14 abril 2011/Avante EDITORIAL http://www.avante.pt
Com a Banca a comandar as operações, PS, PSD, CDS e Presidente da República abriram as portas do País à invasão da UE/FMI.
Estamos perante uma intervenção externa que, no actual quadro de pressão e de chantagem sobre Portugal, tem como objectivo primeiro satisfazer os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros, à custa do agravamento de todos os problemas nacionais (incluindo a própria dívida pública que dizem querer combater); à custa do agravamento das condições de trabalho e de vida da imensa maioria dos portugueses – como, aliás, aconteceu quer na Grécia quer na Irlanda.
Tudo a confirmar uma vez mais que, ao contrário do que proclamam os protagonistas da política de direita, os sacrifícios não são para todos, antes incidem exclusivamente nos trabalhadores e no povo, enquanto os benefícios se concentram exclusivamente nos cofres dos senhores do grande capital.
Trata-se, ainda, de uma operação ilegítima, tomada nas costas do povo português e antes deste se pronunciar sobre o rumo do País nas próximas eleições.
Trata-se, enfim, de mais um passo em frente no caminho do declínio nacional, do afundamento do País, da perda da soberania e da independência nacionais – na sequência de trinta e cinco anos de política de direita, praticada sempre pelos mesmos, ao serviço dos mesmos interesses de sempre e sempre contra os interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
O combate e a denúncia desta situação apresenta-se, assim, como questão premente e urgente. Ao contrário do que pretendem fazer crer os responsáveis, há responsáveis pela crise – responsáveis aos quais há que pedir contas pela situação criada. E há alternativas: há alternativa para a questão de dívida – que deve ser renegociada; e há alternativa para a questão da recessão económica, da dependência externa, do aumento do desemprego, como o PCP também tem vindo a demonstrar – apostando na produção nacional, na dinamização do nosso aparelho produtivo, criando riqueza, criando emprego.
O passado fim-de-semana foi fértil em ocorrências que constituem verdadeiros exemplos da degradação a que chegaram os representantes dos partidos da política de direita – responsáveis principais pela situação a que o País chegou – em matéria de despudor e desfaçatez. De tal forma que bem se pode dizer que, seja o que for que daquelas bandas vier, nada surpreende, já: a desvergonha entrou em roda livre, o vale-tudo é lei, o desrespeito pela inteligência e pela sensibilidade dos portugueses é total.
O congresso do PS foi uma notável exibição de cinismo, propaganda baixa e hipocrisia, culminando no desavergonhado apelo ao «voto útil da esquerda» – «voto útil» para que o PS possa continuar a fazer a política de direita da qual tem sido destacado intérprete nestes longos trinta e cinco anos de desastre nacional.
Por seu lado, o PSD esperneia na contradição resultante de querer ser «alternativa» ao mesmo tempo que é apoiante, de facto, da política do Governo.
Sendo certo, no entanto, que logrou antecipar-se ao PS na contratação do ex-candidato presidencial Fernando Nobre – o candidato da «cidadania», «anti-partidos», «anti-políticos profissionais»... – que, afinal, como se sabia, era tudo menos o que dizia ser.
Tanto a contratação de Nobre, como a inclusão de Manuel Alegre na Comissão Política Nacional do PS, não surpreendem: são decorrências normais de práticas políticas pautadas por um clamoroso oportunismo – e que, como tal contribuem e de que maneira, para fazer alastrar sentimentos de descrédito e de desilusão, traduzidos no repetido slogan «são todos iguais», com isso procurando desviar as atenções dos portugueses da evidência que é o facto de o PCP ser, em tudo, diferente de todos esses partidos todos iguais.
Da situação existente emerge com cada vez mais força a ideia de que a luta de massas e o seu necessário desenvolvimento se apresentam como a questão crucial do momento presente.
Nos dias, nas semanas, nos meses que aí vêm é necessário que a luta das massas populares cresça e ganhe força, quer nas empresas e locais de trabalho, no sector público como no privado, quer nas manifestações de rua.
É ali, na força organizada dos trabalhadores, que está a solução para encontrar a verdadeira alternativa.
Aproximam-se duas datas que, pela sua importância e significado, serão uma vez mais pretexto para grandes manifestações de massas: o 25 de Abril, dia da Liberdade e o 1.º de Maio, dia dos trabalhadores, que poderão constituir as primeiras grandes acções de massas em resposta à situação actual – e à preparação das quais é preciso dedicarmos toda a nossa atenção e o nosso esforço.
É na luta que está o caminho. É a luta que semeia a esperança e a confiança. E os comunistas estão, como lhes compete, na primeira linha da luta.
Como acentuou Jerónimo de Sousa, no comício de sábado passado em Lisboa – um comício extremamente oportuno, «contra a ingerência e o desastre. Por uma política patriótica e de esquerda» – «é preciso dizer aos trabalhadores e ao povo que a vida não tem de ir sempre para pior, que o País não está condenado ao fracasso. É preciso dizer a todos os que, desiludidos, desencantados com as sucessivas traições dos partidos em que votaram, julgam que já não há futuro, que sim, que há esperança num futuro melhor, num país mais justo. Mas que para isso se têm de juntar a nós na luta pela mudança política, na luta contra a ingerência do FMI e do Fundo Europeu e também reforçando o PCP e a CDU nas próximas eleições de 5 de Junho».
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