terça-feira, 15 de novembro de 2011

Angola e Moçambique nos lugares cimeiros do crescimento mundial na última década

Washington, Estados Unidos, 14 novembro 2011 – Angola e Moçambique figuram nos lugares cimeiros do crescimento mundial na última década mas, enquanto a economia angolana tem crescido devido ao petróleo, a moçambicana tem tido uma evolução mais diversificada, segundo a revista Foreign Policy.

Cruzando dados do Banco Mundial e do Departamento de Estado norte-americano, a revista coloca Angola em quarto lugar no grupo das economias que conseguiram duplicar o seu tamanho na última década.

Liderado por Guiné Equatorial, Azerbaijão e Turquemenistão, este grupo inclui economias que são “altamente dependentes das indústrias extractivas”, segundo sublinha a revista norte-americana.

No caso de Angola, a produção petrolífera cresceu continuamente desde o final da guerra civil em 2002 e as receitas expandiram-se também devido aos recordes do preço do petróleo a meio da década.

Este ano, a produção petrolífera deverá atingir 1,65 milhões de barris e de acordo com as mais recentes previsões da Economist Intelligence Unit irá crescer continuamente nos próximos anos, de 1,88 milhões em 2012 para 2,147 milhões em 2016.

As receitas da venda do petróleo permitiram tornar o país num grande estaleiro de reconstrução de estradas, linhas de caminho-de-ferro, habitação, portos, aeroportos e até estádios, como para o recente campeonato de futebol africano.

De acordo com a análise da Foreign Policy, oito das economias que duplicaram o seu tamanho são da África subsaariana, uma região “tradicionalmente menosprezada como água estagnada económica”.

O PIB do continente é hoje 66% mais elevado do que em 2000 e a população aumentou 28%, pelo que, mesmo tendo em conta a inflação demográfica, o rendimento médio na região é um terço mais elevado do que há 10 anos.

Angola conseguiu alcançar crescimento económico de dois dígitos praticamente em metade da década, com o recorde a ser atingido em 2007 (22,7%, de acordo com os números do Banco Mundial).

Moçambique apenas em 2001 conseguiu crescer na casa dos dois dígitos, em 2001 (11,9%), mas tem tido um crescimento mais constante, entre 6% e 9%.

Enquanto Angola chegou a estar sob ameaça de recessão depois da crise económica e financeira de 2008, que fez despenhar os preços do petróleo nos mercados internacionais, Moçambique mostrou maior estabilidade.

“Não há uma resposta única à questão do que está por detrás do dinamismo económico do clube de economias que duplicaram a sua dimensão”, refere a Foreign Policy.

Enquanto Angola se enquadra nas que beneficiaram da expansão da produção e preços de minerais, China, Índia, Etiópia, Camboja, Arménia, Bielorrússia, Uganda, Vietname e Moçambique tiveram um percurso diferente.

“Nenhuma destas economias tem dependência considerável na riqueza mineral e enquanto algumas estiveram anteriormente envolvidas em guerras civis os conflitos terminaram pelo menos cinco anos antes do início do milénio”, adianta a revista.

No caso de Moçambique, o crescimento tem sido suportado por grandes projectos industriais como a fundição de alumínio Mozal, nos arredores de Maputo.

Mas também os serviços, em particular o turismo e a construção, têm permitido manter uma base diversificada de crescimento.

Mais recentemente, têm-se multiplicado pelo país grandes projectos de extracção de minerais como o carvão ou ouro, o primeiro dos quais iniciou exportações recentemente – a mina de Moatize, da brasileira Vale. (macauhub)

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