quarta-feira, 27 de junho de 2007

Brasil pode ser 'motor' de relação UE-Mercosul, diz diplomata

Brasília, 25 Jun (Lusa) - O embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, disse nesta segunda-feira, em Montevidéu, que o Brasil pode ter um papel fundamental nas relações do Mercosul com a União Européia, principalmente após o fracasso das negociações em Potsdam na Rodada de Doha.

"O Brasil tem condições para ser um dos principais motores de um novo tempo no relacionamento da União com o Mercosul, agora que tudo indica que a Rodada de Doha parece mostrar alguma dificuldade em avançar", afirmou Seixas da Costa.

O embaixador português falava na sede do Mercosul, como convidado do Ministério uruguaio das Relações Exteriores, em uma conferência organizada com a Embaixada de Portugal em Montevidéu.

Na última quinta-feira, Brasil e a Índia decidiram se retirar das negociações da OMC em Potsdam, na Alemanha, com os Estados Unidos e a União Européia, diante da relutância dos países desenvolvidos em cortar as ajudas aos agricultores.

Apesar de não ter havido um corte total nas negociações, como ressaltou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em Genebra, no último final de semana, analistas brasileiros consideram fraca a probabilidade de salvar a Rodada de Doha.
Na sua intervenção na sede do Mercosul, Seixas da Costa avaliou que a nova relação entre a União Européia e o Brasil, que será marcada com a cúpula de Lisboa, em 4 de julho, "em nada prejudica o empenho de ambas as partes na conclusão de um acordo de associação entre a UE e o Mercosul".

"Estamos seguros que os parceiros do Brasil no Mercosul saberão entender como positivo este esforço em direção ao maior país daquele bloco e o efeito de arrastamento que se pretende para um processo que os envolva futuramente a todos", assinalou.
Seixas da Costa considera que há uma "janela de oportunidade" a explorar para um acordo entre as duas regiões.

"Quem não entender isto pode se tornar responsável por mais um período de ausência de progresso negocial, altamente negativo para os interesses de ambas as partes", afirmou.

Parceiro privilegiado
O diplomata português disse ainda que a elevação do estatuto do Brasil para parceiro privilegiado da União Européia irá relançar a atenção da Europa para a América Latina e, em particular, para a América do Sul.

Seixas da Costa referiu que várias razões acabaram por "desviar o olhar europeu de uma região onde se situam muitos dos seus interesses prioritários e onde há prolongamentos históricos da sua própria cultura".

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