Macau, China, 7 setembro 2009 – Depois de terem atingido em 2008 um recorde absoluto, as trocas comerciais entre a China e os Países de Língua Portuguesa recuaram no primeiro semestre, mas nos meses mais recentes já dão sinais de recuperação.
De acordo com as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China a que o macauhub teve acesso, entre Janeiro e Junho as trocas comerciais entre a China e países lusófonos caíram 35 por cento em relação ao primeiro semestre de 2008, para 23.522 milhões de dólares, com Angola e Brasil a registarem as maiores quebras e Timor-Leste e Guiné-Bissau os maiores aumentos.
A crise económica e financeira internacional teve entre o último trimestre do ano passado e o primeiro de 2009 um impacto muito negativo no preço das matérias-primas, que são a base das trocas chinesas com o mercado angolano ou o brasileiro, os dois mais importantes para o gigante lusófono entre os “oito”.
Com um crescimento superior a 66 por cento, as trocas comerciais ficaram em 2008 acima dos 77 mil milhões de dólares, e já este ano a China tornou-se no maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos.
Graças aos recordes de preço de matérias-primas energéticas, como o petróleo, ou agrícolas, como a soja, nos mercados de “commodities” ao longo de 2008, veio justamente de Angola e Brasil o principal impulso para as trocas no espaço sino-lusófono, permitindo ultrapassar antecipadamente a meta definida para 2009: 50 mil milhões de dólares.
Os Serviços da Alfândega da China indicam que, até Junho, a maior descida entre os diversos fluxos e países registou-se nas exportações de Angola para o gigante asiático: menos 63,9 por cento, para 4,4 mil milhões de dólares.
As exportações da China para Angola cresceram 17 por cento, para 1,37 mil milhões de dólares, situando-se a quebra nas trocas bilaterais em 56,8 por cento, para os 5,77 mil milhões.
No caso do Brasil, a quebra ascendeu a 23,3 por cento, para 16,52 mil milhões de dólares, com as exportações da China a recuarem 40,1 por cento e as importações 12,5 por cento, para 11,45 mil milhões de dólares.
Também as trocas com Portugal evoluíram negativamente, mas bem mais ligeiros 9,1 por cento, para 1,04 mil milhões de dólares, com as importações da China a subirem 21,7 por cento e as exportações a perderem 14 por cento.
Em relação a todos os outros mercados, mais pequenos, a variação foi positiva, e nalguns casos de grande expansão.
Timor-Leste, por exemplo, regista uma variação positiva de 119,6 por cento no primeiro semestre, para 6,43 milhões de dólares, com as exportações da China a crescerem 119,5 por cento.
O comércio com a Guiné-Bissau expandiu-se 43,4 por cento, sobretudo graças ao comportamento das exportações da China, enquanto que Cabo Verde regista uma subida de 29,8 por cento nos seis primeiros meses do ano.
Mais ligeiras são as subidas nas trocas com São Tomé Príncipe (2,1 por cento) e Moçambique (6,2 por cento).
O mercado moçambicano continua a ser o quarto mais importante para a China no espaço lusófono, com trocas avaliadas em 169,9 milhões de dólares e as exportações chinesas a crescerem mais de 30 por cento.
O total do primeiro semestre nas trocas sino-lusófonas representa uma redução de 12.583 milhões de dólares face ao mesmo período de 2008 (36.105 milhões de dólares). No total, as importações da China somaram 16.082 milhões de dólares, menos 37 por cento, e as exportações 7.440 milhões de dólares, menos 31 por cento.
As estatísticas alfandegárias revelam que em Junho, quer as importações, quer as exportações estavam em franca recuperação.
O valor apurado em Junho - 5.603 milhões de dólares - representa um aumento de 807 milhões de dólares, 17 por cento, face ao mês anterior (4.796 milhões de dólares).
As importações subiram 20 por cento face ao mês de Maio, enquanto as exportações da China para os países lusófonos ganhavam 9 por cento.
Entre 2003 e 2006, as trocas comerciais entre a China e os países lusófonos mais do que triplicaram, para um total de 34 mil milhões de dólares no final de 2006.
Em 2007, o aumento homólogo ficou-se pelos 46,9 por cento, e no ano passado acelerou para 66 por cento. (macauhub)
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