terça-feira, 22 de julho de 2008

Brasil/OMC: Amorim eleva o tom e diz que ricos mentem como nazista


20 julho 2008 /Vermelho http://www.vermelho.org.br

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, acusa os países ricos de estarem usando técnicas de desinformação dos nazistas nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). O objetivo seria o de tentar jogar a culpa do impasse na Rodada Doha sobre os países emergentes no processo que entra em em sua fase final.

Amorim ainda alertou: o preço que o Brasil está disposto a pagar pela Rodada já não é o mesmo diante da alta dos preços das commodities. "Não vou comprar um carro velho pelo preço de um novo", disse. "Estou disposto a comprar o velho, mas pelo preço de um carro velho. Não quero justiça absoluta. Isso não é teologia. Mas queremos benefícios para os emergentes também."

No sábado, o ministro iniciou os debates para tentar fechar um acordo na Rodada Doha sobre a liberalização comercial — mas rejeitou que a responsabilidade de um acordo seja dos países emergentes. Nos últimos dias, Europa e Estados Unidos têm pressionado os países emergentes a fazer concessões para que, em troca, possam abrir seus mercados agrícolas. Bruxelas e Washington acusam Brasil, Índia e China de estarem travando o processo ao não aceitarem cortes expressivos em suas tarifas de importação.

Amorim esteve com o diretor da OMC, Pascal Lamy, por mais de uma hora para o alertá-lo da posição dos emergentes. Ele rejeita a acusação dos países ricos.

"Goebbels sempre dizia que, quando se repete uma mentira muitas vezes, ela se torna verdade", afirmou o chanceler. Joseph Goebbels foi artífice da propaganda nazista na 2ª Guerra Mundial e ficou conhecido por introduzir técnicas de desinformação.

Amorim abandonou as sutilizas da diplomacia e causou espanto nos demais negociadores ao citar, na Europa, um ministro de Adolf Hitler. "Quando eu vejo o que é dito sobre a liberalização no setor agrícola e no setor industrial, não tenho como não me lembrar de Goebbels. Isso precisa ser desmascarado e não podemos ter um acordo baseado na desinformação."

A principal crítica do Brasil se refere ao fato de que os países ricos estão oferecendo pouco em termos de liberalização agrícola e cobrando muito em concessões no setor industrial. "Os países ricos não podem mais operar como no passado, tirando o máximo dos pequenos e dando o máximo aos ricos. Isso não vai mais acontencer", alertou o chanceler, que se reúne neste domingo com Peter Mandelson, comissário de Comércio da União Européia (UE).

Amorim se reúne também com os países emergentes para tentar unir todos contra as posições das economias industrializadas. Ele admite que há diferenças nas posições. Uma delas seria da Argentina, reticente em aceitar um acordo no setor industrial. Bolívia e Venezuela ainda dão sinais de que vão tentar aguar o processo. Mas o ministro garante que o G-20 (grupo de países emergentes) não será dissolvido neste momento.

Da Redação, com informações de O Estado de S. Paulo


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