Os portugueses chegam às centenas, sem contactos, sem apoios, dormindo nas ruas e estações. Sem domicílio fixo não conseguem um visto e sem um visto não obtêm emprego. Meu Portugal nas ruas de Lausanne…
Os portugueses chegam às centenas, sem contactos, sem apoios, dormindo nas ruas e estações. Sem domicílio fixo não conseguem um visto e sem um visto não obtêm emprego. Meu Portugal nas ruas de Lausanne…
Um retrato de uma reportagem televisiva sobre os emigrantes portugueses recém-chegados a Lausanne, na Suíça, mostrava um grupo de homens às portas de uma instituição de apoio social, à espera de uma sopa e de um aconchego quente. Alguns não mostravam a face: a pobreza envergonha e provavelmente o Primeiro-Ministro considerá-los-ia piegas e sem “vontade de vencer”, exemplos, enfim, “pouco competitivos”. Outro relatava o caso de um companheiro que perdera quinze kg devido à fome. Um padre católico mostrava a sua preocupação, dizendo que os portugueses chegam às centenas, sem contactos, sem apoios, dormindo nas ruas e estações. Sem domicílio fixo não conseguem um visto e sem um visto não obtêm emprego. Meu Portugal nas ruas de Lausanne…Haverá muita gente neste Governo que vê com bons olhos a função de válvula de escape da emigração ilegal – alivia a pressão da panela.
Outra reportagem dava conta da fome nas escolas, pela voz de uma professora. Chegamos a um ponto em que as associações de pais se distanciam do projeto do Bloco que pretende instituir o pequeno-almoço gratuito em todas as escolas portuguesas. É que, dizem algumas dessas associações, a maioria parlamentar vai certamente vetar o projeto. Talvez seja melhor, adiantam, limitar o âmbito da proposta às escolas mais carenciadas. Vai fazendo caminho, portanto, o medo e a ideia reacionária de um Estado-sopa-dos-pobres.
Perante isto, o Partido Socialista diz que se distancia de alguns aspetos do memorando da Troika, mas apressa-se a garantir o seu cumprimento. Ora, só a rutura completa com o memorando abrirá o início de uma alternativa à corrida para o abismo. Não podemos perder uma só oportunidade para confrontar o PS e os seus responsáveis perante esta responsabilidade histórica, puxando-os para fora desse acordo. Mas, ao mesmo tempo, temos de falar diretamente aos homens e mulheres que votaram PS e desafiá-los para os combates que se avizinham.
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