24 maio 2011/Esquerda.net http://www.esquerda.ne
O Estado vai perder cerca de 237 milhões todos os anos com as privatizações previstas até 2013, tendo em conta os últimos dividendos distribuídos por sete empresas nas quais participa e que o Governo quer vender.
Sete das 18 empresas a alienar têm gerado retorno para os cofres públicos de cerca de 237 milhões todos os anos, directa e indirectamente. A EDP, a privatizar já este ano, tem o maior peso.
Mesmo as empresas que ficam, para já, associadas ao Estado e que representam uma fatia importante de dividendos, como a Parpública e a Caixa Geral de Depósitos (CGD), vão passar a entregar menos dinheiro. Isto porque parte das privatizações atinge empresas detidas ou participadas por estas duas instituições públicas, avança o Público.
A EDP, onde o Estado detém uma participação de 25,69 por cento, é a que mais pesa nos dividendos a perder, tendo em conta o valor que entregou este ano. Os 159,7 milhões de euros representam 68,4 por cento do bolo total: 237,4 milhões de euros.
O montante que saiu da EDP e entrou nos cofres públicos foi calculado com base num valor de 17 cêntimos por acção, tendo em conta o número de títulos detidos pela Parpública e pela CGD. No caso da empresa liderada por António Mexia, cuja privatização total está agendada para este ano por imposição do memorando de entendimento assinado com a troika, o dividendo é distribuído de forma indirecta, passando pelo filtro da holding que gere as participações estatais e do grupo financeiro público.
O caso da Galp é semelhante ao da EDP, porque é detida pelo Estado via Parpública e CGD. A energética nacional representa cerca de 6 por cento dos dividendos totais que serão perdidos, dado que vai pagar 17,2 milhões de euros aos accionista que representam o Estado no capital.
Também este ano, segundo o acordo com a troika, o Governo vai procurar vender, na totalidade, a participação de 51,1 por cento na REN. O Estado perderá dividendos anuais que este não ascenderão aos 36 milhões (15,4 por cento do total).
Já os CTT, que este ano lucraram menos 6,1%, vão pagar 36,1 milhões em dividendos ao Estado, montante que será reduzido com a privatização parcial da empresa.
A gestora aeroportuária ANA, que também integra o universo da Parpública, distribuiu 6,9 milhões de euros em 2010. Este valor irá descer com a abertura parcial do capital a privados. No caso da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, a perda será total, uma vez que está planeada a passagem da participação de 15 por cento do Estado para a REN e para a Companhia Eléctrica do Zambeze. Com esta operação o Estado perde os 483 mil euros que recebe por ano (valor referente a 2010).
Segundo o Público, falta ainda contabilizar o que será perdido com a venda de uma parte da Caixa Seguros, do grupo CGD, que no ano passado teve um lucro de 136,1 milhões de euros.
Concluído o programa de privatizações, os cofres públicos vão ficar mais vazios. Pra além da Parpública e da CGD, restará, por exemplo a Águas de Portugal (que o PSD quer privatizar) que contribui com cerca de 27 milhões de euros em dividendos.
O Governo estima que este pacote de privatizações resulte num encaixe de 5,5 mil milhões de euros.
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