foi aprovado requerimento para que a Polícia Federal disponibilize profissionais para assessorar a CPI. A presidenta da comissão também comunicou que entrará em contato com os ministros da Justiça e da Defesa, além da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Na primeira reunião da CPI, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que foi indicado relator, sugeriu que a presidenta se manifeste sobre o assunto durante a próxima reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e durante visita da presidenta aos Estados Unidos.

“Em setembro, teremos a reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, em que o Brasil tradicionalmente faz a abertura. Julgo ser uma oportunidade excepcional para que a presidenta Dilma possa abordar o tema e possa criar todo tipo de constrangimento. Em outubro, temos a previsão de uma visita que a presidenta Dilma fará ao presidente Barack Obama. Creio que esse tipo de agenda [espionagem] terá que constar, por conta de explicações que, julgo, o governo americano deve ao povo brasileiro”, disse Ferraço. Ele disse que pretende convidar o embaixador americano para dar explicações na CPI.

Também membro da comissão, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) defendeu medidas mais duras. Na opinião de Requião, o objetivo do governo americano era obter ilegalmente dados que pudessem favorecer suas empresas em disputas comerciais. Por isso, o senador defendeu que o governo brasileiro deixe as empresas de fora de disputas, como a venda de caças ao Brasil e a concorrência pela exploração do Campo de Libra, do pré-sal.

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