terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Timor-Leste/HIPOCRISIAS E JOGOS SUJOS

16 janeiro 2010/Timor Lorosae Nação http://www.timorlorosaenacao.blogspot.com/

Por Luciano Babo

“Adérito Jesus só servirá para continuar a mascarada que até o Presidente Ramos Horta alimenta. Nem mais, nem menos, que isso. Basta de hipocrisias e de jogos sujos!”

O Presidente da República de Timor-Leste falou há dias para o Tempo Semanal, em entrevista conduzida por José Belo, pretendendo mostrar que abordava a corrupção, o conluio e o nepotismo, mas não passou das intenções, reduziu-se ao sector do arroz. Não demonstrou minimamente estar contra a chamada KKN* que implica ministeriais milhões, referiu-se somente àquilo a que se chama a arraia-miúda. Os pequenos da KKN, funcionários públicos na generalidade. Sobre ministros, familiares de ministros, amigos desses e dele, PR, amigos dos amigos, etc., nem palavra de jeito que se ouvisse ou que se lesse na transcrição e tradução aqui publicada no TLN. Nem sobre o último escândalo dos 18 milhões no negócio do sobrinho do Primeiro-Ministro Xanana Gusmão, Nilton Gusmão, o presidente Ramos Horta se dignou fazer uma referência, apesar de ser um assunto tão actual.

O mesmo se pode e deve apontar ao Vice-Primeiro Ministro, Mário Carrascalão. De desculpa em desculpa, de ziguezague em ziguezague, o senhor engenheiro e vice de Xanana, vai dizendo muitas palavras que significam coisa nenhuma, a não ser engano, a não ser mascara e suporte para um governo que detém na sua estrutura principal bastantes casos que indiciam KKN. Casos tornados públicos e que são acompanhados de documentação comprovativa, mas que tudo e todos a quem compete dar seguimento e apurar sobre a sua veracidade e responsabilidade, fazem por ignorar. Está nessa situação, para além de Mário Carrascalão, a senhora Procuradora-Geral da República, a Dra. Ana Pessoa. Evidentemente que sim. E para isso não existe suporte legal que permita à referida senhora escapar-se e justificar o seu procedimento de avestruz, fazendo que não sabe, nem vê. Concluímos assim que nem Mário Carrascalão nem Ana Pessoa são as pessoas íntegras que julgávamos e em quem depositámos esperanças no passado recente. Afinal também eles são coveiros da democracia e da justiça timorense. Devem assumir isso.

No mesmo alinhamento já se perfila Adérito de Jesus. Proposto pelos partidos do governo para dirigir a Comissão de Anti-Corrupção, não é por acaso que a oposição está em desacordo. O resultado vai ser o mesmo. Adérito Fernandes poderá, no máximo, direccionar-se para a corrupção da arraia-miúda, no valor de umas centenas ou de uns milhares de dólares, fazendo como Ramos Horta, como Mário Carrascalão, como Ana Pessoa, relativamente à KKN que envolve muitos milhões de dólares, envolve ministros e o próprio primeiro-ministro. Para que serve afinal nomear Adérito Jesus? Mais um a pesar no Orçamento do Estado para simplesmente mascarar a Luta Contra a KKN e ignorar a elite que beneficia ou faz beneficiar familiares e amigos de milhões ao arrepio dos preceitos legais? Não, então para isso já bastam aqueles dois!!

A nomeação de uma personalidade que deva dirigir a KKN deverá recair por alguém integro e absolutamente independente, que não tema o confronto com as ilegalidades cometidas por ministros ou pelo primeiro-ministro. Esse cargo não deve recair sobre mais um que o assumirá atento, venerando, obediente e temeroso do actual regime. Por isso é que a AMP e Xanana preferem Adérito Jesus. Para continuar a mascarada que até o Presidente Ramos Horta alimenta. Nem mais, nem menos, que isso. Basta de hipocrisias e de jogos sujos!

* KAK: Comissão Anticorrupção

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