quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Abya Ayala, Patria Grande, Suriname/Unasul discutirá passaporte sul-americano e questão Síria



29 agosto 2013, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

Um país “não latino”, de fala holandesa, recebe, nesta sexta-feira (29), a 7ª Reunião Ordinária do Conselho de Chefes de Estado e de Governo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O Suriname, que receberá do Peru a presidência temporária da entidade pela primeira vez, terá pela frente o desafio de dar coesão e protagonismo ao bloco de integração regional durante sua gestão de um ano.

Por Vanessa Silva, para o Portal Vermelho

A reunião da Unasul deverá tratar de temas caros à integração regional, como a eliminação da necessidade de visto para cidadãos dos países membros do bloco até 2019; a criação de um centro de arbitragem regional — proposto pelo presidente do Equador, Rafael Correa —; a questão envolvendo o retorno do Paraguai ao bloco — o país estava suspenso desde junho de 2012, após o golpe de Estado que destituiu o ex-presidente Fernando Lugo — e será realizada uma homenagem ao ex-presidente da Venezuela e um dos maiores impulsionadores da integração latino-americana, Hugo Chávez.

Participarão da reunião os presidentes Evo Morales (Bolívia), Dilma Rousseff (Brasil), Rafael Correa (Equador), Bharrat Jagdeo (Guiana), Horacio Cartes (Paraguai), Ollanta Humala (Peru), Desiré Delano Bouterse (Suriname) e Nicolas Maduro (Venezuela). Não participarão do evento os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai).

Temas sensíveis
Os mandatários sul-americanos terão pela frente temas delicados no tocante à diplomacia e relações bilaterais. A mais recente é a que envolve o Brasil e a Bolívia pelo caso da fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina — condenado pela justiça de seu país por corrupção — para o Brasil em carro diplomático.
A presidenta brasileira, Dilma Rousseff, deverá conversar com seu homólogo a respeito do que será feito do futuro do senador, que teve asilo concedido pela embaixada brasileira.

A relação Paraguai-Venezuela também gera expectativas, uma vez que o presidente paraguaio, Horácio Cartes, hostilizou o mandatário venezuelano ao não convidá-lo para sua posse no começo do mês. O Paraguai questiona a presidência temporária da Venezuela e a forma como o país caribenho ingressou no Mercosul após sua suspensão do bloco. O congresso do Paraguai — dominado à época do governo Lugo pela direita — se negava a autorizar o ingresso da Venezuela no grupo regional. Assim, com a suspensão do país, os demais integrantes, cujos congressos já haviam autorizado o ingresso do novo membro, autorizaram a entrada da Venezuela ao Mercosul.

O chanceler do Paraguai, Eládio Loizaga, afirmou, durante o encontro de chanceleres, prévio à Cúpula no Suriname, que não haverá nenhum conflito entre Cartes e Maduro em Paramaribo.

Maduro entregou, nesta sexta-feira (29), uma comunicação para que o grupo estude a possibilidade de reformar alguns estatutos da Unasul, que, na visão do país conspira contra a estabilidade do bloco e poderia burocratizá-lo.

Assuntos de interesse internacional também terão espaço na cúpula, como o conflito na Síria, as negociações para a paz na Colômbia e a soberania argentina das Malvinas. De acordo com o Suriname, além dos temas mencionados, o país tratará como prioridade a proteção à população jovem e trabalhará pela unidade e entendimento mútuo dos membros.

Desafios da Unasul

O chanceler da Venezuela, Elias Jaua, evidenciou, nesta sexta (29), a necessidade de criar uma doutrina de defesa comum no âmbito da Unasul: "Estamos obrigados a desenvolver uma doutrina de Segurança e Defesa para proteger nossa paz, a paz desta região".

"A América do Sul tem que enfrentar o desafio de um mundo sob a ameaça permanente de agressão imperialista em busca de recursos naturais", disse Jaua, lembrando que o bloco tem um Conselho de Defesa dinâmico com um número significativo de reuniões e apresentações de propostas.

O ministro de relações exteriores do Equador, Ricardo Patiño, ressaltou a necessidade de fortalecer o bloco regional: "estamos aqui no Suriname para continuar a trabalhar no sentido de fortalecer a Unasul, reforçar o seu papel na América Latina como uma organização inclusiva e continuar impulsionando o crescimento do nosso povo".

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Começam as reuniões prévias à Cúpula da Unasul no Suriname

29 agosto 2013, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

As delegações dos doze países membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul) iniciaram nesta quinta-feira (29), na capital do Suriname, os encontros prévios da Cúpula que reúne os chefes de Estado e de governo.

Os ministros se reúnem previamente para acordar a "Declaração de Paramaribo" – que deve ser assinada na sexta-feira (30) pelos os chefes de Estado e de governo – e preparar resoluções sobre outros temas.

O documento deve estabelecer questões de estratégia para a Unasul e as áreas prioritárias de trabalho, como aintegração política e o impulso da juventude. A agenda do encontro prevê ainda eleição do próximo secretário-geral e a apresentação dos objetivos para o próximo ano, quando o Suriname assume a presidência da organização, que atualmente é gerida pelo Peru.

O chanceler do Suriname, Wiston Lackin, assegurou à venezuelana Telesur que o bloco trabalha também na elaboração de uma resolução sobre a Síria.

Nos últimos dias, vários países da Unasul se pronunciaram contra qualquer iniciativa militar na contra o país do Oriente Médio. O próprio governo da Argentina, que preside temporariamente o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), expressou em um comunicado que “jamais irá propor, nem endossar uma intervenção militar estrangeira” no local.

Construção da sede da Unasul
Durante a Cúpula, o Equador deve detalhar como estão os trabalhos para a construção da sede da Unasul em Quito.

No último dia 15 de agosto, a Bolívia destinou 64 milhões de dólares para a obra da sede do Parlamento da Unasul em Cochabamba.

Reincorporação do Paraguai
Alguns dos líderes que participam da cúpula na sexta-feira já partiram para Paramaribo, incluindo o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, cuja presença nesta reunião formaliza a reincorporação do país na Unasul, depois da suspensão de mais de um ano.

Inevitavelmente Cartes irá encontrar com o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, que foi declarado persona "non grata" pelo ex-governo do Paraguai, mas até o momento não há previsão de uma reunião bilateral.

Maduro não foi convidado para a cerimônia de posse de Cartes, mas escreveu ao presidente eleito expressando seu desejo de normalizar as relações entre os dois países, suspensas desde a deposição do presidente Fernando Lugo do Paraguai, em junho de 2012.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias


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