Postado em 25/11/2019 10:30, Pátria Latina
(Brasil) http://www.patrialatina.com.br/evo-morales-elite-boliviana-foi-do-racismo-ao-fascismo-e-do-fascismo-ao-golpismo/
Conversa Afiada
Manifestante segura a “wiphala”, a tradicional bandeira
dos indígenas dos Andes, em protesto de imigrantes bolivianos contra o Golpe e
a favor de Evo Morales. Avenida Paulista, São Paulo, 17/XI (Créditos: Elineudo
Meira/Fotos Públicas)
Presidente
legítimo abre mão de candidatura para pacificar o país
O presidente legítimo da Bolívia Evo Morales, atualmente
em exílio no México, afirmou em entrevista ao jornal Página 12 de Buenos Aires neste domingo
24/XI que ele e seu partido, o MAS (Movimento Ao Socialismo), apoiam o plano para a realização de novas eleições
no país.
Evo
Morales disputou e venceu as eleições de 20/X, garantindo assim seu quarto
mandato presidencial. A oposição de direita não aceitou a derrota: sem qualquer prova, alegou indícios de
fraude eleitoral e
convocou protestos contra o governo legítimo.
Com
apoio do Exército, a senadora Jeanine Áñez assumiu a presidência de forma irregular
em 13/XI. A esquerda
imediatamente organizou uma série de manifestações contra o governo golpista.
A
resposta foi dura: militares e policiais mataram pelo menos 32 apoiadores de Evo
Morales nas
últimas semanas – em sua maioria, indígenas e camponeses pobres.
Neste
sábado 23/XI, um acordo entre o MAS e o governo golpista da senadora Áñez foi aprovado por unanimidade no Senado e
na Câmara dos Deputados, abrindo o caminho para a realização de novas eleições.
Apesar
de ter o controle do Senado, o MAS aceitou uma exigência dos partidos de
direita: o projeto impõe um limite de dois mandatos presidenciais a qualquer
candidato – o que, na prática, impede que Evo Morales concorra novamente.
Na
entrevista ao Página 12, Evo anunciou seu apoio à medida: “vamos a
fazer tudo o que é possível pela unidade. E pela pacificação eu renuncio à
minha candidatura”, disse o presidente legítimo.
Ele
continua: “vou fazer o possível para ajudar na pacificação da
Bolívia. Renuncio à minha candidatura, ainda que eu estivesse autorizado a
apresentar-me como candidato à presidência. Não estou reclamando. Afirmo que
renuncio para que não haja mais mortes nem mais violência”.
Em seguida, Evo
Morales fala sobre os motivos que o levaram a renunciar no dia 10/XI: “Eles [os
apoiadores do Golpe] capturaram meus companheiros sindicalistas, os
militantes, os governadores, os prefeitos e falaram que queimariam suas casas
se eu não renunciasse à presidência. Capturaram o
irmão do presidente da Câmara e disseram: ‘se seu irmão não renunciar, vamos
queimar você em praça pública'”.
Ele
conclui: “do racismo ao fascismo e do fascismo ao golpismo. É isso o
que aconteceu na Bolívia”.
Em tempo: assista também à análise do jornalista Rodrigo
Vianna na TV Afiada: o Golpe na Bolívia é racista e
fundamentalista!
-- Em meio a
crise severa, Senado aprova novas eleições na Bolívia
--
Inteligência russa: eventos na Bolívia são tentativa de desestabilizar
situação na América Latina
Abya Yala*,
Bolivia/União Europeia aprova golpe militar na Bolívia e apoia Jeanine Añez
A União Europeia declarou que apoia a auto-proclamada
presidente da Bolívia. O país que detém 40% das reservas mundiais de lítio,
metal muito precioso e cobiçado, tem agora as portas abertas para ser saqueado
pelos países defensores do neoliberalismo.
