29 novembro 2011/Vermelho http://www.vermelho.org.br
A integração das redes de fibra ótica dos países da América do Sul para a transmissão de dados na região permitirá que diversas prestadoras de serviços de telecomunicações possam utilizar a estrutura, sem precisar recorrer às redes dos Estados Unidos. A proposta de criação dessa rede de dados está sendo discutida nesta terça-feira (29), em Brasília, na reunião de ministros das Comunicações dos 12 países que formam a União das Nações Sul-americanas (Unasul).
"Queremos baixar os preços, estender a abrangência territorial do serviço e aumentar a largura de banda disponível para a população", afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante a reunião.
Segundo o ministro, pela necessidade de trafegar por redes que passam pela América do Norte, atualmente um provedor sul-americano paga, pelo menos três vezes mais pela conectividade internacional, do que um provedor localizado nos Estados Unidos.
"Essa não é uma situação racional, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista estratégico e da proteção de nossas informações", completou.
Segundo o ministro, o custo estimado para a integração das redes existentes na América do Sul nos próximos dois anos é de apenas R$100 milhões. Além disso, o governo brasileiro estuda a implantação de dois novos cabos submarinos ligando o País à Europa e aos Estados Unidos.
"Mas de pouco adiantaria um país se beneficiar com a chegada de um cabo transcontinental em seu território se o país vizinho não contar com forma de acesso à mesma infraestrutura em condições economicamente viáveis", acrescentou Bernardo.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, destacou que a maior integração física entre as nações do continente possibilitará à região enfrentar com mais capacidade os atuais desafios da economia mundial. "A iniciativa também favorece a implantação de uma matriz própria do continente na área de tecnologia da informação", concluiu.
Prioridade para o projeto
Bernardo pediu que o projeto seja incluído no Plano de Ação Estratégico 2012-2022 do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan). “Este é um projeto que apenas ganha sentido se cada um de nós compreender seu valor. Seu sucesso será maior quanto mais sólida for a adesão de todos”, reforçou.
O ministro sugeriu que seja criado um grupo de trabalho com a participação dos 12 países integrantes da Unasul para construir propostas concretas, do ponto de vista técnico e financeiro, para a implantação do anel óptico.
O projeto visa a construção de um anel de fibras ópticas interligando toda a América do Sul, cuja extensão total será de mais de 10 mil quilômetros. O objetivo é reduzir custos das transmissões de dados entre os países e ampliar o acesso aos serviços de telecomunicações entre a população sul-americana.
Menos dependência
Hoje, a comunicação entre os países da América do Sul só ocorre por meio de cabos submarinos ligados a outros continentes e, principalmente, aos Estados Unidos. O anel óptico pretende tornar o setor de telecomunicações na região menos dependente do tráfego transcontinental.
De acordo com dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), entre 75% e 85% do tráfego regional passa por Miami, incluindo o conteúdo produzido nos países latino-americanos. Em comparação, na Europa, quase todo o tráfego fica concentrado dentro de suas fronteiras.
A Cepal recomenda que a região expanda as interconexões com outras regiões do mundo, por meio de cabos submarinos de fibra ótica, particularmente para a América do Norte, África e Ásia, e estabeleça pontos de intercâmbio de tráfego tanto regional como internacional, medidas que também contribuiriam para uma redução dos custos dos serviços de banda larga.
Com informações do Ministério das Comunicações
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