segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Trocas comerciais entre Pequim e África a caminho de superarem 100 mil milhões de dólares

Macau, China, 12 outubro 2010 - As trocas comerciais entre a China e os países africanos deverão superar 100 mil milhões de dólares em 2010, beneficiando dos investimentos feitos nos últimos anos por empresas chinesas em explorações mineiras e agrícolas ou na indústria.

De acordo com dados do Ministério do Comércio da China, a que a Macauhub teve acesso, no primeiro semestre do ano o comércio bilateral cresceu 65 por cento, para 61,2 mil milhões de dólares, pelo que a balança deverá voltar este ano aos valores antes da crise económica e financeira global.

Depois de ter atingido 106,8 mil milhões de dólares em 2008, o volume de trocas sino-africanas recuou 14,7 por cento no ano passado, para 91,1 mil milhões de dólares.

Segundo o Ministério chinês, mais de 1 600 empresas chinesas estão actualmente a investir em África nos sectores de mineração, comércio, agricultura, construção e indústria.

Em Julho, adiantou a mesma fonte, Pequim isentou de tarifas alfandegárias 60 por cento das importações dos 26 países africanos menos desenvolvidos.

De acordo com dados oficiais das alfândegas da China, o comércio com os países de língua portuguesa de Janeiro a Agosto cresceu 60,52 por cento em termos homólogos, para 58,57 mil milhões de dólares.

No período, a China exportou bens no valor de 18,59 mil milhões de dólares e efectuou importações no valor de 39,98 mil milhões de dólares, gerando um défice comercial superior a 21 mil milhões de dólares, na sua maior parte registado com Angola.

O Banco Africano de Desenvolvimento sublinhou, em relatório recente divulgado, que o crescimento das trocas comerciais entre África e a China tem sido alcançado numa altura de estagnação ou declínio das relações comerciais com outros blocos.

“A forte procura da China tem dado um impulso aos exportadores africanos”, refere no documento Leonce Ndikumana, director de pesquisa do BAD.

Este responsável alerta, contudo, para a excessiva concentração do cabaz de mercadorias importadas, que torna as economias do continente mais expostas à volatilidade dos preços.

De acordo com o relatório “Actividades de Comércio e Investimento da China em África”, a Europa ainda é o principal parceiro comercial africano, mas o seu peso nas trocas globais africanas caiu de 50 por cento na década de 1990 para perto de 30 por cento actualmente.

Numa relação em que as exportações de petróleo e minerais para a China desempenham papel importante, o mercado chinês representa já 10 por cento do comércio total dos países africanos.

Angola, que este ano está em primeiro lugar entre os principais fornecedores de petróleo à China, representa 34 por cento das importações chinesas em África, mais do que a África do Sul (20 por cento), Sudão (11 por cento) e República do Congo (8 por cento), refere o estudo.

O potencial actual das trocas é de 114 mil milhões de dólares, 52 milhões de dólares em exportações e 62 mil milhões em importações.

O mesmo relatório do BAD refere que os investimentos chineses têm aumentado anualmente a uma média de 46 por cento na última década, direccionando-se principalmente para o abastecimento de água e saneamento, transportes, electricidade e tecnologias de informação e comunicação. (macauhub)

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