23
fevereiro 2014, ODiário.info http://www.odiario.info (Portugal)
Os Editores
A
situação na Ucrânia configura a crise politica e social mais grave ocorrida no
Continente Europeu desde a guerra de agressão contra a Iugoslávia.
Uma aparente dualidade de poderes oculta um real vazio
de poder.
A Rada (Câmara de deputados) pretende controlar a situação. Oleksandr Turtchinov , do Partido Pátria, de Júlia Timoshenko, assumiu interinamente a presidência do país. Esse órgão legislativo destituiu o presidente Yanukovitch, restabeleceu a Constituição de 2004 e marcou eleições presidenciais para 25 de Maio.
A Ucrânia está à beira da bancarrota e muita água
correrá pelo Dnieper até essa data.
Na prática os grupos extremistas da Praça Maidan que
recusaram o Acordo firmado por Yanukovitch, pelos ministros dos Negócios
Estrangeiros de países da União Europeia e pela oposição da Rada, forçaram o
presidente (cujo comportamento foi indecoroso) a fugir para Kharkov, e emergem
como poder real na
caótica situação criada na Ucrânia Ocidental.
caótica situação criada na Ucrânia Ocidental.
Júlia Timoshenko, vinda do hospital onde se encontrava
em Kharkov sob prisão, compareceu na Praça numa cadeira de rodas e pronunciou
ali em tom patético um discurso populista, carregado de ameaças. Mas não
despertou o entusiasmo que esperava. Ela e o seu partido Pátria mantiveram
ligações íntimas com a oligarquia corrupta que dominava o país.
Bem organizados, os grupos extremistas da Praça Maidan
continuam a atuar como poder real. Um deputado do Partido das Regiões, de
Yanukovitch, que afirmara a sua indisponibilidade para participar num governo
de coligação, foi retirado da Rada e levado para a Praça algemado, com um
cartaz onde se lia a palavra «Traidor!».
Na Rada a língua russa foi proibida e os canais de
televisão que transmitiam também em russo passaram a emitir somente em
ucraniano. Uma deputada do partido de extrema-direita Svoboda sugeriu num
discurso impregnado de ódio que todos os russos da Ucrânia (mais de 12 milhões)
sejam expulsos.
O deputado Oleg Lyasko do Partido Radical, exigiu a
execução pública de Yanukovitch.
O líder de outro partido ultra nacionalista, neo
fascista, pediu a expulsão dos «comunistas, dos judeus e da escumalha russa».
Em
Lvov, no Noroeste do país (província de maioria católica que era polaca em
1939), a perseguição aos comunistas é frenética, feroz.
Uma
vaga de anticomunismo selvagem varre grande parte da Ucrânia. Na capital e nas cidades da Ucrânia Ocidental, organizações e
extrema-direita praticam crimes abjetos, perante a passividade do exército e
das polícias. Desde o III Reich nazi que não acontecia algo comparável na
Europa. O fascismo exibe na Ucrânia, com arrogância desafiadora, a sua face
hedionda.
OS
EDITORES DE ODIARIO.INFO
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