30 janeiro 2012/Macauhub (China)
Lisboa, Portugal, 30 Jan – A China State Grid está bem posicionada para se tornar no maior accionista do grupo português Redes Energéticas Nacionais (REN) e, por esta via, vir a deter uma participação na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique.
De acordo com a folha de informação Africa Monitor, está previsto que metade dos 15% do Estado Português na HCB sejam cedidos à REN, mas a transacção carece do acordo do Estado moçambicano, que controla a empresa.
A entrada na HCB habilita a REN a participar no chamado Projecto Cesul, no qual, até 2016, serão investidos 2,4 mil milhões de dólares, na construção de um sistema de transporte de electricidade entre a província de Tete e o sul do país, mas também para nações vizinhas.
A produção de electricidade, cerca de 12 mil megawatts, concentrar-se-á no futuro pólo energético de Tete, incluindo numa nova barragem no rio Zambeze, Mphanda Nkwa – 1 500 megawatts – a central norte de Cahora Bassa – 1 250 megawatts – e centrais térmicas a carvão de Moatize e Benga – 600 megawatts cada uma.
A maior parte da produção actual de Cahora Bassa é transportada numa linha dedicada para a África do Sul (Central Apollo) e a produção restante é destinada ao Zimbabué e a partes do norte de Moçambique.
A África do Sul será o principal destino da futura produção energética do Vale do Zambeze, o que implica o reforço da capacidade de transporte das linhas existentes.
Na recente cimeira luso-moçambicana falhou o acordo de venda dos restantes 7,5% da participação ainda detida por Portugal a favor de interesses moçambicanos consorciados no Projecto Cesul, entre os quais a Electricidade de Moçambique (EdM), devido aos termos de valores da transacção, de acordo com o Africa Monitor.
A participação reservada à REN no Projecto Cesul envolve a construção de infra-estruturas e, posteriormente, a gestão das novas redes (exploração e manutenção).
Segundo a folha de informação portuguesa, a China State Grid manifestou-se desde o início interessada na privatização da REN, “iniciativa amplamente influenciada por expectativas de implantação da empresa em Moçambique”.
A proposta da empresa chinesa, segundo o jornal português Público, é para 25% da REN, devendo os restantes 15% ficar nas mãos do outro candidato, a Oman Oil Company.
Nos termos do concurso, cuja conclusão está prevista para o início de Fevereiro, as duas empresas não poderão alienar as acções durante os próximos quatro anos.
O Diário Económico noticiou sexta-feira que a China State Grid apresenta como trunfo na corrida à REN a abertura do mercado asiático à empresa portuguesa, estando presente em países como Filipinas, Mongólia, Quirguistão e Rússia e Índia.
A oferta é de 400 milhões de euros e inclui também uma linha de financiamento de longo prazo do Banco de Desenvolvimento da China, a taxas de juro reduzidas, no valor de mil milhões de euros.
Esta garante as necessidades de refinanciamento da REN, a partir de 2013, segundo a mesma fonte, e permite ao grupo impulsionar o seu plano de internacionalização – orientado para Moçambique, Angola, Brasil e Colômbia – e alargar o potencial raio de acção dos seus fornecedores nacionais. (macauhub)
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