quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Chanceler português visita Brasília para preparar cúpula

Brasília, 9 outubro 2008 (Lusa) - O ministro português das Relações Exteriores, Luís Amado, chega nesta sexta-feira a Brasília, onde terá um encontro com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, para preparar a 9ª Cúpula Brasil-Portugal, que será realizada no dia 28, em Salvador.

Segundo fontes diplomáticas brasileiras e portuguesas, a cúpula entre o presidente Lula da Silva e o primeiro-ministro luso José Sócrates deverá mostrar o "excelente patamar das relações luso-brasileiras", num momento em que os dois países estão interessados na promoção da língua portuguesa no exterior.

Com a entrada em vigor do acordo ortográfico, que terá períodos diferentes de transição em cada um dos oito países de língua portuguesa, especialistas acreditam que o idioma será fortalecido e que a cooperação para a promoção do português no quadro internacional será facilitada.

Este será um dos temas de destaque na Cúpula Brasil-Portugal e no encontro dos ministros das Relações Exteriores, assim como a preocupação com a crise financeira mundial.

Amado deverá interessar-se sobre os reflexos na economia brasileira da crise que começou nos Estados Unidos e se alastra pela Europa, já que os portugueses têm investidos no Brasil mais de US$ 11 bilhões (R$ 25,19 bilhões) em cerca de 700 empresas.

Embora o presidente Lula insista que o país está preparado para enfrentar as turbulências, a Bolsa de São Paulo (Bovespa) obedece à tendência de queda em todo o mundo - já perde 37% este ano -, o dólar subiu muito e o governo já admite que a crise é a mais séria desde 1929.

Esta semana, o governo brasileiro adotou medidas contra a falta de liquidez no mercado brasileiro, devido ao estrangulamento do crédito, entre outras providências para que o Banco Central possa socorrer bancos que venham a ter dificuldades.

Amorim e Amado devem trocar impressões também a respeito das eleições nos Estados Unidos e do quadro sul-americano, com foco na Bolívia, Venezuela e Equador.

Outros assuntos na agenda de discussão são a possível retomada das negociações comerciais entre União Européia (UE) e Mercosul, após o novo fracasso da Rodada de Doha, no último mês de julho, e o programa de ação para a parceria estratégica UE-Brasil, cuja 2ª Cúpula está marcada para 22 de dezembro, no Rio de Janeiro.

O problema da imigração deverá aparecer também nas discussões bilaterais, uma vez que os brasileiros constituem, segundo as autoridades portuguesas, mais de 30% dos imigrantes em situação irregular em Portugal.

A abordagem deste tema, todavia, passou para outra esfera com a parceria estratégica estabelecida em julho do ano passado entre a UE e o Brasil, âmbito em que estão sendo tratados os problemas de imigração diante das novas leis européias em vigor.

As estratégias para o fortalecimento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é também um outro tema que está sempre na pauta das relações Brasil-Portugal.

No plano bilateral, de acordo com diplomatas dos dois países, não há quaisquer bloqueios de natureza administrativa para o comércio.

No ano passado, as trocas comerciais entre Brasil e Portugal aumentaram 20% em comparação com 2006, chegando a US$ 2,1 bilhões (R$ 4,8 bilhões), com exportações brasileiras de US$ 1,7 bilhão (R$ 3,89 bilhões) e importações de US$ 340,9 milhões (R$ 778 milhões).

Já as discussões sobre o reconhecimento de graus e títulos também devem ser mantidas.

O Brasil defende a constituição de um conselho de grandes universidades para harmonizar os procedimentos de reconhecimento de graus e títulos, porque existe uma grande descentralização neste tema no país, assim como em Portugal.

A última cúpula luso-brasileira foi realizada no Porto, norte de Portugal, em outubro de 2005.

Em 2006, o primeiro-ministro português José Sócrates realizou uma visita oficial ao Brasil, onde se encontrou com o presidente Lula, mas não houve uma cúpula dos dois países.

No ano passado, as atenções concentraram-se no encontro UE-Brasil, para onde migraram muitos temas da agenda bilateral.

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