quarta-feira, 20 de abril de 2011

Brasil/Protógenes: Mídia é financiada para mover campanha anti-árabe


19 abril 2011/Vermelho
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Um dinheiro ainda "sem cor e sem pátria" financia uma campanha de mídia contra árabes muçulmanos em todo o mundo. A afirmação é do deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que manteve compromissos na fronteira no domingo (17) e na segunda-feira (18) em Foz do Iguaçu.

por Nelson Figueira, para a Gazeta do Iguaçu

No primeiro dia, ele participou de um ato na Sociedade Beneficente Islâmica. Já na manhã de ontem, ao lado de líderes religiosos e representantes da comunidade, ele recebeu a imprensa na mesquita sunita. Em comum, os encontros tiveram como finalidade rechaçar as acusações de que a tríplice fronteira abrigaria membros de células terroristas ou grupos que os financiam.

As acusações, que têm sido frequentes desde a década de 1990, tomaram corpo após o 11 de Setembro de 2001, quando relatórios do Departamento de Estado dos EUA passaram a incluir sistematicamente a região. Porém, mais recentemente, as afirmações foram reforçadas por uma matéria da revista "Veja". Na publicação, são listados nomes de membros da colônia da fronteira.

Ao lado dos líderes religiosos Mohamad Kallil e Mohsin Alhassani - e do padre Sergio Bertoti, que representou o bispo dom Dirceu Vegine - Protógenes Queiroz disse ter recebido recentemente um documento, da Federação Palestina-Islâmica, de que as reportagens veiculadas na grande imprensa, incluindo a brasileira, fazem parte de um plano.

"Foram levados ao meu conhecimento documentos, que vou juntar à minha investigação, de que o patrocínio chega a ser da ordem de um bilhão de dólares. Que é um plano de mídia internacional construído para desqualificar a comunidade árabe muçulmana no mundo. Parte destes recursos, US$ 120 milhões, foi aportada na grande mídia brasileira", afirmou o parlamentar.

Investigação
Segundo ele, o dinheiro seria ainda "sem cor e sem pátria", pois ainda não foi identificada a origem. Porém, tais informações poderão ser obtidas por meio de investigação. "Até então, indícios apontam que alguns países estão patrocinando. Há um verdadeiro consórcio e sempre saem que são organizados em países norte americanos. Mas nós vamos saber da origem. Não podemos ser levianos de afirmar quem são os donos. Mas são os mesmos que patrocinam as guerras nos países no oriente médio, conflitos religiosos em países árabes e os mesmos que tentam desproteger e ameaçar a soberania da América Latina", contextualizou.

Para tentar identificar a origem deste dinheiro e quais órgãos de comunicação brasileiros estariam recebendo recursos, o deputado propôs uma investigação na Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Câmara.

Caso a investigação - cujo relator será o parlamentar - identifique pessoas que participem desta campanha, elas poderão ser presas por discriminação racial e religiosa. Caso seja identificada a origem no exterior, Protógenes pretende solicitar medidas internacionais de bloqueio dos recursos e "que se faça um plano de mídia para esclarecer a comunidade internacional quanto a estas atrocidades, que é um crime contra a humanidade. Não é contra a comunidade árabe muçulmana só. É crime contra a humanidade", encerrou.

Acusado
Um dos membros da comunidade árabe de Foz mostrado na reportagem de Veja, o empresário Sael Atari esteve nos atos de repúdio. Acusado pela publicação de ter sido flagrado com mais de mil passaportes, Atari contou que foi enganado para ser fotografado.

"Um rapaz me pediu para tirar uma foto aqui em frente (à mesquita). Disse que era estudante, nunca que era da Veja", contou o empresário. Segundo ele, a acusação, mesmo infundada, deixou a família dele receosa, tanto que, por dois dias, a filha não foi à faculdade.

Além de uma campanha difamatória, membros da comunidade também apontam indícios de discriminação religiosa. Por isso, propuseram ao deputado a criação de um estatuto da igualdade religiosa.


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