sexta-feira, 29 de novembro de 2013

AS BOAS PERSPECTIVAS DE ÁFRICA



28 novembro 2013, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao

Roger Godwin

A economia africana, confirmando aquilo que vinha sendo o seu desempenho global nos últimos dez anos, é a que mais ira crescer em 2014, revela um estudo publicado esta semana pela revista britânica “The Economist”.

Durante os anos 90, de acordo com a mesma revista, o crescimento da economia no continente africano cresceu a uma média de apenas dois por cento, enquanto a taxa global de inflação atingiu os 27 por cento. Porém, desde 2001 que o panorama se alterou de forma substancial, com um crescimento anual constante e só comparado aos níveis que se registaram nas economias asiáticas, lideradas pela China.

A revista revela que para o êxito do crescimento económico de África foi determinante o aumento do número de empresários ricos, o que permitiu o incremento do comércio com a China, que é de longe o seu principal alvo no sector das exportações.
Infelizmente o estudo revela alguns dos países africanos mais pobres ainda terão que esperar para poderem crescer, e aponta o caso do Sudão do Sul como sendo o que, de entre estes, mais perspectivas tem para crescer, sobretudo se o conflito militar que trava com o vizinho do norte for terminado. A Serra Leoa, que tem excelentes possibilidades na exploração do ferro é outro dos países que podem aspirar a melhores dias em finais de 2014, quando esse metal começar a ser exportado. Cerca de metade dos 45 países da região a subsaariana são ricos em petróleo e no sector mineiro e, por essa razão, são aqueles que se prevê vir a liderar o processo de crescimento económico que se vislumbra para 2014. Com uma população avaliada em 180 milhões de pessoas, a Nigéria, segundo o “The Economist”, é o país em que se prevê mais crescimento em 2014, acentuando a tendência de ser o que possui a economia mais robusta.

Actualmente não existem muitos dados estatísticos sobre os recentes desempenhos da economia nigeriana, uma vez que o seu banco central apenas divulga dados relativos a 1990, mas estudos internacionais revelam que, apesar do conflito interno que tem dividido o país, as suas exportações têm vindo a aumentar e com elas um enorme desafogo nas finanças públicas. Desse modo, está previsto que o Produto Interno Bruto (PIB) da Nigéria cresça 6,8 por cento em 2014, um desempenho que em África só é ultrapassado pela Líbia (previsão de 8.8 por cento) caso o conflito interno seja sanado. Angola é outro país cujo crescimento económico para 2014, com uma previsão de 6,1 por cento, ajuda ao êxito do desempenho global que está previsto para o continente africano. Sem qualquer tipo de conflito interno e com a constante melhoria do seu processo produtivo, Angola pode mesmo aspirar, em 2015, a ombrear com a Nigéria pela liderança da lista das mais pujantes economias africanas. Em posição oposta está a África do Sul, país para o qual está previsto um crescimento da ordem dos 3,3 por cento, uma situação que se fica também a dever ao facto de em 2014 se realizarem no país eleições presidenciais, o que provoca sempre alguma retracção na economia.

É evidente que este panorama de constante crescimento económico tem a ver com uma acentuada melhoria no sistema governativo dos diferentes países que integram o continente africano. Embora ainda subsistiam alguns conflitos armados em países potencialmente ricos, e que por esse facto estão impedidos de contar com todos os seus recursos, a verdade é que se assiste a uma prática de “tolerância zero” para aqueles que teimam em usar as armas por falta de argumentos políticos. Países com a República Democrática do Congo, por exemplo, são suficientemente ricos para encarar, de forma determinada, a resolução dos seus próprios problemas de uma forma duradoura.

Infelizmente, quando em comparação com o continente asiático, África ainda vive alguns problemas políticos que têm uma interferência directa no seu desempenho económico, o que a impede de crescer mais.

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