17
de junho de 2019, 08:00 h, Brasil 247 https://www.brasil247.com (Brasil)
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Durante 13 dos 22 anos de sua carreira
Sérgio Moro perseguiu o ex-presidente Lula de maneira obcecada; essa obsessão é
"a expressão de uma militância política engajada, messiânica, dedicada à
viabilização de um projeto de poder da extrema-direita", escreve o
colunista Jeferson Miola
Sérgio
Moro permaneceu na carreira de juiz federal por 22 anos, de 1996 a novembro de
2018. Desses 22 anos, dedicou mais da metade do tempo na perseguição a Lula.
De 2005
até o último dia no cargo de juiz da 13ª Vara de Curitiba – durante, portanto,
13 dos 22 anos de carreira – Moro não se descuidou de nenhum detalhe
concernente ao objetivo primordial da sua vida.
Antes de
se exonerar em novembro/2018, Moro deixou a 2ª sentença de condenação seriada
do Lula pronta e escrita para Gabriela Hardt, sua substituta provisória. Ela
apenas teve o trabalho de copiar o texto, colá-lo num arquivo com outro nome e
assinar o documento [
aqui ].
A
perseguição obcecada a Lula, que poderia ser entendida como um distúrbio
comportamental ou uma obsessão doentia do Moro, na realidade é a expressão de
uma militância política engajada,
messiânica, dedicada à viabilização de um
projeto de poder da extrema-direita.
Não se
pode, evidentemente, descartar a hipótese de um quadro híbrido, que mescla componentes
patológicos com tenacidade ideológica.
Somente
uma perícia especializada pode confirmar diagnósticos. Entretanto, a reação
fria e sociopata do Moro diante das provas aterradoras reveladas pelo
Intercept, indica tratar-se de um personagem “complexo”, narcísico; impositivo
e, que, ao mesmo tempo, demonstra ambição desmensurada pelo poder.
Em 7 de
dezembro de 2018 publiquei artigo mostrando que Moro começou a arquitetar o
plano para prender Lula ainda em 2005 [
aqui ],
quando trabalhava como juiz auxiliar da ministra do STF Rosa Weber no chamado
“mensalão”.
Essa
informação do “Plano Moro” foi extraída da entrevista de Onyx Lorenzoni à Globo
News [
a partir do minuto
6:50 ], na qual o colega de ministério do Moro explica que na época da
CPI do chamado “mensalão”, ele pediu sugestões [?!] ao então juiz de Curitiba.
Onyx relata que
“aí
ele [Moro] trouxe 1 série de contribuições e duas muito relevantes, que
o pessoal de casa vai entender agora: a primeira que ele pediu, em 2005, foi a
atualização da Lei de delação premiada, que levou 7 anos pra fazer. A outra, a
transformação do crime de lavagem de dinheiro de crime acessório para crime
principal ”.
À
continuação da entrevista, Onyx esclareceu que a partir das “contribuições” do
Moro, os obstáculos e dificuldades que em 2005 impediram que Lula fosse
atingido na armação do chamado “mensalão”, foram removidos ao longo do tempo. E
então eles finalmente puderam “chegar” no Lula no chamado “petrolão”, conforme
se regojiza Onyx:
“Os 2
fatores – a lavagem de dinheiro como crime principal, e a revisão da lei de
delação premiada – foram a diferença entre no ‘mensalão’ não ter chego [sic]
no Lula, e no ‘petrolão’ ter chegado no Lula ”.
As
revelações do Intercept comprovam documentalmente e materialmente a farsa da
aliança Globo-Lava Jato, sob a liderança de Sérgio Moro, para derrubar Dilma,
instalar o regime de exceção e, num contexto de arbítrios, atropelos e
ilegalidades, condenar e prender Lula para tirá-lo da eleição que venceria com
facilidade e contra qualquer candidato – e já no 1º turno de outubro de 2018.
A
revelação de Onyx, de outra parte, põe a nu “a estratégia política e
partidária montada pelo Moro para levar a efeito o plano de perseguição e de
prisão de Lula, arquitetado muito tempo atrás ” [meu artigo citado acima].
Os abusos
cometidos pelo Partido da Lava Jato contra Lula, mundialmente repudiados,
alcançaram o objetivo; porém, ao preço da destruição do Estado de Direito, da
soberania do país e da extinção dos direitos e das conquistas civilizatórias do
povo brasileiro.
Moro não
mediu esforços na cruzada para interditar Lula politicamente e instalar um
governo de extrema-direita. Ele aparelhou o judiciário e articulou ativamente
com parcela da imprensa uma narrativa de condenação a Lula.
É claro
como a luz do sol que Moro, como juiz, não teve isenção e imparcialidade. Ele
subverteu o ordenamento jurídico-legal para concretizar interesses políticos de
um grupo ultra-reacionário e de extrema-direita.
Moro foi
certeiro no alvo. Ele centrou todo arsenal de guerra contra Lula, a única
pessoa que poderia estorvar seus planos e impedir sua trajetória rumo ao poder.
Moro,
contudo, foi descoberto e está desmoralizado. Considerando a gravidade dos
crimes cometidos, de conspiração e traição; e de atentado à Constituição e ao
Estado de Direito, seu destino não poderá ser outro que não aquele que ele
injustamente, como um Soberano totalitário, impôs aos seus inimigos políticos:
a prisão.
* Jeferson Miola : Integrante do Instituto de Debates, Estudos e
Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum
Social Mundial
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