quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Brasil/Reforma permitirá consolidar português no mundo, diz Lula

António Sampaio, da Agência Lusa

Toledo, Espanha, 13 outubro 2008 (Lusa) - O acordo ortográfico permitirá cimentar o papel da língua portuguesa no mundo, um processo que necessita de um esforço de promoção do idioma nos países onde se fala espanhol, defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"O acordo ortográfico procura aproximar o idioma usado nos países lusófonos. E também tem como objetivo reforçar a presença do português no mundo", afirmou Lula, em Toledo (Espanha).

"Estou convencido de que as nossas línguas [português e espanhol] devem aproximar-se cada vez mais. Realizamos ações para divulgar o espanhol no Brasil mas apoiamos iniciativas para divulgar o português nos países de fala espanhola", disse.

O presidente brasileiro discursava depois de ser homenageado, ao lado do escritor mexicano Carlos Fuentes, com a primeira edição do Prêmio Internacional D. Quixote de La Mancha. No caso de Lula, a distinção reconhece o seu papel na promoção do espanhol no Brasil.

"Com milhões de brasileiros estudando o espanhol desde a infância, tenho a certeza de que a integração regional e as relações com os nossos parceiros ibéricos terão bases muito sólidas para o futuro", disse.

Um processo que permitirá consolidar a integração regional, na América Latina, mas que, se for recíproco e centrado no intercâmbio, "fortalecerá a parceria" no espaço ibero-americano.

Atualmente, já estudam o espanhol como segunda língua mais de nove milhões de alunos brasileiros, um número que será aumentado para 12 milhões até 2010, mediante um sistema que envolverá mais de 30 mil professores e em que se destaca o apoio do Instituto Cervantes.

"Audácia e imaginação"

No seu discurso de agradecimento, Lula citou D. Quixote para defender que, atualmente, "o mundo em transição requer a audácia e imaginação" demonstrada pela personagem de Cervantes.

"Só com a imaginação não mudamos a realidade, mas sem a imaginação corremos o risco de ficar presos a um cinzento conformismo", disse, defendendo por isso o papel da cultura em que a humanidade se afirma e expressa "livremente".

"A cultura ilumina, é um fator de inclusão social, de cidadania, de afirmação coletiva. No mundo globalizado, a cultura fortalece a soberania e a identidade nacionais mas, ao mesmo tempo, é portadora do universalismo", ressaltou.

Mais do que um diálogo econômico, Lula defende por isso a cultura como veículo para consolidar a integração regional, consolidar os projetos de desenvolvimento social, ultrapassar a pobreza e conquistar a dignidade".

"Precisamos lançar um diálogo entre as sociedades que desejam e precisam de conhecer-se melhor (…) e que inclui necessariamente Espanha e Portugal", disse.

"O que nos une é justamente a cultura, a vivência histórica compartida de duas línguas irmãs. Queremos que o idioma de um fortaleça a parceria com o outro", afirmou Lula.

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