terça-feira, 29 de novembro de 2011

As recentes descobertas já justificam a construção de uma grande terminal de gás liquifeito em Moçambique – Wall Sreet Journal

29 novembro 2011/Radio Moçambique

Por Guy Chazan (The Wall Street Journal)

A costa leste da África confirmou o seu lugar como um dos lugares mais fecundos no panorama energético mundial, depois que a Anadarko Petroleum Corp. elevou acentuadamente a sua estimativa do volume de gás natural contido num grande campo descoberto ao largo da costa de Moçambique.

O director-presidente da Anadarko, Jim Hackett, disse que a nova estimativa aumenta a confiança da empresa de que "este pode ser um dos campos de gás natural mais importantes descobertos nos últimos 10 anos".

A Anadarko informou que elevou a estimativa de recursos recuperáveis nas quatro descobertas feitas no seu bloco Offshore Área 1 para um valor entre 425 bilhões e 850 bilhões de metros cúbicos de gás. A estimativa inicial da empresa, de 170 bilhões de metros cúbicos, já havia sido elevada em outubro para cerca de 300 bilhões de metros cúbicos. Um volume de 850 bilhões de metros cúbicos seria suficiente para suprir, por exemplo, o consumo de gás dos Estados Unidos por um ano inteiro.

A Anadarko opera o campo, com uma participação de 36,5%, e entre os seus sócios estão a Cove Energy PLC, sediada em Dublin, na Irlanda, e a japonesa Mitsui & Co. Ltd. A acção da Cove, negociada na bolsa de Londres, subiu 10% na segunda-feira com a notícia.

O anúncio ocorre apenas um mês depois que a gigante italiana de energia ENI SpA divulgou ter descoberto um campo com 637,1 bilhões de metros cúbicos de gás ao largo da costa de Moçambique — a maior descoberta do gênero na história da empresa. Esses recursos parecem vastos o suficiente para justificar a construção de um grande terminal de gás natural liquefeito, ou GNL, em Moçambique, o que viria a catapultar essa empobrecida ex-colônia portuguesa para o grupo dos grandes exportadores mundiais de gás.

As descobertas ocorrem num momento em que a importância do gás natural no equilíbrio energético global está a aumentar. A preocupação com as mudanças climáticas está a forçar as empresas de energia a passar do carvão e do petróleo para o gás de queima limpa na geração de electricidade. O potencial do gás como combustível para os transportes também está a ser amplamente explorado.

As principais companhias petrolíferas mundiais há muito exploram petróleo no oeste da África, em países como Angola e Nigéria que, juntos, produzem cerca de 4,2 milhões de barris diários de petróleo. Mas elas estão a dirigir-se cada vez mais para o leste, atraídas sobretudo pelas jazidas em águas profundas no litoral leste e sudeste da África.

A Tullow Oil PLC tem encabeçado essa tendência, encontrando enormes quantidades de petróleo no Uganda, na bacia do Lago Alberto; a francesa Total SA e a chinesa CNOOC Ltd. também são parceiras no projecto. A Total adquiriu recentemente a licença para explorar um campo de petróleo pesado em Madagascar. Também na Tanzânia os ricos depósitos marítimos de gás vêm atraindo muitas empresas interessadas, como a americana Exxon Mobil Corp., a norueguesa Statoil ASA e o BG Group PLC, que também está a explorar o mar no litoral do Quênia.

Leia mais: Anadarko Petroleum descobriu mais gás natural em Moçambique

Nenhum comentário: