quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OBAMA ENFRENTA SITUAÇÃO EMBARAÇOSA COM AMÉRICA LATINA NO G-20



5 setembro 2013, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

Na Cúpula do Grupo dos 20 (G-20) que começa nesta quinta-feira (5), em São Petersburgo, na Rússia, o presidente estadunidense, Barack Obama, vai encarar os líderes latino-americanos em um momento político extremamente embaraçoso para o governo dos EUA, por conta de seu plano de ataque contra a Síria e os recentes escândalos de espionagem.

AFP

Barack Obama, vai encarar os líderes latino-americanos em um momento político extremamente embaraçoso para o governo dos EUA, por conta de seu plano de ataque contra a Síria e os recentes escândalos de espionagem.

Na chegada ao aeroporto de Pulkovo, a mandatária argentina, Cristina Kirchner, deu o primeiro alerta repudiando de maneira rotunda o projeto de agressão contra Damasco, defendido veementemente pelo presidente que já foi premiado com um Nobel da Paz.

“Não achamos que as mortes se resolvam com mais mortes”, afirmou a presidenta em declarações à televisão pública russa logo que desembarcou no país. Cristina, que preside também o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) até finais de 2014, enfatizou que o tema da intervenção militar ainda não aparece na agenda oficial da Cúpula do G-20, mas ela acredita que isso irá caracterizar a atmosfera no Palácio de Constantino, sede do encontro.

“Trata-se de uma situação de gravidade institucional global", comentou em referência à decisão da Casa Branca de atacar o governo do presidente Bashar al-Assad, "com base em um pretexto não confirmado pela principal estrutura jurídica da ONU”, disse Cristina.

As discussões em torno de mais uma intervenção militar dos EUA no Oriente Médio, e suas possíveis consequências, é que devem prevalecer nos encontros bilaterais entre os líderes. No entanto, outro assunto delicado para Obama em São Petersburgo será a resposta que dará à presidenta brasileira, Dilma Rousseff, sobre as denúncias de espionagem dos serviços especiais de Washington contra ela e assessores de seu governo.

Essas denúncias de espionagem pela NSA (agência de segurança dos EUA) podem ser o foco principal de conversas entre Dilma e Barack Obama. O Planalto não descarta cancelar a visita aos EUA, prevista para outubro. A presidente estuda um comunicado conjunto com os Brics contra "ações que afetam a soberania dos países". Para agradar a presidenta, Obama cogita dar apoio à pretensão brasileira de ocupar uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

A chancelaria brasileira exigiu no começo desta semana uma resposta por escrito dos Estados Unidos sobre essas acusações, e o próprio titular das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, convocou o embaixador Thomas Shannon para expressar o mal-estar de seu governo. Fontes do gabinete brasileiro informaram que até o momento todas as justificativas apresentadas por Washington foram falsas.

Em uma onda expansiva, o México também reagiu às revelações da imprensa brasileira de que

o atual presidente mexicano, Francisco Peña Nieto, foi espionado pelos corpos secretos do país vizinho quando era candidato e ainda depois de vestir a faixa presidencial.

Porta-vozes do governo confirmaram que Washington pediu uma investigação detalhada sobre os relatórios de espionagem ilegal a cidadãos mexicanos, incluídas personalidades de muito alta prominência.

Obama e Pútin
A Cúpula do G-20 começa sob o risco ver sua pauta prévia – centrada em questões econômicas – atropelada pelos atritos entre Estados Unidos e a própria Rússia quando à iminente agressão estadunidense à Síria.

Obama vai defender a intervenção e buscar apoio de outros países, que resistem à ação armada. Também se reunirá com o presidente francês, François Hollande, principal parceiro do grupo de países que deseja atacar a Síria.

A maior oposição à ação armada deve vir de Vladimir Pútin, que se declarou contrário a qualquer intervenção militar no país árabe. O presidente insistiu que Obama, “como Nobel da Paz”, “antes de empregar a força na Síria, deveria pensar nas futuras vítimas”.

Para Pútin, em entrevista à Associated Press, no caso de existirem provas do suposto uso de armas químicas pelo Exército sírio, as medidas punitivas devem ser apresentadas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias


--------------- Relacionada

 

Vaticano/Em mensagem enviada ao Presidente Putin, por ocasião do G20, Papa Francisco defende solução pacífica para crise na Síria

5 setembro 2013, Rádio Vaticano http://pt.radiovaticana.va

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco enviou nesta quinta-feira uma carta ao Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, que preside em São Petesburgo a reunião de Cúpula do G20. Na mensagem, o Papa Francisco dirige um apelo para uma solução pacífica para a crise na Síria, encorajando os chefes de Estado que nela participam a “encontrar vias para superar as contraposições", abandonando "a vã pretensão de uma solução militar” e empenhando-se “com determinação e coragem, numa solução pacífica através do diálogo e das negociações entre as partes interessadas com o apoio concorde da comunidade internacional”.

