13 março 2011/Econômico http://economico.sapo.pt
Diogo Carreira
A organização acredita que o número de manifestantes dentro e fora de Portugal possa ter chegado aos 500 mil.
"O povo português mostrou de forma clara que quer ter uma voz activa e que pretende fazer parte da solução". As palavras são de João Labrincha, um dos organizadores da marcha conhecida por ‘Geração à Rasca'. Ao Económico, o responsável admite que entre os que mostraram o descontentamento em Portugal e fora do País, o número pode chegar perto dos 500 mil.
Em várias cidades do mundo existem relatos de concentrações de pessoas no sábado. Maria João Morais, uma jornalista portuguesa que vive em Madrid, disse ao Económico que se juntaram cerca de 40 pessoas perto da embaixada portuguesa como sinal de que "estavam solidários com o protesto em Portugal". Uma concentração "pacífica", mas ainda assim que contou com a presença da polícia, tal como agora se pode ver nas fotos publicadas no Facebook. Em Espanha terá havido outra concentração em Barcelona, assim como em Londres, Bruxelas e Maputo.
A organização diz que só em Lisboa estiveram nas ruas perto de 300 mil pessoas, enquanto que a polícia aponta 200 mil. No Porto, o número terá rondado os 80 mil. João Labrincha acredita que os objectivos foram cumpridos, uma vez que "o contributo mais importante foi abrir o debate" sobre as dificuldades no âmbito da precariedade.
"As pessoas perceberam que elas próprias têm de dar um contributo" e por isso, João Labrincha garante que "não está pensada a criação de outro movimento". Por agora, o grupo de organizadores fica por aqui.
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Portugal/Lisboa terá nova manifestação no próximo fim-de-semana
13 março 2011/Portugal Digital http://www.portugaldigital.com.br
Após o protesto deste sábado, que terá juntado no centro da capital portuguesa mais de 200 mil pessoas, Lisboa acolherá no próximo sábado a manifestação da CGTP.
Da Redação
Lisboa - Os organizadores do protesto de ontem contra a precariedade, que só em Lisboa juntou mais de 200 mil pessoas, indicaram que a adesão popular ficou acima das suas expectativas. Mas após a inundação da Avenida da Liberdade por descontentes de todas as idades neste sábado, as ruas da capital deverão no próximo sábado voltar a acolher milhares de manifestantes.
A CGTP, maior central sindical portuguesa, convocou em fevereiro, para o dia 19 de março, uma manifestação contra o desemprego, após terem sido conhecidos dados revelando uma taxa de desemprego recorde acima de 11%.
O protesto de ontem, intitulado "Geração à rasca", reuniu mais de 200 mil pessoas em Lisboa e cerca de 80 mil no Porto, de acordo com a organização, que recorreu ao Facebook para divulgar a iniciativa.
Criado como um protesto apartidário, pacífico e laico, o movimento da "Geração à rasca" surpreendeu pela dimensão, tendo sido uma das maiores manifestações dos últimos anos em Portugal.
A iniciativa da CGTP será "contra o desemprego e pela mudança de políticas". Não há ainda uma previsão de número de participantes, mas a adesão a outras manifestações organizadas por esta central sindical faz supor que no próximo sábado poderão voltar a manifestar-se várias dezenas de milhares de portugueses.
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Portugal/OITO MÃOS ESCREVERAM MANIFESTO DA "GERAÇÃO À RASCA"
por Lusa 10 março 2011
Três dias, uma canção dos Deolinda e mais de 800 comentários na rede social Facebook inspiraram a escrita a oito mãos do manifesto que deu as palavras para o protesto de sábado da "geração à rasca".
A ilustração do movimento resultou do "contributo espontâneo de um rapaz", conta à Lusa Paula Gil, 'dona' de duas das oito mãos. A 04 de Fevereiro, Paula, Alexandre, João e António, à mesa de um café de Lisboa, falaram, como outras vezes, da "situação do país". "E concluímos que não éramos só os quatro", relata Paula. Perceberam que tinha "chegado a altura para mostrar" uma geração de "muitos com problemas de emprego, precariedade, desemprego". A letra da música "Parva que sou", dos Deolinda, ajudou a provar a "consciência muito social e que não há só casos individuais". Da conversa, partiram para a criação da página no Facebook.
Em três dias, os comentários ultrapassaram os 800, na sua maioria de pessoas que os quatro não conheciam. Tiveram, então, a certeza que não estavam sós e perceberam que "fazia sentido" avançar com uma "espécie de manifesto" que pudesse servir de definição e identificação. Da "reunião", que durou a "tarde e noite", resultou o manifesto, já em seis línguas, dos "desempregados, 'quinhentoseuristas' e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal".
António e Alexandre têm 25 anos, Paula, 26, e João, 27. Conheceram-se na faculdade de Economia de Coimbra, onde se licenciaram em Relações Internacionais. Paula faz um estágio profissional, Alexandre é bolseiro de investigação científica, João está desempregado e António é trabalhador-estudante. Três dos quatro organizadores militaram em partidos políticos e todos envolveram-se em associações de estudantes, chegando a organizar um debate à imagem das Nações Unidas. Porém, quem chegava era de diferentes partidos e ideologias ou nem sequer os tinham. E o movimento definiu-se como "apartidário, laico e pacífico". "Não somos ingénuos em pensar que não iriam surgir apoios de partidos, que são formados por cidadãos e os cidadãos são todos convidados a participar", comenta Paula Gil, para quem o português não é "inerte e tem uma voz que quer mostrar".
O objectivo é conseguir uma "concertação social, com cidadãos, políticos, entidades empregadoras e sindicatos para se chegar a uma solução quanto a direitos laborais". Os quatro ficaram surpreendidos com o crescimento do movimento, mas afinal mostraram uma "realidade que só não estava na praça pública". Dos mais chegados, Paula Gil recebeu solidariedade, apoio e até a garantia dos pais de a acompanhar no sábado. Convidada a imaginar-se no final do protesto, Paula deseja que tenha sido dado um "passo no reforço dos movimentos civis e num modo de democracia participativa para lá das eleições". Nenhum dos quatro foi convidado para um partido e "não, não" conhecem os Deolinda.
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