segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Brasil/Emoção marca evento de 30 anos da Lei da Anistia no país

Flávia Villela, repórter

22 agosto 2009/Agência Brasil http://www.agenciabrasil.gov.br

Rio de Janeiro - A emoção marcou o encontro que comemorou os 30 anos de anistia no Brasil. O ato público realizado hoje (22) no Arquivo Nacional, no Centro do Rio, durou cerca de cinco horas e reuniu aproximadamente 300 pessoas que de alguma forma estiveram envolvidas com o processo de redemocratização do país. O evento promoveu o reencontro de ex-presos políticos que estavam encarcerados em 22 de agosto de 1979, quando foi criada a Lei de Anistia. Dentre os homenageados, estavam militantes que realizaram uma greve de fome nacional para forçar o Congresso a aprovar uma lei de anistia ampla, geral e irrestrita.

Gilney Amorim Viana era estudante de medicina em Minas Gerais e foi expulso da faculdade em 1969 por ser militante do Partido Comunista Brasileiro. Ele ficou quase dez anos preso e participou da greve de fome, no presídio da Frei Caneca, no Rio. “A greve de fome serviu para denunciar que o projeto de anistia original era parcial e nos excluía, além de ser uma forma de negar a legitimidade da nossa luta contra a ditadura militar.”

O ministro da Justiça, Tarso Genro, participou do evento e enfatizou que anistia não é perdão, mas um pedido de desculpas aqueles que tiveram seus direitos violados pelo regime militar. “Anistia não é esquecimento, é a revelação da verdade da história e promoção da justiça.”

Visivelmente emocionado, Tarso Genro foi aplaudido de pé, ao ser homenageado pela advogada Eny Moreira, uma das fundadoras do Comitê Brasileiro para a Anistia, criado em 2008. “Como dizia meu pai, honradez não se pede nem se agradece, se aplaude,” disse ela ao ministro.

A ex-gerrilheira Marília Guimarães entrou para a clandestinidade, com dois filhos ainda bebês, em 1969. Ela escreveu um dos livros expostos no evento, que relata o sequestro de um avião em que ela participou para fugir da ditadura. “Muitos morreram, mas todos que estão aqui continuam lutando. Este é um momento de muita emoção, pois passados mais de 30 anos, esta homenagem ajuda manter viva a memória desse período e a impulsionar a juventude a seguir lutando por um mundo melhor.”

Durante a solenidade, foi inaugurada uma exposição de fotos sobre a luta pela anistia e lançada a Revista da Anistia Política e Justiça de Transição. A Lei de Anistia beneficiou milhares de pessoas perseguidas pelo regime militar, permitindo a volta dos exilados e a liberdade dos presos políticos.

O advogado Modesto da Silveira, que defendeu milhares de presos políticos durante todo o período de repressão, foi um dos homenageados no encontro e se disse muito emocionado com as exposições de alguns participantes. “Em cada relato, vieram flashes de histórias semelhantes a vários casos que eu tive de defender.”

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