19 Novembro, 2019, Jornal Tornado (Portugal) https://www.jornaltornado.pt/uniao-europeia-aprova-golpe-militar-na-bolivia-e-apoia-jeanine-anez/
A Alta Representante da União Europeia para a Política Externa e
Segurança, Federica Mogherini, declarou que a União Europeia apoia novas
eleições na Bolívia. Obviamente, só não vislumbra quem não quer, esta atitude
da União Europeia, representa a oficialização do golpe de estado na Bolívia sob
responsabilidade das Forças Armadas e de sectores da extrema direita nacional e
internacional.
As eleições
recentes que conduziram Evo Morales a um novo mandato com mais de 40% dos votos,
recorde-se, não foi aceite pela oposição que representa a extrema direita
boliviana.
Imediatamente
a seguir ao golpe a elite militar pressionou Morales, bem como, o presidente e
o primeiro vice-presidente do senado a renunciarem, e iniciaram-se prisões
ilegais de líderes do MAS – Movimento para o Socialismo.
O objectivo
destas prisões e torturas contra a cúpula do MAS é agora muito mais
perceptível. Tratou-se de uma estratégia para desmobilizar a liderança do
movimento de Morales e criar um clima de terror e medo com o intuito de
afastarem e fragilizarem os potenciais vencedores do processo eleitoral
fraudulento que se está a preparar com a conivência de alguns países e agências
internacionais.
É preciso denunciar de forma
repetida, na sequência do golpe apoiado pelas forças armadas e enquanto se
torturavam e assassinavam largas dezenas de camponeses, prenderam-se de forma
ilegal apoiantes de Morales e, sem qualquer tipo de quórum, de forma totalmente
ilegal e ilegítima, Jeanine Añez, a segunda presidente do senado,
auto-proclamou-se presidente da Bolívia, com o auxílio do Brasil de Bolsonaro e
com o apoio subtil dos EUA através da Organização dos Estados Americanos (OEA),
como se sabe, uma organização internacional criada nos EUA, com sede em Washington.
Portanto, mais uma vez, com uma
despudorada violação do direito internacional e da carta universal dos direitos
do homem, o mundo assiste ao escândalo da interferência de países terceiros,
neste caso em relação à Bolívia, para se impor um governo controlado a partir
do exterior.
Sucesso de Evo Morales e riqueza da Bolívia motivaram golpe de
estado
A Bolívia liderada por Evo
Morales, o primeiro indígena eleito para presidente da República, fortemente
apoiado por camponeses e intelectuais, conseguiu que este país registasse o
maior crescimento da América do Sul. O próprio Fundo Monetário Internacional
(FMI) reconheceu em Outubro deste ano que se registou um aumento de 4% do
Produto Interno Bruto.
Nos últimos dez anos, com Morales
no poder, e em virtude de ter nacionalizado o petróleo e o gás natural,
conseguiu obter vitórias nos sectores económicos e sociais impressionantes que
incomodaram grandemente os países que habitualmente exploram as riquezas e
defendem o neoliberalismo.
A Bolívia, conforme se pode
analisar no documentário de Hakim Abdelkhalek, é um país onde se encontram as
primeiras reservas mundiais de lítio, um metal de alto valor, indispensável
para as baterias dos futuros carros eléctricos, para computadores, telemóveis
de última geração, etc., para além de possuírem potássio e magnésio que estavam
a ser exportados para países como a China, Rússia e Suécia.
Portanto, a defesa de novas
eleições para “apaziguar” a população foi o pretexto da União Europeia para
encobrir o golpe de estado realizado na Bolívia e permitir-se que as eleições
controladas possam dar uma vitória aos representantes dos países que se
preparam para explorar as riquezas e os recursos económicos da Bolívia.
*Abya
Yala: Terra
viva, o nome indígena da América Latina.No espírito de José Martí e dos povos
nativos, Abya Yala é tudo o que está relacionado com a Nossa América, essa
terra viva que vai do Rio Bravo à Terra do Fogo, passando pelas Caraíbas, sem
esquecer as primeiras nações da América do Norte.
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