Macau, China, 14 abril 2011 (Lusa) – O linguista João Malaca Casteleiro disse hoje à Agência Lusa em Macau acreditar que o português se possa tornar na sétima língua oficial das Nações Unidas nos próximos cinco anos, considerando "inevitável" uma reforma daquela organização.
"Portugal está a atravessar uma situação económica difícil e, portanto, o investimento que faz na promoção da língua portuguesa no estrangeiro é enorme", disse João Malaca Casteleiro, da Academia de Ciências de Lisboa, à margem do 15.º Colóquio da Lusofonia em Macau.
Ao observar que o Brasil "tem uma capacidade maior" para projetar o português a nível internacional, o linguista que participou na redação do novo Acordo Ortográfico considera que hoje a preocupação é "harmonizar as duas intervenções".
"Neste momento, espera-se que, com a grande projeção do Brasil no plano internacional e uma possível entrada no conselho permanente das Nações Unidas, a língua portuguesa se acrescente às seis línguas oficiais daquela organização, o que poderá acontecer nos próximos três, quatro, cinco anos", disse.
Malaca Casteleiro admite essa possibilidade ao considerar ser "inevitável uma reforma das Nações Unidas" e ao realçar que existe uma maior "cooperação entre povos e países, como os Estados Unidos, Rússia e a China, que esbateram muitos atritos, o que favorece essa reforma".
O português é a terceira língua europeia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol, por 240 milhões de pessoas nos quatro continentes.
"É uma língua de grande projeção internacional, é a língua de ensino e aprendizagem em várias instituições estrangeiras e a língua oficial e de trabalho de cerca de 20 instituições internacionais", referiu aquele linguista.
Ao considerar que o "valor, mérito e projeção do português estão a ser compreendidas por instituições lusófonas, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", Malaca Casteleiro sublinhou que hoje se procura "harmonizar uma política comum da língua que seja projetada nos oito países de língua portuguesa e também em Macau e na Galiza, onde há uma forte corrente a favor da reintegração da norma galega do português no seio da lusofonia".
O linguista sublinhou também a importância do português como ativo estratégico da política externa portuguesa, considerando que este aspeto "foi muito bem compreendido nos últimos dois, três anos".
"Quando fazemos negócios, projetamos a nível internacional os nossos produtos e se do outro lado tivermos interlocutores na nossa língua é extremamente salutar, porque há uma maior empatia na promoção dos nossos próprios produtos", disse.
Ao salientar a importância das relações económicas com o Brasil, Malaca Casteleiro considera que Portugal deve também desenvolver as relações com os países de língua espanhola.
"Há uma grande capacidade de intercomunicação entre falantes de espanhol e português e estou convencido que isso é salutar para a promoção do nosso país, do português e para o intercâmbio dos povos que falam português", rematou.
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