3 setembro 2013, ODiário.info
http://www.odiario.info (Portugal)
Por vezes, a única verdade que os meios de
comunicação publicam é a data da edição.
Nos textos desta peça de Eugénio Rosa elucida-se como a comunicação social formata e manipula a opinião pública até ao ponto de o cidadão repetir os argumentos em que foi formatado, pensando que está exprimir uma opinião pessoal.
Nos textos desta peça de Eugénio Rosa elucida-se como a comunicação social formata e manipula a opinião pública até ao ponto de o cidadão repetir os argumentos em que foi formatado, pensando que está exprimir uma opinião pessoal.
Vale a pena continuar a denunciar esta
O semanário “Expresso” publicou na
sua edição de 24 de Agosto de 2013, um extenso artigo de opinião do secretário
de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, em que este, procurando
objetivamente condicionar o Tribunal Constitucional através da opinião pública,
fazia uma apologia da chamada lei de «requalificação» da Função Pública, que de
«requalificação» apenas tinha o nome para enganar, já que visava o despedimento
de dezenas de milhares de trabalhadores. E para isso, utilizava um conjunto de
mentiras pois afirmava, entre outras coisas, que a lei da «requalificação» era
mais justa que a anterior lei (a da mobilidade), que visava «promover a
recolocação dos trabalhadores após a realização de um plano de formação»; que
constituía «uma garantia adicional para os trabalhadores em funções públicas»,
etc. etc..
E como tudo isto não fosse
suficiente, o próprio «Expresso» reforçava as posições do governo com uma longa
coluna enquadradora não assinada, portanto da responsabilidade do próprio
jornal, do texto de Hélder Rosalino repetindo os argumento do governo e, logo
no inicio, escrevia que «o modelo de requalificação dos funcionários do Estado
é verdade que permite os despedimentos mas é baseado em critérios objetivos,
rigorosos, e escrutináveis do ponto de vista judicial. Mais ainda, mantém a
proteção do direito dos trabalhadores à estabilidade no emprego».
Tudo mentiras como era evidente e
como o próprio Tribunal Constitucional veio confirmar, e qualquer leitor poderá
concluir também pela leitura do acórdão que está disponível no «site» do
tribunal.
Tendo em conta que participei na
«negociação» com o governo, como assessor dos sindicatos da Função Pública da
Frente Comum, e por isso analisei atentamente o projeto de lei do governo e as
suas consequências para os trabalhadores, e face a esta clara tentativa de
manipular e enganar a opinião pública sobre uma matéria importante para os
milhares de trabalhadores da Administração Pública e também importante para
todos os portugueses, já que está em perigo serviços essenciais para a
população (sem trabalhadores não há sistemas públicos de saúde, educação e
segurança social) enviei diretamente ao diretor do Expresso um pequeno texto,
onde procurava repor a verdade e solicitava ao abrigo de uma informação
objetiva que o Expresso afirma e que consta do seu estatuto editorial e a que
os seus leitores têm direito, o que pressupõe o contraditório, a sua
publicação.
No entanto, o Expresso, optou por
manter no engano os seus leitores não publicando uma opinião que não coincidia
com a do governo. Por isso, decidi divulgá-la.
Durante o fascismo, tivemos a
censura politica, e esta não permitia a publicação de tudo aquilo que
desagradava o governo ou o poder económico. Isso era assumido, já que os
jornais traziam escrito «Visado pela censura». Agora, já não têm o «Visado pela
censura», nem existe comissão de censura criada pelo governo, mas muitos órgãos
de informação praticam também uma censura, já que só publicam principalmente
aquilo que agrada ao governo e grupos económicos, e procuram silenciar todas as
opiniões contrárias (metendo-as na gaveta) ou eliminam das suas colunas todos aqueles
que poderão incomodar o poder económico e politico. É também uma forma de
censura, embora mais subtil e menos visível, mas não menos eficaz.
E o Expresso é um bom exemplo dessa
nova forma subtil de censura já que a esmagadora maioria daquilo que é nele
publicado ou daqueles que nele escrevem não incomodam, naquilo que é essencial
(nos interesses essenciais), o poder político e económico dominante, embora não
deixe de utilizar a pequena intriga para vender o jornal.
