terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ex-torturador timorense provoca debate na Austrália

Díli, 20 outubro 2008 (Lusa) - Uma comissão do Senado australiano discute terça-feira a situação de um ex-torcionário timorense que entrou na Austrália com um visto de peregrino.

A situação de Gui Campos, um colaborador da inteligência militar indonésia desde os primeiros anos da ocupação de Timor-Leste, vai ser abordada numa das comissões do Senado australiano.

É a segunda vez que o Governo federal vai ser questionado em relação a Gui Campos, que entrou no país há poucos meses com um visto concedido para participar no Dia Mundial da Juventude, durante a visita do Papa Bento XVI à Austrália.

Na sessão de 13 de Outubro, o senador Bob Brown, líder dos Verdes australianos, questionou o ministro da Imigração e Cidadania, o senador Chris Evans, sobre a presença de Gui Campos no país e exigiu saber também se as autoridades australianas pretendem agir contra o ex-torturador ou deixá-lo fugir.

Vários activistas timorenses na Austrália e também vítimas ou familiares de pessoas interrogadas, torturadas ou mortas por Gui Campos ou por sua indicação pretendem que o ex-colaborador dos indonésios seja preso e julgado por esses crimes.

Gui Campos, de 55 anos, residente em Díli, foi reconhecido numa rua de Sydney por uma mulher timorense que é irmã de um rapaz de onze anos que morreu em 1978 na capital timorense depois de ser interrogado e espancado pelo temido agente.

No seguimento dessa descoberta e da denúncia de Gui Campos na televisão australiana, vários outros testemunhos vieram a público confirmando as acusações contra o agente indonésio.

José Belo, um dos jornalistas timorenses mais conhecidos e director do jornal Tempo Semanal, e Naldo Rei, autor de um livro recente sobre a experiência da resistência timorense, acusam Gui Campos de os ter torturado nos anos 1990, com choques eléctricos e espancamentos.

Muitos outros episódios do currículo de Gui Campos estão documentados quer pelas suas vítimas em Díli quer pelos arquivos das comissões que investigaram a violência em Timor-Leste entre 1975 e 1999.

No Senado australiano, a oposição pretende saber como foi possível um homem com este currículo obter um visto de peregrino, que, segundo informação oficial, Gui Campos pretende renovar.

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