quinta-feira, 2 de abril de 2009

Portugal/Bispo quer ajudar a «actualizar» a igreja

D.Ilídio Leandro não acredita que Vaticano «o multe» pelas polémicas declarações sobre o preservativo

31 março 2009/Fonte: tvi24

O bispo de Viseu, D.Ilídio Leandro, prometeu empenhar-se para que a Igreja esteja actualizada em relação à sociedade do século XXI e escusou-se a comentar a polémica que gerou a sua posição sobre o preservativo.
Numa nota colocada no site da diocese a propósito das declarações do Papa Bento XVI em África, D.Ilídio Leandro escreveu que «quando a pessoa infectada não prescinde das relações e induz o(a) parceiro(a) (conhecedor ou não da doença) à relação, há obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa», considerando que neste caso, «o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório».
Esta segunda-feira, à entrada para um debate promovido pela Assembleia Municipal de Viseu sobre a violência doméstica, D.Ilídio Leandro escusou-se a comentar a polémica e desvalorizou o facto de a sua posição já ter chegado ao Vaticano.
Citado pelo Diário de Notícias, o director da sala de imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi, afirmou, sobre o texto do bispo de Viseu: «O assunto é muito delicado, pelo que os comentários terão de ser feitos pelas autoridades competentes, de um modo mais correcto, e na sede apropriada».
Bispo não acredita que Vaticano o «multe»
«O Vaticano está muito interessado é em mim, porque naturalmente somos uma família, como vocês todos. Agora que o Vaticano esteja interessado em me pôr uma multa¿», afirmou.
«O que eu escrevi está legível, está disponível e, portanto, não tenho outra coisa a acrescentar àquilo que escrevi», acrescentou.
Durante o debate sobre violência doméstica, e ao falar da necessidade do acesso das mulheres aos meios anticoncepcionais e ao planeamento familiar, Carlos Alberto Vieira, da associação Olho Vivo, saudou o bispo de Viseu pelo «passo em frente que deu».
Lembrou que já o falecido bispo de Viseu D.António Monteiro tinha defendido «o uso do preservativo como mal menor entre dois males em caso de risco de sida» e destacou também a coragem do «bispo Torgal Ferreira quando disse que proibir o preservativo é condenar muita gente à morte» e a posição do coordenador nacional da Pastoral da Saúde, Vítor Feytor Pinto, sobre o acesso à educação sexual.
Neste âmbito, e considerando que «o ponto de partida está na Idade Média», Carlos Vieira questionou «se não serão ainda precisos muitos passos em frente para acompanhar a realidade».
Em resposta, Ilídio Leandro disse respeitar muito a Idade Média «para as pessoas que viveram a Idade Média». Lembrou que aquela era «cumpriu uma missão espectacular», ainda que «com excepções», como foi o caso da Inquisição.
Por outro lado, afirmou respeitar «o século XXI para as pessoas que vivem hoje no século XXI». «Também no século XXI eu gostaria, e da minha parte farei tudo, para que a Igreja esteja também actualizada em ordem à relação com a pessoa humana e com a sociedade humana também à medida do século XXI», assegurou.
«É uma coisa que eu acredito que é possível e vamos todos ¿ eu, leigos, padres da minha diocese ¿ tentar», acrescentou.

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Portugal/Depois do preservativo, bispo defende divórcio

D. Ilídio Leandro prevê situação em casos de violência doméstica

31 março 2009/Fonte: tvi24

D. Ilídio Leandro, bispo de Viseu, tem surpreendido pelas declarações desalinhadas com a posição oficial da Igreja. Depois da polémica em relação ao uso do preservativo, veio agora defender o divórcio, sempre em casos excepcionais.
Durante uma conferência sobre violência doméstica, promovida pela Assembleia Municipal de Viseu, o bispo advertiu que discorda do divórcio, porque «há outras formas de resolver» o problema, mas também lembra que a Igreja é «contra qualquer tipo de violência», pelo que terá de prever a dissolução do matrimónio em casos específicos de violência doméstica.
O bispo de Viseu afirmou também «respeitar as pessoas que optam pela separação» em casos de violência doméstica, mas salientou que esta «chaga social» deve ser combatida através «dos valores da família».
Elza Pais, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, considerou a violência doméstica um «problema gravíssimo que não escolhe idade ou classe social», sublinhando que «as vítimas têm a obrigação de o denunciar».


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Portugal/«Muito feliz» com afirmações do bispo de Viseu

Coordenador nacional considera que usar preservativo é «optar pela vida»

28 março 2009/Fonte: tvi24

O coordenador nacional para a infecção VIH/Sida, Henrique Barros, mostrou-se, este sábado, «muito feliz» com as declarações do bispo de Viseu sobre o uso do preservativo, por considerar que escolher aquele método é também optar «pela vida».
«Fico sinceramente muito feliz que responsáveis da Igreja apoiem e percebam que, entre a vida e a morte, o preservativo é uma barreira», afirmou o responsável, à margem da Conferência VIH Portugal 2009, que decorria desde sexta-feira no Centro Cultural de Belém.
Na página da diocese de Viseu na Internet, D. Ilídio Leandro defende que «quando a pessoa infectada não prescinde das relações e induz o parceiro (conhecedor ou não da doença) à relação, há obrigação moral» de usar preservativo.
«Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório», afirma o bispo, alegando, no entanto, que o Papa tem defendido a sua doutrina e que é natural que não afirme que «banaliza o valor, o sentido e a vivência da sexualidade».
O Papa Bento XVI disse na semana passada, numa viagem oficial ao continente africano, que a Sida não se combate só com dinheiro «nem com a distribuição de preservativos que, ao contrário, aumentam o problema».
Dias depois, o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, defendeu que «proibir o preservativo é consentir na morte de muitas pessoas» e que as pessoas que aconselham o Papa deviam ser «mais cultas».

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