23 maio 2011/Esquerda.net http://www.esquerda.ne
A última coluna do economista Paul Krugman no New York Times não poupa palavras para demolir todo o edifício das políticas de austeridade aplicadas pelos líderes europeus – a que o Prémio Nobel da Economia apelida de “agrupamento da dor”.
Krugman afirma que a insistência, prevalecente na Europa, de impor políticas de austeridade baseia-se em “fantasias económicas” – em particular as que sustentam que os cortes de gastos vão acabar por criar empregos, ao aumentar a confiança do sector privado. O problema, ironiza, é que a “fada da confiança” teima em não aparecer.
Krugman critica asperamente o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, que “começou a pregar a austeridade como um elixir económico universal que deveria ser imposto imediatamente em todo o mundo”, incluindo em países que não enfrentam pressões dos mercados, como a Inglaterra ou os EUA.
Essa política levou as nações europeias mais endividadas a sofrerem mais declínio nas suas economias devido aos planos de austeridade. E a confiança, em vez de aumentar, cada vez cai mais. “É claro agora que a Grécia, a Irlanda e Portugal não podem e não vão reembolsar as suas dívidas totalmente, embora a Espanha possa consegui-lo”, adverte o economista.
“Assim, para ser realista, a Europa tem de preparar-se para alguma forma de redução da dívida, combinando a ajuda das economias mais fortes e a reestruturação das dívidas ("cortes de cabelo") impostas aos credores privados, que terão de aceitar menos do que o pagamento total”, diz Krugman.
Para o economista, o BCE parece estar determinado a provocar uma crise financeira, ao ter começado a aumentar as taxas de juro e ao ameaçar a Grécia de deixar de financiar o seu sistema bancário se houver alguma tentativa por parte da Grécia de renegociar a sua dívida.
“O colapso dos bancos gregos”, diz Krugman, “pode forçar a Grécia a sair da área europeia – e é fácil ver como isso pode provocar a queda dos dominós financeiros pela maior parte da Europa”. Que está o BCE a pensar?, questiona o economista. “Desconfio que o problema é simplesmente que não quer enfrentar o fracasso das suas fantasias. E se isto soa inacreditavelmente louco, bem, quem alguma vez disse que a sabedoria governa o mundo?”
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