27 março 2013, Pagina Global http://paginaglobal.blogspot.com.br
(Portugal)
Manuel Alegre – Jornal i, opinião
Estamos
como aqueles prisioneiros dos campos de concentração que viviam na ilusão de
que a vez deles talvez não chegasse enquanto os outros iam sendo
encaminhados para as câmaras de gás. Não se vê nenhuma cruz gamada, não há
soldados a gritar ordens, a frase “Arbeit macht frei” ainda não aparece à
entrada do nosso país.
Mas
o ministro Schaüble, Durão Barroso e os donos da Europa germanizada metem medo.
Não precisam de invadir nem de bombardear. Tomam um decisão e exterminam um
país. Ontem foi Chipre. Os quintas-colunas que governam os países
europeus e os comentadores arregimentados acham que não se pega, Chipre é um
pequeno país. Já tinham dito o mesmo da Grécia. Enquanto não nos puserem uma
marca na lapela, eles julgam que vamos escapar. Mas eu já estou a sentir-me
condenado. Não consigo deixar de me sentir cipriota. Estava convencido que
pertencíamos à União Europeia, um projecto de prosperidade partilhada entre
estados iguais e soberanos. Mas Chipre, depois da Grécia e, de certo modo, nós
próprios, fez-me perceber que esta Europa é uma fraude. Deixou de ser um
projecto de paz e liberdade, começa a ser uma ameaça de tipo totalitário, com o
objectivo de empobrecer e escravizar os países do Sul.
Por
isso é conveniente que nos sintamos todos cipriotas. Antes que chegue a nossa
vez.
*Escritor,
ex-candidato à Presidência da República
Nenhum comentário:
Postar um comentário