segunda-feira, 19 de maio de 2008

CPLP pode ajudar capacitação das forças do Timor, diz Horta

Dili, 18 maio 2008 (Lusa) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) "pode ajudar na capacitação humana dos quadros das Falintil-Forças de Defesa de Timor Leste", afirmou neste domingo José Ramos-Horta, em Dili.

O presidente da República timorense discursou hoje na sessão de encerramento da 10ª reunião dos ministros da Defesa da CPLP, que este final de semana levou a Dili delegações de sete países.

"Temos que pensar muito seriamente, rapidamente, na passagem de uma geração para outra" no seio das F-FDTL, declarou o chefe de Estado timorense à saída da reunião.

"A geração de 1975 foi aniquilada. Os que sobrevivem, como o brigadeiro-general Taur Matan Ruak, o coronel Lere e o tenente-coronel Falur, estão para cima de 50 anos", de idade, explicou José Ramos-Horta.

"Já serviram o país nas Forças Armadas mais de 30 anos, 24 dos quais em situações extremamente difíceis das montanhas e matas timorenses. Eles próprios pedem passagem à reserva", citou o presidente da República.

"Isto implica reflexão e ações muito rápidas para a preparação de novos quadros superiores, que com sentido de patriotismo, de integridade, de disciplina, de dedicação, possam substituí-los", acrescentou José Ramos-Horta.

O presidente da República, vítima de um ataque junto à sua residência pelo grupo do major Alfredo Reinado em 11 de fevereiro, agradeceu o apoio dos países da CPLP ao processo democrático timorense.

"Se a geografia não perdoa em termos de distância, não impede a intimidade de relações dos governos e dos povos dos nossos países", afirmou.

José Ramos-Horta, que no discurso aos delegados da CPLP defendeu o lançamento de "bases de cultura de prevenção", explicou que Timor Leste tem em curso uma reforma do setor de segurança através de um grupo de trabalho que representa os três órgãos de soberania.

A reunião ministerial da Defesa da CPLP aprovou a Declaração de Dili, assinada hoje pelos delegados, aprovando o conceito de centros de formação militar em áreas específicas, chamados Centros de Excelência.

"Como somos um país com oito anos, somos quase sempre país recipiente de solidariedade e apoio", referiu José Ramos-Horta sobre a contribuição do Timor Leste para a futura rede de centros.

"Portugal e Brasil e outros países com mais experiência podem oferecer instalações para os centros de excelência", acrescentou o chefe de Estado timorense.

"De futuro, talvez Timor Leste possa contribuir mais financeiramente do que com recursos humanos", explicou ainda o presidente da República.

José Ramos-Horta salientou, porém, que "Timor Leste é o único país de língua portuguesa na Ásia e será importante a CPLP estar representada na ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático)" após a adesão timorense, que o presidente da República julga ser possível até 2012.

"A ASEAN significa uma mais-valia para a CPLP, assim como (significam) outros países nos respectivos contextos regionais", afirmou José Ramos-Horta à imprensa.

Antes da assinatura da Declaração de Dili, Ramos-Horta teve uma reunião bilateral com o ministro luso da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, na qual o representante português reiterou o apoio à consolidação do setor de segurança do Timor Leste.

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