O encontro que o Presidente Armando Guebuza
manteve em Kigali, a capital ruandesa, com o seu homólogo deste país, Paulo
Kagame, trouxe um quadro mais completo dos contornos do conflito no Leste da República
Democrática do Congo (RDC), o que vai permitir que a região aprofunde ainda
mais o assunto.
Momentos depois do encontro entre ambos
ontem, Guebuza, que preside a Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral
(SADC), há sensivelmente duas semanas, disse que “a longa conversa com o Presidente Kagame
permitiu que tivéssemos um quadro mais completo da situação no Leste da RDC, o
que vai permitir que aprofundemos ainda mais esta matéria com os demais colegas
da região”.
Na conferência de imprensa que concedeu a
jornalistas moçambicanos, Guebuza deixou claro que o presidente ruandês “não
gostou” da posição tomada pelos chefes de Estado e de Governo da SADC,
reunidos, em Maputo, entre os dias 17 e 18 do presente mês, na sua 32ª cimeira ordinária.
Foi na cimeira de Maputo que os líderes da
SADC, organização regional de que a República Democrática do Congo (RDC) faz
parte, exigiram, através de uma
declaração conjunta, que o governo de Kagame cessasse, imediatamente, o apoio
militar aos rebeldes que operam no Leste da RDC.
“Obviamente que o Presidente Kagame não gostou
da posição da SADC, por isso é que ele veio com uma explicação mais detalhada
que nos ajuda compreender ainda mais o assunto ”, afirmou Guebuza.
O Presidente não revelou nenhum detalhe
sobre o quadro “mais completo” avançado por Kagame, justificando que ainda se
está num processo que envolve uma organização, neste caso a SADC.
“Ainda vamos consultar aos colegas da
região com base no que fomos explicados.
As decisões quando são tomadas obedecem uma certa ordem e são o resultado de
uma ponderação e análise”, referiu o estadista moçambicano.
Ainda na esfera das conversações com
Kagamé, Guebuza disse que houve um reafirmar do governo ruandês em se engajar
na luta pela paz na região.
O governo de Paulo Kagamé sempre se
distanciou das acusações de que estaria por detrás das hostilidades no Leste do
Congo, um país rico em recursos naturais.
O Secretario Executivo da SADC, o
moçambicano Tomas Salomão, disse a jornalistas que a decisão de se pedir para
que o Ruanda abandonasse o apoio a rebelião no Leste da RDC baseou-se de uma
peritagem de um grupo de especialistas na área militar que concluiu haver
envolvimento do Ruanda.
A sociedade civil do Ruanda também tem
estado a exigir provas do envolvimento
do seu país na guerra no Leste congolês. Para além da posição da SADC, a
organização das Nações Unidas (ONU) concluiu, em Maio último, um relatório no
qual indica haver envolvimento do Ruanda no conflito em questão.
Guebuza, que regressa a Moçambique
Quarta-feira, visitou ainda hoje o memorial do genocídio ruandês que vitimou cerca de 800 mil pessoas.
No memorial jazem os restos mortais de
pouco mais de 250 mil pessoas.
Sobre a visita ao memorial, Guebuza disse
ter ficado mais uma vez convencido de que a divisão não faz bem a nenhum país.
“O tribalismo, os conflitos sociais, só
desembocam em extremos tais como genocídios”, indicou o Chefe de Estado
moçambicano.
Segundo Guebuza, agora que visitou o
memorial teve a realidade do que aconteceu em 1994, no Ruanda, muito mais do
que acompanhava em leituras sobre a matéria.
“Uma coisa é conhecer a história, lendo ou
ouvindo pessoas, e outra é ver o local onde as coisas são mais reais”, afirmou
Guebuza.
Nesta sua missão ao Ruanda, Guebuza faz-se
acompanhar do Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi,
entre quadros do seu gabinete. (RM/AIM)
*Título de Mercosul & CPLP
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