Mensagem enviada ao
director do Expresso solicitando a publicação do texto visando a reposição da
verdade sobre a Lei
Exmo. Sr. Diretor do Expresso
Dr. Ricardo Costa
Dr. Ricardo Costa
No Expresso de 24.8.2013 foi
publicado um extenso artigo de opinião do dr. Hélder Rosalino, SE da
Administração Pública em que defende o chamado «sistema de requalificação»
utilizando um conjunto de inverdades.
Em defesa de uma informação
objetiva que penso que o Expresso defende, o que pressupõe o contraditório,
solicito a publicação do texto que envio em anexo.
Agradeço já a atenção que merecer
Com os meus cumprimentos
Eugénio Rosa
(Economista, Assessor dos sindicatos da Função Pública da Frente Comum)
(Economista, Assessor dos sindicatos da Função Pública da Frente Comum)
A resposta ao secretário de
Estado da Administração Pública que o «Expresso» não publicou
A Antecâmara do despedimento
na Função Pública criada pelo governo
O Expresso publicou em 24.8.2013 um
extenso artigo do SE da Administração Publica, Hélder Rosalino, defendendo o
«Sistema de requalificação», que é assim designado para ocultar os seus
verdadeiros propósitos, que é o de despedir milhares de trabalhadores da Função
Pública (uma verdadeira antecâmara de despedimentos). E para isso utilizou
inverdades.
Hélder Rosalino afirma que o novo
sistema é melhor que o anterior (o de mobilidade), e uma das razões que
apresenta é que permitirá aos trabalhadores aumentar as suas competências para
poder ocupar novos cargos na Administração Pública, pois assegura formação
profissional o que não acontecia no anterior (o que é falso).
Durante a negociação do diploma em
que participamos, como assessor dos sindicatos, propusemos, no caso de
racionalização, reorganização, ou fusão de serviços, que os trabalhadores antes
de serem colocados na «situação de requalificação» pudessem fazer formação
profissional para obter as competências para poderem ocupar cargos nos novos
serviços. Mas o governo recusou respondendo que isso só teria lugar depois de
serem colocados na situação de requalificação (artº 260% do projeto de Lei
GTFP).
Mas nessa altura os lugares já
estarão preenchidos. A esmagadora maioria dos trabalhadores que forem colocados
na situação de requalificação não terão qualquer possibilidade de serem
colocados na Administração Pública. E isto porque o governo e «troika»
pretendem destruir a Administração Pública (reduzi-la ao mínimo). Segundo a
DGAEP do Ministério das Finanças, entre Jun./2012 e Jun./2013 (um ano), o
número de trabalhadores da Função Pública sofreu uma redução de 28.222, ou
seja, de 4,7%, portanto, 2,35 vezes superior à prevista no «Memorando de
entendimento» assinado em Maio de 2011 (2%). E o governo considera que é pouco
e pretende acelerar essa redução.
Para isso publicou a Portaria
221-A/2013 e está a fazer uma pressão/chantagem muito grande sobre os
trabalhadores para que aceitem o despedimento por mútuo acordo, «oferecendo»
uma compensação, em que uma parte é já «comida» pelo IRS, sem direito a
subsidio de desemprego, e ocultando o facto do trabalhador, se recusar o
despedimento voluntário, mesmo que seja despedido (se for e não se sabe quando)
terá direito a uma indemnização que, somada ao subsidio de desemprego a que tem
direito, é superior à compensação que agora o governo pretende pagar.
Portanto, o objetivo do novo
sistema não é «requalificar e recolocar», como afirma Hélder Rosalino, mas sim
despedir. E colocado na «situação de requalificação», o trabalhador durante o
1º semestre recebe apenas a 66,7% da remuneração e, no 2º, somente a 50% (no
sistema de mobilidade, segundo a Lei 53/2006 que o criou, tinha direito a 100%
da remuneração durante 60 dias; 83,3% durante 10 meses e depois 66,7%); para
além disso, se não for colocado, é despedido (artº 259 do projeto de LGTFP), o
que não acontecia no sistema anterior de mobilidade, configurando, por isso, um
despedimento sem justa causa, portanto inconstitucional.
Afirmar, como escreveu Hélder
Rosalino, que o novo sistema «constitui uma garantia adicional para os
trabalhadores em funções públicas» e é melhor que o anterior, é faltar à
verdade.
Eugénio Rosa
(Economista, Assessor dos sindicatos da Frente Comum)
(Economista, Assessor dos sindicatos da Frente Comum)
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