“É um dever moral de todos os governos do mundo - sublinha o Papa - favorecer todas as iniciativas que visam promover a assistência humanitária àqueles que sofrem por causa do conflito, dentro e fora do país”.

Relativamente à “promoção da governabilidade das finanças mundiais”, o Papa recorda a necessidade, no atual contexto de crise, de “regras justas e claras, para conseguir um mundo mais igualitário e solidário”.

“A economia mundial poderá desenvolver-se realmente na medida em que conseguir permitir uma vida digna a todos os seres humanos – observou o Pontífice - desde os mais idosos até às crianças ainda no seio materno e isso não só nos países membros do G20, mas a todos os habitantes da Terra, mesmo aqueles que se encontram em situações sociais mais difíceis ou nos lugares mais remotos”. (JE)

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Vaticano/Encontro com Corpo Diplomático explica posição da Santa Sé sobre a Síria

5 setembro 203, Rádio Vaticano http://pt.radiovaticana.va

Cidade do Vaticano (RV) -- Tendo em vista o Dia de Jejum e Oração pela paz na Síria e a Vigília convocados pelo Papa Francisco para o próximo sábado, na Praça São Pedro, a Secretaria de Estado convidou os embaixadores acreditados junto à Santa Sé para uma reunião, realizada na manhã desta quinta-feira. Estiveram presentes 71 embaixadores, ou seja, quase a totalidade do Corpo Diplomático que mora em Roma. O Secretário para a Relação com os Estados, Dom Dominique Mamberti, explicou ao Corpo Diplomático o significado desta iniciativa. Ele estava acompanhado de Dom Camilleri, Dom Ortega e o Chefe do Protoclo, Dom Bettencourt.

Dirigindo-se aos Embaixadores presentes, Dom Mamberti disse que o sincero apelo do Papa Francisco “se faz intérprete do desejo de paz que sobe de todas as partes da terra, do coração de cada homem de boa vontade. Na concreta situação histórica marcada pela violência e pela guerra em muitos lugares, a voz do Papa se eleva em um momento particularmente grave e delicado do longo conflito sírio, que já viu muito sofrimento, devastação e dor aos quais se somam as tantas vítimas inocentes dos ataques de 21 de agosto passado, que suscitaram na opinião pública mundial horror e preocupação pelas conseqüências do possível emprego de armas químicas”.

Ao falar das diversas reações a nível mundial a tais atos, o Secretário para a Relação com os Estados recordou o apelo do Santo Padre feito no Angelus do último domingo, quando foi taxativo ao afirmar que “existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre nossas ações ao qual não se pode escapar!”. Após, falou da resposta e atenção da Santa Sé, desde o início do conflito, “ao grito de ajuda que chegava do povo sírio”, caracterizadas pela “consideração à centralidade da pessoa humana, independente de etnia ou religião”.

Também foram lembrados aos Embaixadores os inúmeros apelos pela paz feitos por Bento XVI por ocasião da Bênção Urbi et Orbi e no discurso ao Corpo Diplomático em 7 de janeiro de 2013, assim como as tantas referências a esta tragédia humanitária feitas pelo Papa Francisco desde o início de seu pontificado, em particular o seu primeiro apelo feito na Mensagem Urbi et Orbi na Páscoa. Dom Mamberti recordou ainda os pronunciamentos feitos pelos Observadores Permanentes da Santa Sé na ONU, quer em Nova York, quer em Genebra, assim como as intervenções do Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari e a missão conduzida pelo Cardeal Robert Sarah, por ocasião do Sínodo dos Bispos.

O Secretário para a relação com os Estados reitera as posições da Santa Sé diante desta trágica situação que já provocou mais de 110 mil mortos, mais de 4 milhões de deslocados internos e mais de 2 milhões de refugiados em outros países, ou seja, a prioridade de cessar imediatamente toda violência, o apelo para que as partes envolvidas superem a cega contraposição e busquem a via do encontro e da negociação e a urgência no respeito ao direito humanitário.

A Santa Sé defende alguns elementos que considera essencial para o futuro da Síria, como a retomada do diálogo entre as partes para a reconciliação do povo sírio, a preservação da unidade do país e a garantia da integridade territorial. Ademais, reitera que os responsáveis pelo país no futuro, garantam lugar para todos, em particular para as minorias, incluindo os cristãos, no respeito dos direitos humanos e da liberdade religiosa.

Por fim, Dom Mamberti observa que “causa particular preocupação a presença crescente na Síria de grupos extremistas, frequentemente vindos de outros países”, considerando relevante exortar a população e grupos da oposição “a tomarem distância de tais extremistas, de isolá-los e de oporem-se abertamente e claramente ao terrorismo”.

Após o pronunciamento de Dom Mamberti, 12 embaixadores de diversas partes do mundo pediram para serem aprofundados alguns pontos, ou melhor esclarecidos. (JE)

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