quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moçambique/Guebuza em missão de paz no Ruanda*

29 de Agosto de 2012, Rádio Moçambique http://www.rm.co.mz

O encontro que o Presidente Armando Guebuza manteve em Kigali, a capital ruandesa, com o seu homólogo deste país, Paulo Kagame, trouxe um quadro mais completo dos contornos do conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC), o que vai permitir que a região aprofunde ainda mais o assunto.

Momentos depois do encontro entre ambos ontem, Guebuza, que preside a Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), há sensivelmente duas semanas, disse que  “a longa conversa com o Presidente Kagame permitiu que tivéssemos um quadro mais completo da situação no Leste da RDC, o que vai permitir que aprofundemos ainda mais esta matéria com os demais colegas da região”.

Na conferência de imprensa que concedeu a jornalistas moçambicanos, Guebuza deixou claro que o presidente ruandês “não gostou” da posição tomada pelos chefes de Estado e de Governo da SADC, reunidos, em Maputo, entre os dias 17 e 18 do presente mês, na sua 32ª cimeira ordinária.

Foi na cimeira de Maputo que os líderes da SADC, organização regional de que a República Democrática do Congo (RDC) faz parte,  exigiram, através de uma declaração conjunta, que o governo de Kagame cessasse, imediatamente, o apoio militar aos rebeldes que operam no Leste da RDC.

“Obviamente que o Presidente Kagame não gostou da posição da SADC, por isso é que ele veio com uma explicação mais detalhada que nos ajuda compreender ainda mais o assunto ”, afirmou Guebuza.

O Presidente não revelou nenhum detalhe sobre o quadro “mais completo” avançado por Kagame, justificando que ainda se está num processo que envolve uma organização, neste caso a SADC.

“Ainda vamos consultar aos colegas da região  com base no que fomos explicados. As decisões quando são tomadas obedecem uma certa ordem e são o resultado de uma ponderação e análise”, referiu o estadista moçambicano.

Ainda na esfera das conversações com Kagamé, Guebuza disse que houve um reafirmar do governo ruandês em se engajar na luta pela paz na região.

O governo de Paulo Kagamé sempre se distanciou das acusações de que estaria por detrás das hostilidades no Leste do Congo, um país rico em recursos naturais.

O Secretario Executivo da SADC, o moçambicano Tomas Salomão, disse a jornalistas que a decisão de se pedir para que o Ruanda abandonasse o apoio a rebelião no Leste da RDC baseou-se de uma peritagem de um grupo de especialistas na área militar que concluiu haver envolvimento do Ruanda.

A sociedade civil do Ruanda também tem estado a  exigir provas do envolvimento do seu país na guerra no Leste congolês. Para além da posição da SADC, a organização das Nações Unidas (ONU) concluiu, em Maio último, um relatório no qual indica haver envolvimento do Ruanda no conflito em questão.

Guebuza, que regressa a Moçambique Quarta-feira, visitou ainda hoje o memorial do genocídio ruandês  que vitimou cerca de 800 mil pessoas.

No memorial jazem os restos mortais de pouco mais de 250 mil pessoas.

Sobre a visita ao memorial, Guebuza disse ter ficado mais uma vez convencido de que a divisão não faz bem a nenhum país.

“O tribalismo, os conflitos sociais, só desembocam em extremos tais como genocídios”, indicou o Chefe de Estado moçambicano.

Segundo Guebuza, agora que visitou o memorial teve a realidade do que aconteceu em 1994, no Ruanda, muito mais do que acompanhava em leituras sobre a matéria.

“Uma coisa é conhecer a história, lendo ou ouvindo pessoas, e outra é ver o local onde as coisas são mais reais”, afirmou Guebuza.

Nesta sua missão ao Ruanda, Guebuza faz-se acompanhar do Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi, entre quadros do seu gabinete. (RM/AIM)

*Título de Mercosul & CPLP

 

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